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5 projetos que unem natureza e design na CasaCor

Em sua 36ª edição, confira espaços inspiradores na maior mostra de arquitetura e decoração de SP

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À esquerda Jardim Sereno de Gabi Pileggi e Luciana Bacheschi. À direita “Horta Urbana” de Mônica Costa. | Fotos: Cacá Bratke e MCA Estúdio, respectivamente.

A mostra CasaCor, que une arquitetura, paisagismo, arte e design de interiores, chega à sua 36ª edição. Com o tema Corpo & Morada, o evento este ano exalta o autocuidado e a introspecção da casa, além de trazer questões como inclusão, diversidade e sustentabilidade. Os profissionais apresentam projetos em referência à pele em que habitamos, além daquela do corpo, a da casa e a do planeta.

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A CasaCor acontece pela segunda vez em um dos pontos mais importantes da cidade de São Paulo: o Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. O CicloVivo destaca alguns espaços que promovem a conexão com a natureza e o bem-estar e que podem ser apreciados na mostra. Caso não possa visitá-la, é possível também se inspirar com as fotos e informações que trazemos abaixo:

Horta Urbana

A paisagista Mônica Costa assina o ambiente “Horta Urbana”. São 100 m², sendo 70 m² indoor e 30 m² outdoor, que promove a conexão com a natureza e busca despertar a consciência ambiental, incentivando os visitantes a se envolverem no cultivo de plantas, permitindo que compreendam melhor o ciclo de vida dos alimentos, a importância da água e a necessidade de práticas agrícolas sustentáveis.

“Essa experiência pode levar a uma apreciação mais profunda do meio ambiente e a uma maior adoção de comportamentos ecológicos”, comenta Mônica, especialista em criar hortas urbanas, tendência que dominou os pedidos do seu escritório para jardins pós-pandemia.

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“Horta Urbana” de Mônica Costa. Fotos: MCA Estúdio

Internamente, o refúgio conta com uma mesa estilo piquenique, escultura em tecido e bancos em madeira, que se misturam com vasos vietnamitas, plantas ornamentais e frutíferas como jabuticaba, oliveira, laranjeira e folhagens tropicais. Ali, também há uma pequena rampa/deck, de madeira cumaru, com guarda copo, que dá acesso a área da horta e jardim.

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No exterior, criou-se no muro o jardim vertical, que é um verdadeiro oásis de beleza e tranquilidade por suas diferentes espécies de plantas. Entre as folhagens, destacam-se duas em especial: o Philodendro Ondulata, exuberante por suas folhas verdes e vibrantes e o Boldinho, com flores roxas bem delicadas. Vasos com alecrim, manjericão, lavanda e um mix de ervas, que inclui peixinho, arruda, salsa, pimenta, cebolinha, pimentão e hortelã, trazem um aroma agradável ao ambiente.

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Jardim vertical e bancos em madeira. | Fotos: MCA Estúdio

A pia, com bancada de pedra inserida no canteiro, permite ter todas as ervas por perto, facilitando na rotina do preparo dos alimentos e promovendo hábitos mais saudáveis. Já o projeto luminotécnico prevê iluminação necessária para as plantas e temperos, além disso, contribui com o cenário do grande jardim à noite, deixando contemplativo e acolhedor.

“Trabalhei o Jardim funcional da horta urbana também como um jardim sensorial. Formas de interagir com o espaço e ampliar a conexão, trazendo ao jardim beleza e funcionalidade, ou seja, corpo e morada”, completa a paisagista.

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Mirante Paulista

Assinado pelos paisagistas Catê Poli e João Jadão, o projeto Mirante Paulista é inspirado na natureza, na combinação de plantas brasileiras e exóticas, nas curvas do corpo humano e no desejo de conectar-se com os visitantes, como um verdadeiro espaço de receber. Tons terrosos e verdes predominam.

O espaço de 150 m² na área externa, projetado em uma grande varanda de estar, permite uma pausa na correria. “A sensação de acolher-se junto à natureza é revigorante”, explica Catê Poli.

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As vistosas jabuticabeiras foram plantadas no Mirante Paulista em vasos vietnamitas (Organne). | Fotos: Evelyn Müller

Sem a intervenção de obras – uma vez que o Conjunto Nacional é tombado como patrimônio histórico –, o layout da área acompanha a sinuosidade do edifício. Portanto, as espécies mais altas, como as Palmeiras traquicarpos, possibilitaram recobrir e colocar em segundo plano paredões e esquadrias brancas. “Em nosso ambiente, as plantas com vários tamanhos de folhas e tons de verde é o que torna as composições ainda mais especiais”, afirma João Jadão.

Entre os pequenos lounges que formam o generoso living ao ar livre, Catê e João enaltecem a riqueza da minuciosa seleção de plantas nativas, como jabuticabeira, samambaia, tostão, inhame preto brilhante e guaimbê, entre outras, e exóticas, como ripsális, palmeira fênix, etc.

