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População indígena é ameaçada pela pandemia

Vulnerabilidade e necessidade de isolamento é ainda maior entre indígenas – campanhas pedem apoio para estas populações brasileiras

indígenas coronavírus

O Brasil e o mundo estão enfrentando uma pandemia causados pelo Covid-19. Idosos e  pessoas com doenças pré-existentes estão entre os grupos de risco. Os povos indígenas e as comunidades tradicionais também são especialmente vulneráveis à Covid-19, com quadros de imunidade mais baixa em algumas comunidades, modos de vida tradicionais mais coletivos e com pouco acesso à serviços de saúde e hospitais.

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O especialista em saúde indígena Andrey Moreira Cardoso deu uma entrevista ao Instituto Socioambiental (ISA) sobre a vulnerabilidade dos povos indígenas e comunidades tradicionais nessa pandemia. Andrey é médico e pesquisador da Fiocruz e do Grupo de Trabalho em Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Ele prestou atendimento entre indígenas por oito anos e tem estudado a saúde dessas populações há 20 anos, principalmente no Sul e Sudeste.

Vulnerabilidade e isolamento

Segundo Andrey, as infecções respiratórias têm velocidade de disseminação extremamente alta e são muito difíceis de conter entre essas comunidades. O isolamento dessas populações, impedindo a movimentação entre cidades e aldeias e o contato com pessoas de fora é extremamente importante, assim como a identificação precoce de casos suspeitos.

“Há vários estudos internacionais comparando a situação dos povos indígenas em diferentes regiões do mundo, mostrando que eles estão sempre em desvantagem econômica, social e de saúde em relação a outros grupos das mesmas localidades. Isso é uma realidade também no Brasil”, explica o médico.

A indisponibilidade de água e saneamento básico, assim como padrões de moradia com casas grandes para um grande número de pessoas estão entre os riscos. Outra ameaça são as invasões de terras indígenas por grileiros, madeireiros ilegais e garimpeiros, além de missionários religiosos.

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Kenampa Marubo, coordenador geral da Unijava, alerta para ameaças
de missionários no Vale do Javari|Silia Moan. Foto: Sila Moan

Solidariedade com os povos indígenas

A população indígena do Brasil vem enfrentando frequentes ameaças, invasões de suas terras, violências, desrespeito e negação de seus direitos. Neste grave momento em que uma pandemia ameaça o Brasil, estas pessoas estão ainda mais expostas e vulneráveis.

Para proteger os indígenas e outros povos da floresta, foram lançadas campanhas para arrecadação de recursos por meio de vaquinhas online e depósitos em contas bancárias. O valor arrecadado vai ser usado para a compra de alimentos, remédios, material de higiene e produtos de limpeza. As campanhas têm o objetivo de garantir o isolamento e a sobrevivência destas pessoas pelos próximos meses.

Quem puder contribuir, pode escolher entre algumas opções, apoiadas pela Instituto Socioambiental para fortalecer a proteção e sobrevivência destas populações brasileiras.

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Existem duas grandes campanhas online de arrecadação, uma lançada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e outra organizada pelos Povos tradicionais de Altamira.

Além destas, o ISA listou outras iniciativas com contas para doação por meio de transferência.

Recado da aldeia indígena Khikatxi, do povo Kisêdjê, no Território Indígena
do Xingu, no Mato Grosso. Da esquerda para a direita: Kokato Kisêdjê, Kuyayutxi Kisêdjê,
o enfermeiro Igor Vinícius e Mbohrono Kisêdjê. Foto: Kamikiá Kisêdjê

Nota do CicloVivo: O isolamento social é uma recomendação que precisa ser seguida para diminuir a velocidade do contágio pelo coronavírus, ação fundamental para evitar o colapso do sistema de saúde e salvar vidas. A solidariedade é fundamental para tornar este momento mais justo e diminuir as consequências sociais desta medida, principalmente entre as pessoas mais vulneráveis.