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Alunos criam biofilme com folhas de goiaba como alternativa ao plástico

Material que pode ser usado em curativos venceu prêmio nacional de inovação.

Foto: Shantanu Kashyap/Pixabay e Reprodução Youtube

Popularizado na década de 50, o plástico hoje é onipresente. Mas e amanhã? Em Cascavel, cidade no Ceará com pouco mais de 85 mil habitantes, seis alunos do terceiro ano do ensino médio desenvolveram um material biodegradável a partir de folhas de goiabeira (Psidium guajava L.).

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Além da goiabeira ser uma planta abundante na área onde moram os estudantes, a espécie é conhecida por seu poder cicatrizante. “Pensamos em desenvolver um plástico que atendesse tanto à área da saúde, como à do meio ambiente, com a criação de um biofilme degradável. A folha da goiabeira, planta muito comum em nossa região, tem princípios ativos antimicrobianos e anti-inflamatórios, sendo útil para o tratamento de lesões cutâneas e queimaduras”, afirma uma das alunas Lígya Nogueira, de 19 anos. Ela e os colegas estudam na escola pública EEMTI Marconi Coelho Reis.

Técnica

Para chegar ao resultado desejado, o processo consistiu em coletar e selecionar as folhas, higienizá-las, secá-las em estufa e triturá-las em laboratório – obtendo assim a farinha da folha de goiabeira. Este pó foi misturado com amido, glicerol e água.

Segundo os alunos, o biofilme pode ter várias aplicações, mas a intenção inicial foi criar um material que pode ser usado em curativos para vítimas de queimaduras de primeiro grau ou pessoas com lesões cutâneas.

Os testes apontaram cicatrização mais rápida de queimadura quando em contato com a pele por uma semana. Por ser um composto biodegradável, a decomposição do “curativo ecológico” acontece sem agredir o meio ambiente.

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Respostas Para o Amanhã

Com o projeto, o grupo conseguiu o primeiro lugar no prêmio “Respostas para o Amanhã”, promovido pela Samsung. Já em sexta edição, a premiação apoia projetos de investigação e experimentação científica e/ou tecnológica desenvolvidos por alunos do ensino médio de escolas públicas, sempre com a orientação de seus professores e com o objetivo de solucionar problemas reais de suas comunidades.

Coincidentemente, em segundo lugar ficou a equipe de estudantes da EEM Ronaldo Caminha Barbosa, que também de Cascavel. O grupo apresentou um projeto para combater a escassez de água em hortas da região ao criar um composto feito de cascas de manga, abacate e bagaço de cana-de-açúcar. Tal combinação ajudou a reter água no solo.

Já de Franca, no interior de São Paulo, os alunos da EE Angelo Scarabucci arremataram o terceiro lugar ao criarem capacetes a partir de materiais descartados na fabricação de calçados. O equipamento de segurança foi pensado justamente para os operários das fábricas que usam a bicicleta como meio de transporte.

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As três escolas foram escolhidas por uma comissão julgadora formada Samsung, Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações, Ministério da Educação, Organização de Estados Ibero-americanos, CENPEC, Universidade de São Paulo e Todos pela Educação.

Plástico na área da saúde

É possível reduzir o uso de plástico descartável de diversas maneiras, porém áreas como a da saúde se beneficiam muito deste material -, sobretudo quando serve de invólucro para materiais esterilizados. O tecido de polipropileno usado em aventais e para apoiar instrumentos cirúrgicos, por exemplo, representa quase 20% de todo o lixo da sala de operações, segundo a organização sem fins lucrativos Practice Greenhealth.

Além de exigir melhor gestão do lixo hospitalar que pode ser reciclado, a sociedade precisa estar aberta a aderir soluções em que os plástico podem ser substituídos gradativamente.

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