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O jardim é agraciado pelo movimento do sol, que de acordo com o horário, entrega diversas cenas compostas pelos jogos de luzes e sombras. | Fotos: Evelyn Müller

“Acreditamos que o mix de exóticas e nativas resulta na biodiversidade do jardim, que além de belo, deve ser funcional, e contar com os melhores tipos para cada situação, seja de uma origem ou de outra”, argumenta Catê. Com a variação de tamanhos das espécies e a abundante iluminação natural, o jardim dispõe de áreas de sombra e uma atmosfera mais fresca e amena, ideal para aproveitar os diferentes momentos do dia.

Única frutífera entre as espécies, a jabuticabeira não é novidade nas participações de Catê Poli e João Jadão na CasaCor São Paulo. O apreço de ambos pela espécie tem seus motivos: além de ser nativa da Mata Atlântica, a planta desperta as mais tenras memórias afetivas, de quando a doce fruta de casca roxa e polpa branca era degustada diretamente dos pés acessados nos quintais de outrora. João Jadão também destaca sua resistência e a adaptabilidade para ser cultivada tanto no solo, como em vasos, compondo muito bem o paisagismo de áreas externas e de varandas de apartamento.

Entre:.nós

Felipe Stracci e Luciana Pitombo, sócios do Estúdio Plantar Ideias, propõem um momento de pausa, reflexão e reconexão. O espaço de 156 m² batizado como Entre:.nós retrata a transição entre uma floresta e a beira do mar, onde os visitantes caminham sobre um piso monolítico, de aspecto arenoso, que evoca a praia.

O dossel das árvores foi interpretado de forma lúdica pelos arquitetos, que desenharam uma estrutura paramétrica feita de cordas com a intenção de conduzir o olhar dos visitantes para a cobertura. “Neste lugar, o sentimento corre livre, é onde nosso corpo encontra a alma com o espírito leve”, reflete Felipe. “Propomos a liberdade de estar, ficar, sentar, relaxar e relembrar que somos diversos, como a natureza”, completa Luciana.

Casacor 2023
Projeto Entre:.nós

A natureza contribui com a atmosfera de descompressão e pausa. Por isso, os profissionais criaram canteiros com alocásias, antúrios e bromélias — espécies ideais para sombra e meia sombra, adequadas às condições de espaço da mostra. A linha Anticatto Olaria Lotus da Lepri reveste o balcão que também promove esta integração através de elementos naturais como a argila branca, rica em textura de superfície utilizada na produção deste revestimento rústico com acabamento envelhecido.

Os móveis de design autoral foram desenvolvidos pelo Estúdio Plantar Ideias, lançados especialmente na mostra. “Se a morada da nossa mente etérea é nosso corpo físico, a morada do nosso corpo, por essência, é a natureza”, finaliza Luciana.

Jardim Sereno

O projeto de 110 m² das paisagistas Gabi Pileggi (escritório Jardineiro Fiel) e Luciana Bacheschi intitulado Jardim Sereno tem como ponto de partida o uso de Biribas de Eucalipto. Por serem peças finas, roliças e bem cuidadas, elas valorizaram a composição do pergolado e desenham a entrada do jardim, com um caminho fluído e suave.

A atmosfera despojada e livre do espaço é um verdadeiro convite para que as pessoas façam uma pausa no jardim e sintam-se como se estivessem em casa. As paisagistas idealizaram um verdadeiro oásis em meio à correria paulistana e, também, um local propício para um momento de respiro após o grande número de informações e estímulos recebidos durante a visita à mostra de decoração.

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Quem dá as boas-vindas é o pergolado de biribas de eucalipto, madeira sustentável pintada de branco com cal. | Fotos: Cacá Bratke

O desafio de compor um espaço somente com vasos, já que o imóvel tombado pelo patrimônio tem limitação de algumas alterações, estimulou a dupla a apostar na genuinidade da madeira, das pedras e do barro.

A atmosfera do Jardim Sereno também faz menção à tendência do Quiet Luxury, que teve seu início na moda e ganhou força na decoração. Esse movimento preza pela sofisticação aliada à simplicidade e à discrição, ou seja, o bom e velho ‘menos é mais’. Assim, o prazer está nas experiências leves, como o contato com a beleza em sua essência, o minimalismo, o uso de materiais naturais, a busca pela autenticidade de cada ser, entre outras alternativas. Afinal, para muitas pessoas não há maior riqueza do que viver em contato com a natureza, não é mesmo?

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À noite, o Jardim Sereno fica ainda mais belo e acolhedor. | Fotos: de Cacá Bratke

Branco, off white, amarelo e marrom foram as cores escolhidas por Gabi e Luciana para levar mais tranquilidade ao ambiente. Plantas em todas as suas fases mostram o desenvolvimento das espécies, assim como pode ser visto nos quintais e varandas de casas reais.

