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Hortas urbanas geram 33 ton/mês de alimentos orgânicos no Paraná

Projeto viabiliza refeições saudáveis e ainda incentiva integração entre moradores

Copel alimentos
Horta Marumbi, em Curitiba. | Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

A empresa de energia Copel concede áreas ociosas para o cultivo de alimentos orgânicos no Paraná. Já são mais de 40 mil metros quadrados – em faixas de segurança de linhas – usados para plantio de hortaliças e legumes.

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Por meio do Programa Cultivar Energia, 11 hortas urbanas e comunitárias estão em pleno funcionamento no estado e conta com 377 horticultores. Considerando que cada um deles produz alimento suficiente para distribuir entre parentes, amigos e organizações sociais da comunidade e, ainda, vender o excedente, são milhares de pessoas beneficiadas.

Segundo levantamento da Copel, em cada horta são produzidas, em média, de 3 a 3,5 toneladas de alimentos por mês. Somando todas as hortas do Paraná, são pelo menos 33 toneladas de verduras, legumes e frutas orgânicos todos os meses.

Copel alimentos
Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

A iniciativa, que teve início como projeto-piloto em 2013, é viabilizada em parceria com as prefeituras de Curitiba, Ponta Grossa, Cascavel, Francisco Beltrão, Umuarama e Maringá.

Como funciona

O município oferece a assessoria técnica para a agricultura urbana e a Copel é responsável pela cessão de uso da área, limpeza, instalação de cercas e orientação permanente a respeito da segurança para uso do espaço.

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Copel alimentos
Hortas urbanas sob linhas de energia produzem toneladas de alimentos orgânicos. | Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

“Mas para uma nova horta dar certo, o principal fator de sucesso é o desejo da comunidade de se organizar para usar o espaço com essa finalidade. Sem isso, fica inviável, porque o cultivo exige atenção e trabalho diários”, destaca o assistente social Rafael Carmona, um dos coordenadores do Cultivar Energia na Copel.

Segurança

Na rotina de manejo, os horticultores têm como obrigação respeitar normas de segurança determinadas pela Copel. É proibido entrar na área em dias chuvosos e usar fios metálicos nos canteiros, por exemplo. As plantas cultivadas não podem ultrapassar dois metros de altura.

Segundo a Agência de Notícias do Paraná, periodicamente, técnicos da Copel reúnem-se com os grupos participantes do programa para reforçar a importância desses e outros cuidados no convívio com a rede elétrica – como o risco de acidentes por conta de pipas que enroscam nos fios e a proibição de soltar balões.

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Mais saúde

A agente de saúde Cristiane de Aquino trabalha há 20 anos na região das hortas Morumbi, em Curitiba, e acompanha de perto os resultados do projeto. Ela estima que as hortas impactam positivamente mais de 23 mil pessoas.

“Nós, da Unidade de Saúde, estamos sempre incentivando a comunidade para vir e consumir os alimentos, porque é uma comunidade carente. Às vezes, eles se queixam que não têm uma alimentação saudável. Acham que ir ao mercado comprar os congelados é saudável. A gente está mostrando o outro lado e, junto, trabalhamos com os estudantes de Nutrição e Enfermagem”, explica. Segundo a profissional, crianças que não comiam as verduras, hoje comem cenoura e beterraba, por exemplo.

hortas Copel
Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

Cristiane destaca, também, os efeitos positivos da convivência comunitária. “Muitos são senhores que vivem sozinhos. Então eles passam o dia aqui e, com isso, têm ganhado qualidade de vida. Muitos são hipertensos, diabéticos e tiveram uma grande melhora”, diz. Outro programa interessante, voltado a jovens, busca prevenir a depressão. “A gente junta aqui as pessoas idosas com os jovens. Eles vêm aqui, conversam, trocam experiências. Hoje, estamos com um grupo de 45 jovens. Estão diminuindo a medicação só pelo fato de estarem aqui, uma terapia de grupo, vir mexer na terra, conhecer um pouco do produto, conversar com as pessoas”, garante.

Histórias transformadas

Josué do Nascimento, um dos beneficiários da Horta Augusta B, em Curitiba, teve no espaço um reencontro com sua própria história, Trabalhador do campo na juventude, não perdeu a oportunidade de retomar a lida com a terra. “Quando eles começaram, eu que preparei aqui e abri as valetas para a escoamento da água. Com o pessoal ajudando, mas eu estive à frente, dando aquele incentivo”, conta.

horta Copel
Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

Hoje, ele já tem uma rede de clientes que valorizam a agricultura orgânica e compram parte da produção. “Eles perguntam o que eu tenho e vêm buscar. Aí eu mando por mensagem o que tem e eles pedem para fazer um combo. Foi passando de um para o outro e agora eu estou com a clientela. Tem mais de 30 pessoas”, diz.

