Uruçu-nordestina: Viveiro em João Pessoa ensina como preservar abelhas sem ferrão
O meliponário conta atualmente com sete colmeias (caixas), cada uma com sua rainha e cerca de 2.500 operárias.
O meliponário conta atualmente com sete colmeias (caixas), cada uma com sua rainha e cerca de 2.500 operárias.
Por Prefeitura de João Pessoa
Imagine um lugar repleto de árvores nativas da Mata Atlântica, onde houvesse criação de abelhas para que os estudantes das redes públicas e particular pudessem visitar e aprender sobre esse inseto e sua preservação, desde a organização física da colmeia, a hierarquia e outras curiosidades. Esse lugar é o Viveiro Florestal de João Pessoa, capital da Paraíba, onde funciona o Meliponário Didático.
O meliponário conta atualmente com sete colmeias (caixas), cada uma com sua rainha e cerca de 2.500 operárias. As abelhas são da espécie Uruçu-nordestina (Melipona scutellaris), nativa da Mata Atlântica, que não tem ferrão e produzem mel com propriedades medicinais. No entanto, o mel não é coletado, pois a produção é baixa e apenas para o uso da colméia, pois as abelhas também se alimentam desse mel na entressafra.
“O Meliponário tem um fim didático, então quando os alunos vêm aqui, a gente separa uma dessas caixas e mostra a relação das abelhas com as flores, com a floresta onde coletam o pólen, como aumenta a população dentro da colméia, como fazer a caixinha, como alimentá-las no período de entressafra, quando não temos flores”, explicou o biólogo Genilson Freire, coordenador do Viveiro Florestal.
O cotidiano do Meliponário é de cuidado com as abelhas. “Nós temos que ficar atentos às pragas, como o forídeo, que entra na colmeia e tenta colocar as larvas no interior dos potes de pólen. E se isso acontecer eles acabam a colmeia, além disso, na entressafra, quando não há flores, nós ajudamos na alimentação delas, oferecemos um xarope feito água filtrada e açúcar demerara três vezes por semana”, contou Genilson.
Ele disse ainda que a população da Uruçu-nordestina é menor do que da africana (Apis mellifera scutellata) e da italiana (Apis mellifera ligustica), a produção de mel também, embora o valor de mercado seja maior. O preço do mel da Uruçu chega a R$ 120 o litro e tem mais propriedade medicinal porque essa abelha não coleta o pólen de qualquer flor, ela é seletiva e sempre procura a melhor.
O Meliponário Didático está fechado devido à pandemia do Coronavírus e será reaberto quando aulas na rede pública forem retomadas.
“Nós vamos criar, em parceria com o Sesc, uma trilha ecológica no Viveiro Florestal, onde as pessoas vão conhecer plantas nativas, finalizando o passeio no Meliponário”, disse o diretor de Estudos e Pesquisas Ambientais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), Sérgio Chaves.
Chaves revelou ainda que existe a possibilidade de inserir meliponários em outros pontos da Capital. “Essas abelhas se adaptam bem a outros ambientes da cidade. Por isso, nós estamos estudando a viabilidade de inserir meliponários em parques e praças. Não em qualquer lugar, mas naqueles onde existe vegetação florífera e condições de alimentação para as abelhas, que vão ajudar na polinização da área”, afirmou.
A abelha Uruçu-nordestina não tem ferrão, mas tem mandíbula e a ‘mordida’ é semelhante à da formiga de roça. Não chega a ser dolorida, mas incomoda. O ciclo de vida dura 45 dias desde a eclosão da célula de cria. Depois ela passa a fazer pequenas tarefas dentro da colmeia e após 35 dias vai fazer trabalho de campo, ou seja, vai coletar pólen, que pode ser distante até 2,5 km da colmeia.