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A fama dos paraenses em consumir açaí é conhecida no país todo. Há tanta abundância do fruto que pesquisadores do estado realizam diversos estudos sobre como aproveitar suas sementes para fins nobres. Exemplo de uma empreitada que está dando certo é a criação de um concreto permeável em Belém, no Pará, que pode contribuir para evitar alagamentos, além de ser mais uma opção no setor tão poluente que é a construção civil.

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O concreto foi desenvolvido por professores da Universidade da Amazônia (UNAMA), Mike da Silva Pereira e Emerson Cardoso Rodrigues, com uma equipe de quatro estudantes. “O trabalho propõe a utilização do material in natura, sem custo de beneficiamento. Evitamos que o caroço de açaí seja depositado como lixo urbano. Essa é uma tentativa sustentável de empregar um elemento tão comum na nossa culinária no ramo da engenharia”, explica o professor Pereira, que é engenheiro civil.

No processo de fabricação são usados partes do concreto permeável tradicional, sendo que parte do seixo (aqueles fragmentos minerais ou de rocha) usado na massa é substituído pelo caroço da fruta. “O caroço de açaí adicionado ao concreto torna a impermeabilidade muito maior, o que pode evitar os nossos tão conhecidos alagamentos”, continua o professor.

Primeiras experimentações

No ano passado, os primeiros resultados da tecnologia foram apresentadas no 3º Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis, em Portugal. Já no início deste ano, um projeto do Núcleo de Responsabilidade Social da UNAMA realizou a reforma de casas, em uma comunidade carente, usando o material ecológico.

“Estamos no projeto piloto, contudo, estamos nos preparando para durante o ano de 2019 reformarmos ao menos uma creche comunitária. O concreto permeável está sendo utilizado como pavimento externo da casa (calçamento) e está sendo confeccionado industrialmente na empresa Parábloco, que é apoiadora, para posterior aplicação -, o que vai ajudar para evitar alagamento no quintal da casa”, afirma Pereira.

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É preciso ressaltar que a quantidade de caroço descartada diariamente no Pará é alta. O governo do estado estima volume total em torno de 1,6 a duas toneladas por dia. O resíduo domina as ruas e é considerado entulho. Além de dar um fim adequado, projetos como este podem significar ganhos econômicos e ambientais, ao passo que pode dar ao mercado um produto menos impactante, em comparação ao concreto comum, e nacional.

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Fotos: iStock/Unama

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