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Fazenda flutuante dessaliniza água para cultivar alimentos

Dispositivo promete gerar menos impactos do que o processo tradicional de dessalinização

dessalinização água
Startup propõe montar fazenda flutuante no mar. | Foto: Manhat

A escassez hídrica é um problema global. Em 2018, 3,6 bilhões de pessoas no mundo tiveram acesso inadequado à água ao longo de um mês, segundo a Organização Meteorológica Mundial. A projeção do órgão é que esse número suba e atinja 5 bilhões de pessoas até 2050. Países do Oriente Médio, que já sofrem pelos parcos recursos hídricos disponíveis, investem em dessalinização da água do mar e novas tecnologias neste sentido estão sempre em desenvolvimento.

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Exemplo de solução de dessalinização, que remove o sal da água, foi criada pela startup Manhat de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes. Trata-se de um sistema flutuante capaz de capturar a água evaporada na superfície do oceano, condensá-la e coletá-la na forma de água doce.

O dispositivo funciona com luz solar, o que reverte uma das principais desvantagens do método de dessalinização de água tradicional: o alto consumo de energia.

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Tecnologias pode ser usada para cultivar diferentes culturas. | Foto: Manhat

A empresa formulou também uma fazenda flutuante que usa a água doce coletada para irrigar e cultivar espécies. Uma solução que poderia mudar a forma de produzir alimentos no país.

“Somos a única tecnologia de água que pode ser integrada para fornecer soluções agrícolas flutuantes. Colhemos de forma sustentável a água doce e a usamos imediatamente para irrigar as fazendas flutuantes”, afirmou Saeed Alhassan Alkhazraji, fundador da Manhat, em entrevista ao site de notícias sobre sustentabilidade Impakter.

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Isso significa usar a água no próprio local de coleta para irrigar culturas sem a necessidade de transporte de água e todas as emissões associadas.

Como funciona

A tecnologia da startup consiste em “produzir” água doce por meio da captação de vapor de água nas superfícies de águas abertas, que ocorre por conta da radiação solar.

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Startup propõe montar fazenda flutuante no mar. | Foto: Manhat

A luz do sol aquece e evapora a água sob a estrutura, separando-a dos cristais de sal que retornam ao mar. Quando as temperaturas esfriam, a água se condensa em água doce e flui para um reservatório.

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Neste processo, segundo a companhia, também não é produzido salmoura (resíduo de sal) que é outro grande problema do processo de dessalinização comum. “Esta água, que é extremamente rica em sal, outros minerais e potencialmente químicos também, é descartada no meio ambiente. Isso afeta a água na área e tem um impacto sobre a vida marinha e outros ecossistemas”, explica uma reportagem da Euronews.

Outro benefício relatado pela empresa é gerar economia em comparação aos equipamentos hoje existentes, uma vez que o novo dispositivo não necessita de aquecimento ou compressão de água.

Confira o vídeo sobre a tecnologia.

Tirando a tecnologia do papel

Protótipos ancorados e flutuantes foram implantados em locais de Abu Dhabi para validar a tecnologia em colaboração com os portos da cidade. O próximo passo é lançar uma fazenda flutuante piloto para cultivar cogumelos.

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Protótipos buscam validar a tecnologia. | Foto: Manhat

Apesar de não divulgar detalhes sobre a viabilidade do sistema, Saeed Alhassan Alkhazraji, que é também professor associado da Khalifa University de Abu Dhabi, tem em mente objetivos claros para seguir desenvolvendo a tecnologia nos próximos anos. Levando em conta todo o período de testes, o fundador aponta que em cinco anos poderá ter “tecnologias para cultivar diferentes culturas de alto valor comercial”.

Um ponto a ser melhorado, já em desenvolvimento, é a capacidade de produção de água. O protótipo flutuante de 2,25 metros quadrados produz somente 1,5 litro de água doce por dia. A meta a curto prazo é aumentar o volume para cinco litros e a longo prazo chegar a pelo menos 20 litros.

A startup Manhat é uma das vencedoras do “Water Europe Innovation Awards 2022”. O prêmio reconhece pequenas e médias empresas com soluções inovadoras no setor de água. A solução pode ainda estar longe de ser aplicada em larga escala, mas é um esforço necessário, que pode complementar os sistemas já existentes, frente à crise climática e o aumento populacional que prometem pressionar cada vez mais os recursos hídricos.