Médico reforça segurança do vegetarianismo estrito para crianças
Parecer técnico garante que dieta oferece plena segurança quando supervisionada por profissionais de nutrição.
Parecer técnico garante que dieta oferece plena segurança quando supervisionada por profissionais de nutrição.
Por SVB
A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) emitiu na última terça-feira (15) um posicionamento técnico que reforça a segurança na adoção do vegetarianismo, inclusive estrito, como prática saudável para a dieta de crianças.
O vegetarianismo estrito é um modelo alimentar que elimina o consumo de quaisquer derivados animais, como carnes, ovos e laticínios. A SVB reafirma que a prática é completamente segura e deve ser sempre acompanhada por um profissional de nutrição, como qualquer prática nutricional onívora.
O documento, que está disponível no site da SVB,elaborado e assinado pelo Prof Dr Eric Slywitch, Médico (CRM/SP 105.231), Doutor e Mestre em Ciências da Nutrição (UNIFESP/EPM), Especialista em Nutrologia (RQE 30781) e emitido em nome do Departamento técnico e diretivo coordenado pela Alessandra Luglio, Nutricionista (CRN 3 6893), Coordenadora do Departamento de Saúde e Nutrição da SVB sob presidência de Ricardo Laurino.
O Dr Eric Slywitch, explica que a insegurança na recomendação do vegetarianismo ocorre simplesmente pelo fato de os estudos de revisão reunirem, sem diferenciação, os trabalhos com dieta bem e mal planejada. “Esse cenário faz com que alguns autores cheguem a resultados contraditórios sobre a sua segurança. O Presidente da SVB, Ricardo Laurino destaca que “o objetivo com o documento é reunir informações com base técnica e científica para combater a desinformação e o surgimento de mitos relacionados à dieta vegetariana”, observa.
O conteúdo destaca a importância do planejamento alimentar em qualquer tipo de dieta, inclusive onívora (que consomem carnes e derivados de animais). Revela ainda que a prática do vegetarianismo na infância é endossada por entidades internacionais como a Academia de Nutrição e Dietética Americana, Sociedade Canadense de Pediatria e Sociedade Italiana de Nutrição Humana.
“Os estudos com alimentação planejada mostram crescimento e desenvolvimento adequado das crianças vegetarianas e veganas, sem redução da velocidade de crescimento quando comparadas às onívoras, inclusive com excelente quociente de inteligência – que excedeu em um ano a média cronológica”, observa o médico nutrólogo, Dr. Eric Slywitch.
Ele lembra que os problemas apontados por estudos em relação à adoção do vegetarianismo na infância não estavam relacionados à exclusão de carne ou laticínios, mas sim por falhas alimentares na estruturação da dieta, não configurando o sistema alimentar vegetariano planejado.
“Em diversos casos, as publicações confundiram vegetarianos com macrobióticos, sistema alimentar que não é necessariamente vegetariano e que tende a apresentar menor densidade energética e maior monotonia alimentar, favorecendo baixa ingestão energética e consequentemente proteica, para crianças com quadros de seletividade alimentar”, acrescenta o Dr Eric Slywitch.
Com base na literatura científica disponível, e analisando os erros alimentares ocorridos em publicações sobre o tema, a SVB enumerou os cuidados que devem ser adotados na condução da criança vegetariana e que também estão apresentados de maneira mais detalhada site:
1) Não substituir o leite materno por leites vegetais caseiros; 2) Não suspender o aleitamento materno antes dos 6 meses de vida; 3) Não manter a amamentação exclusiva por tempo prolongado; 4) Não restringir em demasiado a ingestão de gordura de boa qualidade; 5) Priorizar o consumo de cereais, leguminosas e gorduras saudáveis ao invés de verduras e legumes; 6) Não negligenciar o uso da vitamina B12; 7) Atentar às necessidades de cálcio e zinco do bebê; 8) Atentar às necessidades dos demais nutrientes que o onívoro precisa suplementar;
A SVB orienta que não deve haver restrição de alimentos fonte de gorduras de melhor qualidade (ômega-3, 6 e 9, mas com menor quantidade de ômega-6) na dieta infantil até dois anos de idade, visando otimizar o aporte energético e oferta de ácidos graxos essenciais. Deve haver sempre a oferta de ômega-3 (linhaça, chia, nozes) ou o uso de DHA oriundo de algas, produto já disponível no mercado brasileiro. As proporções de gordura na dieta devem ser orientadas por nutricionista ou pelo pediatra durante a prática da puericultura.
Sobre a questão da Vitamina B12, embora sua deficiência seja quase equivalente em populações vegetarianas e onívoras, é preciso dedicar maior atenção a grupos vegetarianos. “É preciso lembrar que existem diversos relatos de casos de mães vegetarianas que não a suplementavam na gestação e não a ofereceram ao bebê durante seu crescimento e desenvolvimento, ocasionando inclusive danos neurológicos (nem sempre reversíveis)”, lembra Dr Eric Slywitch.
Portanto, a SVB recomenda que a vitamina B12 seja sempre prescrita às crianças nas doses iguais ou maiores às preconizadas na Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes – DRIs), de acordo com a avaliação pediátrica da mãe e do bebê desde o início da introdução alimentar.