À noite, ele trabalha como motorista no transporte coletivo da capital e, durante o dia, dedica-se ao cultivo das hortaliças e legumes. “É cansativo, mas é gratificante para a gente. Para tirar o estresse, não tem igual. E tem depoimento de um pessoal que chegou aqui com depressão, falta de atividade, de locomoção, de movimentação. E sarou na horta”, afirma Nascimento.

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Almeirão de folhas roxas. | Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

José Aparecido dos Santos não esconde a felicidade com a horta bem em frente à casa onde ele mora há 30 anos. “É lindo, não tem nem o que dizer, né? É muito maravilhoso isso”, afirma.

A satisfação é fruto de uma mudança radical que ele testemunhou nos últimos dois anos. “O pessoal passava à noite, descarregava o carro de lixo, deixava entulho, cachorro abandonado, guarda-roupa velho, sofá velho. Foi complicado. Aí, um belo dia a Copel liberou pra gente fazer isso aqui com a prefeitura. E é uma benção”, conta, orgulhoso dos quatro canteiros cheios de cores e texturas do repolho roxo e verde, escarola, salsinha, beterraba, alface-americana e romana, rabanete e cebolinha.

hortas comunitárias
Os efeitos positivos também se dão da convivência comunitária. | Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

Janaína de Lima costumava ir à horta Marumbi I para comprar verduras. “Passava, via a plantação, via alguém aqui dentro e perguntava se tinha alguma coisa para vender”, conta. Um dia, uma das participantes do projeto disse a ela que a horta seria revitalizada, sobraria canteiro, e orientou Janaína a fazer um cadastro na associação que administra o espaço.

Foi o que ela fez, mesmo sem nenhuma experiência com a agricultura. “Fiz um cadastro, preenchi uma ficha, tudo certinho. Não demorou nem uma semana e eles me ligaram, perguntando se eu ainda tinha interesse. Aí eu comecei a plantar. Vim só com a força de vontade e perguntando para um, perguntando para outro como é que funcionava”, diz a bordadeira, que já deixou a profissão de lado.

Copel hortas
Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

Agora, Janaína cuida da horta, vende as hortaliças, além de doces e salgados que ela faz em casa. “É o amor que a gente está levando em forma de alimento. Porque é tudo saudável, tudo muito natural. Isso é muito bom para a vida da gente”, arremata.

Livre de agrotóxicos

Todas as hortas do Cultivar Energia produzem alimentos orgânicos. Os participantes recebem a orientação necessária para ter uma boa produtividade sem precisar de agrotóxicos.

Em Curitiba, também estão sendo feitos testes do uso de resíduos da poda de árvores – feita pela Copel para evitar desligamentos na rede. Os galhos são triturados e destinados às hortas urbanas para auxiliar os horticultores na recomposição do solo e melhora da produção.

Copel hortas comunitárias
Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

João Soares de Lara foi criado na roça e também está feliz colhendo as hortaliças que cultiva com carinho. “Eu planto alface, couve, cebolinha, almeirão, beterraba. Consigo vender as sobras e, de vez em quando, nós doamos para a creche o que está sobrando também. Mas a maioria é para o consumo de casa”, diz.

Ele calcula que consegue produzir no canteiro verduras orgânicas para o consumo frequente de 15 pessoas e garante que a alimentação em casa melhorou. “Pelo menos se come uma verdura sadia, não tem veneno, não tem nada. Em vista disso, tem bastante economia”, completa.

Copel hortas
Hortas urbanas sob linhas de energia produzem toneladas de alimentos orgânicos. | Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

A aposentada Elides Santa Rosa é um exemplo de como as hortas são benéficas não só para a saúde do corpo, mas também da mente. “Morei a vida inteira no sítio e gosto muito de mexer com terra. Venho na horta, até esqueço de ir embora. É uma terapia bem boa pra mim”, garante.

Com 80 anos de idade, morando no bairro há 22, ela mantém com muito zelo os canteiros. “Lido sem problema. Passo a mão na enxadinha e venho carpir aqui um pouquinho”, conta.

horta comunitária
Foto: Valdenir Daniel Cavalheiro | Copel

O aposentado Orlando Silva gosta de cultivar uma variedade grande de hortaliças. Basta uma passada rápida pelos canteiros que ele mantém para encontrar opções que não se acham no mercado, como um almeirão de folhas roxas e uma variedade de coentro que é típica do Vale do Ribeira, onde ele viveu por décadas. “É coentro. Eu conheço toda a vida, é coentro legítimo”, garante.

No âmbito do programa, estão em fase de implantação duas novas hortas em Curitiba, duas em Cascavel, uma em Londrina, uma em Almirante Tamandaré e outra em Apucarana.

As informações são da Agência de Notícias do Paraná.