Entre as espécies que integram o Jardim Sereno estão: Alocacia Regal Shield, Areca Bambu, Antúrio Clarinervium, Bromelia Imperial Rubra, Capororoca da restinga, Clusia Variegata, Costela de Adão, Crinum, Euphorbia, Euphorbia Palito de Fogo, Fícus Longifólia, Ficus Lyrata, Figueira Gomeleira, Helicônia Hot Rio, Jabuticabeira, Philodendron Melinonii, Mini Pitanga, Palmeira Leque, Pitosporo Variegata, Renda Francesa, Samambaia Manta Azul, Samambaia Paulistinha Nevada e Schefflera.

Praça do Polinizador

Com 100 m², a Praça do Polinizador trata de uma questão pouco abordada na sociedade: a polinização. O projeto idealizado pelo paisagista Luciano Zanardo brinca com formas orgânicas, geométricas e cores vibrantes para ressaltar a exuberância exótica das alocasias e a beleza tropical das bromélias porto-seguro, nativas da Mata Atlântica, polinizadoras e popularizadas nos anos 1960 por Burle Marx.

Com paredes pintadas de Azul Pólen, desenvolvido exclusivamente pela Coral para seu projeto, o ambiente foi criado inteiramente com cores vibrantes que se fundem aos elementos naturais.

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Com um percurso leve e peças de design orgânico, a Praça do Polinizador reúne espécies nativas e exóticas. | Fotos: JP Image

Trazendo o olhar e a valorização da arte, Zanardo se conectou à temática ao escolher a escultura Insetos, do artista mineiro Leopoldo Martins, que representa o Invertebrado e faz alusão à mensagem sobre a polinização. O tríptico Asas, disposto em uma das paredes faz referência às asas dos insetos polinizadores, tudo em sintonia com a proposta da praça. “Apresento um projeto totalmente diferente dos anos anteriores, voltado ao planeta, ao meio ambiente e ao que passa desapercebido para a maioria de nós”, pontua o paisagista.

A importância da polinização

Na natureza, a polinização é o processo de transporte de partículas de pólen das estruturas masculinas de uma flor, chamadas anteras, para o estigma, que integra o sistema reprodutor feminino da mesma flor ou de outra da mesma espécie. As anteras respondem pela produção dos gametas masculinos, conhecidos como pólen, e para possibilitar a formação de sementes e frutos é essencial que os grãos fecundem os óvulos presentes no sistema reprodutor feminino.

Nesse ciclo natural, a polinização pode ocorrer de várias formas, dependendo da espécie e dos agentes polinizadores. Entre elas, está a polinização por insetos: muitas flores são adaptadas para atrair uma sorte de espécies como abelhas, borboletas e besouros que coletam néctar ou pólen. A participação deles acontece por meio do transporte do pólen aderido ao seu corpo enquanto se movimentam entre as flores, transferindo-o para o estigma.

polinizadores produção agrícola
Mamangava (xylocopini sp.) coberta de pólen de maracujá – esta é uma espécie de abelha nativa reconhecida pela sua grande capacidade de polinização. Foto: Andrei | Creative Commons 2.0

“Os insetos são personagens fundamentais nessa cadeia de transferência dos grãos que, ao germinarem, se transformam nas mais belas espécies. Precisamos falar sobre esse processo e a necessidade de preservá-lo na natureza”, ressalta Zanardo. O profissional salienta que cada espécie de flores e plantas possui adaptações específicas para atrair polinizadores e garantir a transferência eficiente para a fertilização.

Mas, apesar de apresentarem grande importância, muitas populações de polinizadores estão em declínio e risco de extinção devido, principalmente, à perda de alimentação e habitat ideais. O uso indevido de produtos químicos, como agrotóxicos e pesticidas, a poluição e as mudanças climáticas também contribuem para o declínio das espécies. Por isso, muito mais do que se encantar pela beleza do projeto deste jardim e conhecer sobre a importância do processo de polinização, é fundamental saber que nós, seres humanos, somos responsáveis por proteger esse ciclo.

CASACOR São Paulo 2023

  • Onde: Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, 2073.
  • Quando: de 30 de maio a 06 de agosto de 2023.
  • Horário de funcionamento: Terça a Sábado das 12h às 22h | Domingos e Feriados das 11h às 21h
  • Bilheteria digital (para compra de ingressos)
  • Valores totais dos ingressos: De terça a domingo e feriados – R$101,00 (inteira) e R$ 51,00 (meia entrada)
  • Pacotes promocionais:
    3 dias (desconto de 17%) – R$251 (inteira) e R$ 126,00 (meia entrada)
    5 dias (desconto de 30%) – R$ 351,00 (inteira) e R$ 176,00 (meia entrada)
    *Ingressos pessoais e intransferíveis.
  • Passaporte (livre acesso em todos os dias de funcionamento da mostra):
    R$601,00 – código de promoção pré-venda não aplicável nesta modalidade
    *Ingressos pessoais e intransferíveis