Aeroporto em Singapura traz conexão à natureza para viajantes
Projeto arquitetônico criou uma “Cidade Jardim” repleta de vegetação e formas orgânicas
Serenidade, prazer e conforto. Esses foram alguns objetivos buscados pela empresa BOIFFILS Architectures, especializada em arquitetura e design de interiores, ao comandar o projeto de ampliação e renovação do Terminal 2 do Aeroporto de Changi em Singapura – eleito o melhor aeroporto do mundo em 2023.
O edifício existente foi completamente redesenhado, de forma a priorizar a experiência do viajante e as conexões com os elementos da natureza, principalmente nos saguões de embarque e desembarque. O projeto compreende 120 mil m², distribuídos em três níveis, e cria uma espécie de “Cidade Jardim”.
A arquitetura existente do terminal enquadra-se no foco tradicional dos aeroportos, baseado principalmente na funcionalidade e não no prazer. A ideia da BOIFFILS Arquiteturas foi integrar cenários, estímulos visuais, sonoros e interativos projetados para acalmar a mente, o corpo e a alma, tornando o momento da viagem mais prazeroso. O projeto ressalta os diferentes elementos naturais; inspirado nos minerais encontrados na natureza, nas fontes hídricas, como lagoas e riachos, e na vegetação em seus vários formatos e densidades.
Adentrando no aeroporto
Tons ocres, materiais nobres e elementos de alta tecnologia foram integrados num ambiente onde as cores são tradicionalmente frias e estéreis. As cores foram escolhidas pelas suas propriedades calmantes, tais como o alumínio cor champanhe que envolve os pilares principais do terminal.
Na área de embarque, um tapete colorido e brilhante evoca vistas aéreas de terra e mar, com linhas coloridas e texturizadas representando camadas sedimentares. Colunas verdes erguem-se do piso térreo definindo vários átrios inspirados na natureza e nos seus elementos. Inspirado na rede hoteleira de luxo, a área de check-in foi otimizada para ser mais rápida e eficiente. Cada terminal e transportador de bagagem são posicionados em ilhas em vez dos habituais balcões lineares, pensado para promover a fluidez da circulação.
Ao chegar ao Terminal 2, os viajantes descem uma escada rolante até a área de “Imigração” altamente automatizada e simplificada. Os viajantes encontram-se num ambiente de paredes verdes, tapetes coloridos, com linhas orgânicas contínuas facilitando as transições e proporcionando vistas claras para as próximas etapas da viagem, fazendo parte de uma linguagem arquitetônica comum. As vistas desobstruídas para os carrosséis de bagagens e a área de “Meet and Greet” estimulam um estado de espírito calmo, permitindo que os viajantes se orientem facilmente.
O teto foi todo projetado para ocultar os detalhes, incluindo sprinklers, câmeras de segurança e luminárias – o esforço tinha como objetivo eliminar a impressão de um aeroporto industrial e frio. Aliás, a iluminação quase invisível combinada com a escolha de um revestimento de piso semi-polido também formam uma atmosfera muito mais relaxante e serena do que a sentida nos aeroportos tradicionais. Como resultado, os níveis sonoros são significativamente mais baixos. Além disso, a iluminação adicional foi concebida para fornecer toda a luz necessária para a vegetação interior.
Combinando natureza e tecnologia, forte característica de Singapura, algumas instalações imersivas ajudam também a criar novas atmosferas. Em uma delas, no centro do saguão de “Embarque”, foi instalado, por exemplo, uma cachoeira digital de 14 metros de altura. A “água” flui entre jardins verticais que se erguem em ambos os lados da tela curva de LED. Em outro ponto, em uma área de escala de passageiros, foi criado um teto digital que reproduz as condições meteorológicas locais em tempo real. A cada 30 minutos , a tela de vidro encena o espetáculo de uma chuva tropical, com a água se acumulando até virar um lago e estimular o crescimento da vegetação. No chão, uma plataforma de acrílico dá a impressão de caminhar sobre a água.
Por todo o jardim, os sons tropicais de Singapura podem ser ouvidos através do canto dos pássaros, sons de insetos e outras criaturas locais, gerados em tempo real a partir de um catálogo de quase 100 gravações e transmitidos através de um sistema de som 3D imersivo. A BOIFFILS Architectures contou com a contribuição do artista botânico Patrick Blanc para as sequências e a seleção de plantas.
Outra grande contribuição para a experiência única do aeroporto reside no uso de materiais artesanais em revestimentos, balcões, lustres, entre outros. O contraponto fica por conta da fabricação de tais serem oriundas de países diversos, ou seja, ainda que feitos artesanalmente há uma grande pegada de carbono proveniente do transporte.
O projeto ganhou o prêmio A+Awards Popular Choice na categoria Transport Interiors; o Prêmio Platinum A’ Design na categoria Interior Space and Exhibition Design; e o Prêmio BCA Universal Design Excellence da Autoridade de Construção de Singapura.
