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Intervenções urbanas têm como tema o ar que respiramos

Pela primeira vez em SP, o projeto multimídia AR-te chama a atenção para poluição do ar e crise climática global

exposição ar-te
Natureza Interrompida, Obra de Thiago Cóstackz. Foto: Divulgação | Mina Cultural

Cinco artistas brasileiros criaram obras de arte que, por meio da intervenção urbana, convidam o público a pensar sobre o ar que respiramos e o equilíbrio do mundo em que vivemos. Este é o objetivo do projeto multimídia AR-te, que está pela primeira vez em São Paulo e fica na cidade até o próximo dia 20 de novembro.

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A exposição tem como fios condutores contaminação do ar e questões ligadas à crise climática global e como palco importantes pontos da capital paulista, como o Parque da Água Branca, Parque Burle Marx, Parque Bruno Covas, museu Casa das Rosas e Escola Estadual Dom Paulo Loureiro

As intervenções urbanas foram criadas pelos artistas visuaisAlex Senna, Flávia Junqueira, Priscila Barbosa e Pedro Varela, além de Thiago Cóstackz, que também assina a curadoria da mostra. Com diferentes linguagens visuais e pensado de forma sustentável, o conjunto expositivo do AR-te busca ao mesmo tempo seduzir pela concepção plástica e provocar reflexões sobre a relação das cidades com o ar e as muitas questões ligadas à poluição e contaminação atmosférica.

Somente na cidade de São Paulo, cerca de 11 mil mortes por ano poderiam ser evitadas com a redução da poluição e o aumento de áreas verdes, o que além de salvar vidas, faria a cidade desaquecer cerca de 1c°.

“As obras questionam os observadores sobre nossas responsabilidades com a preservação, mas não fazem apenas alertas ambientais, elas também evocam facetas filosóficas e poéticas que envolvem o ar. Afinal, temos a chance de desenhar um novo caminho para a nossa civilização, mas parece que ainda não estamos nos esforçando o suficiente”afirma o curador do AR-te, Thiago Cóstackz, autor de expedições artísticas e de instalações em ambientes naturais ameaçados, da Amazônia à Groenlândia.

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poluição do ar mortes
Foto: Pixabay

Durante a temporada, os artistas ministrarão oficinas gratuitas, e ao final da mostra as obras serão doadas a instituições ligadas à preservação do ar e valorização de comunidades tracionais como a Associação Rural Indígena de Rio dos Índios, no Vale do Ceará-Mirim/RN.

AR-te – onde está?

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Obra de Thiago Cóstackz. Foto: Divulgação | Mina Cultural

O artista Thiago Cóstackz leva ao Parque Burle Marx a obra “Natureza Interrompida”. Ele apresenta uma espécie de mesa de corte de madeira em que uma figura metamorfoseada é representada diante de uma “serra elétrica”, como se estivéssemos vendo um crime prestes a acontecer. Uma metáfora da natureza confrontada com uma das forças mais transformadoras e destruidoras do planeta: a espécie humana. A intervenção foi feita de forma espelhada para refletir não só o ambiente preservado do parque mas também o observador, outra espécie em risco.

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Obra de Priscila Barbosa. Foto: Divulgação | Mina Cultural

“Uma Combustão de muitos corpos” é a obra de Priscila Barbosa instalada no Parque da Água Branca. Nessa instalação feita no formato de uma caixa de fósforos gigante, Priscila ressignifica esse objeto associado à cozinha e a sua dualidade, como algo que pode ser utilizado como ferramenta de insubordinação e confronto, mas que também serve ao preparo dos alimentos, ou até para iniciar o incêndio em uma floresta. No centro da imagem está uma mulher indígena, inspirada nas Potiguaras Ibirapi do Vale do Ceará-Mirim (RN), que tem entre os cabelos a ave “aratinga jandaia”, já extinta naquela região. No verso da obra a mesma ave parece renascer e se projeta sobre o losango da bandeira brasileira.

