Você já pensou que a garrafa de azeite da sua casa pode ter sido feita com cacos de vidro de um pote de palmito que você já consumiu? Pois é, quando o descarte correto acontece, abrimos a possibilidade para que o que já foi seu, retorne para suas mãos como um novo produto.
Essa lógica faz parte de um conceito mais amplo: o da economia circular, onde, como em todo círculo, não existe começo, meio ou fim. Tudo se retroalimenta de maneira contínua. Você descarta corretamente, um agente reciclador coleta, beneficia e recicla. Essa matéria-prima volta para a indústria, onde poderá ser aplicada em produtos tradicionais ou superinovadores.
No Brasil, ainda temos índices de reciclagem extremamente baixos: cerca de 4%, segundo a Agência Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE). Países vizinhos como Argentina e Chile – ou até mesmo os mais distantes, como África do Sul e Turquia, contam com taxa de 16%, ou seja, quatro vezes maior que a nossa.
O que muda de lá pra cá? Acredito que parte dessa diferença esteja na baixa adesão que nós brasileiros temos ao descarte correto. E hoje quero compartilhar com você cinco atitudes essenciais para cooperarmos com este ciclo.
Reduzir
É fundamental que no ato da compra diminuamos a geração de lixo, substituindo os itens de uso único, como canudos, copos descartáveis e sacolas, por itens duradouros. Independente se ele é de plástico, papel ou mental, a durabilidade ou reaproveitamento deve ser um fato decisório.
Conhecer para repensar
É importante lembrar que nem todos os materiais conseguem ser reciclados e que outros, apesar de serem recicláveis, enfrentam mais desafios, por suas características de mercado (baixo valor de venda) ou físicas (disponibilidade de tecnologia ou de indústrias distribuídas pelo país).
- Mais reciclados: alumínio (latinhas), plástico PET (garrafas), plástico PP (tampinhas de garrafas, cadeiras, brinquedos), plástico PEAD (sacolas, embalagens de produtos de limpeza), plástico PEBD (sacos de alimentos);
- Médio reciclados: vidros (garrafas, potes e copos), aço (latas de leite condensado);
- Menos reciclados: isopor grosso (que vem protegendo equipamentos como geladeira e Televisão), embalagem longa vida (caixa de laticínios), PVC (tubos e conexões, sandália plástica);
- Quase ou não reciclados: isopor fino (marmitas e bandeja), plástico flexível (sacos de salgadinho, biscoito e molho de tomate).
Repensar para escolher
Além disso, se for necessária a embalagem (já que muitos itens do dia a dia como comida, produtos de higiene pessoal e limpeza vem embaladas), se faz necessário escolher a que tem mais chances de ser reciclada.
Separar
Você só precisa ter três coletores em sua casa: um para orgânicos, que devem ser direcionados preferencialmente para compostagem; um de rejeito, que deve ser coletado pelo caminhão de lixo; e outro para todos os recicláveis. Precisamos criar o ritual de ao consumir um produto que venha em embalagem, higienizá-lo, quando necessário, e depositar em um saco apenas com os resíduos “secos”.
Descartar para reciclar
Procure uma iniciativa que receba seus materiais recicláveis, seja coletando na porta da sua casa, como o reciclofortaleza.com.br e o institutomuda.com.br ou pontos que você entrega, como o coletando.org e o somosasoma.com.br. Cooperativas também podem ser um ótimo caminho para que seu condomínio ou empresa dê uma destinação adequada e ainda contribua para a maior profissionalização e inclusão econômica desses trabalhadores.
Se você chegou até aqui, desafio você a aproveitar a inspiração de 17 de maio, quando se celebra o Dia Nacional da Reciclagem, e o dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para aderir ao descarte correto e colaborar nessa transformação.
A autora
Este artigo foi escrito por Saville Alves, cofundadora da SOLOS, startup de impacto que transforma a economia circular em presença na vida das pessoas, dos territórios e de marcas. Formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em comunicação social, sua militância iniciou a partir das experiências na universidade pública, quando atuou como uma das principais lideranças em movimentos de jovens empreendedores. Essas vivências levaram Saville a atuar no mercado em empresas como Braskem S.A. e Oi S.A, e no terceiro setor nas ONGs TETO e ARCAH. Essa pluralidade de percepções gerou um olhar que busca harmonia e levou Saville a ser eleita pela Forbes uma das 20 mulheres mais inovadoras das Ag Techs. A jovem empreendedora tem um mantra que leva para toos os seus projetos: “Eu sonho, eu crio, eu faço acontecer”.