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Obra de Pedro Varela. Foto: Divulgação | Mina Cultural

No Parque Linear Bruno Covas, o público poderá conferir a instalação  “Nuvem”, de Pedro Varella. “Nuvem” tenta quebrar com a ideia de paisagem com uma única perspectiva, e traz para o espectador uma paisagem fragmentada, com muitos tons de azul que assume formas, histórias diversas e instiga a pensar na preservação, principalmente, em relação aos mares e ao ar.

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Obra de Flávia Junqueira. Foto: Divulgação | Mina Cultural

“Amazônia, Lago Janauari, Árvore Samaúma” é o trabalho de Flávia Junqueira, em exposição no museu Casa das Rosas. A artista usa a fotografia encenada em espaços arquitetônicos ou abertos para criar atmosferas de fantasia. A própria teatralidade existente nos espaços vira elementos pictóricos que que ajudam a compor sua narrativa. Nessa intervenção, Flávia contrapõe o natural e o urbano e exibe a foto da árvore amazônica Samaúma, rodeada por uma instalação de balões coloridos. A árvore conhecida como “mãe da floresta”, pode chegar a 100m e ejeta na atmosfera cerca de 2.000 litros de água por dia, tendo papel protagonista em grande parte das chuvas nas regiões Sudeste e Centro-oeste do Brasil.

Também no jardim da Casa das RosasThiago Cóstackz expõe “Air Head”, um balão com forma de cabeça de pássaro que flutua evocando em seu interior um ar contaminado e mortal para qualquer ser vivo.

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Obra de Alex Senna. Foto: Divulgação | Mina Cultural

Alex Senna, um dos maiores expoentes do movimento de intervenções urbanas, com obras espalhadas por 25 países estampa a sua obra “Neblina” nos muros da Escola Estadual Dom Paulo Rolim Loureiro, em Guarulhos, na região metropolitana.  “Neblina” é um retrato do nosso tempo, na qual nuvens escuras pairam sobre a civilização, trazendo para os dias de hoje o que era visto como um futuro distante, apocalíptico e irrespirável, dominado pelo plástico e contaminado pelos agentes químicos provenientes das indústrias e do descaso com o meio ambiente.

O uso elegante das sombras e do preto e branco guiam o observador por um mundo cheio de simbolismos e retratos emocionais, que visam conscientizar sobre um perigo que já habita nossa rotina: o envenenamento do ar e seus desdobramentos terríveis junto a toda forma de vida na Terra.

Para saber mais sobre o projeto AR-TE, assista ao vídeo ou acompanhe o projeto no Instagram.

AR-te, visitação até 20.11, com entrada gratuita

  • Parque Burle Marx: “Natureza Interrompida”, de Thiago Cóstackz
    Av. Dona Helena Pereira de Moraes, 200 – Vila Andrade – São Paulo
    Aberto todos os dias, das 7h às 19h
  • Parque da Água Branca – “Uma Combustão de muitos corpos”, Priscila Barbosa
    Av. Francisco Matarazzo, 455 – Água Branca, São Paulo
    Aberto todos os dias das 6h às 20h | entrada gratuita
  • Parque Linear Bruno Covas – “Nuvem”, Pedro Varela
    Av. Magalhães de Castro, 12001 – Cidade Jardim, São Paulo
    Aberto todos os dias 24 horas, horário recomendado para visitação: 6h às 18h
  • Casa das Rosas – Amazônia, Lago Janauari, Árvore Samaúma”, Flávia Junqueira
    Av. Paulista, 37 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01311-000
    Aberto todos os dias, das 7h às 22h
  • Escola Estadual Dom Paulo Rolim Loureiro –  “Neblina”, Alex Senna
    Av. Domingos Fanganielo, 251 – Pte. Grande, Guarulhos
    A obra ficará em muro externo da escola e a visitação pode ser todos os dias