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Turismo com animais aquáticos: dicas para observar sem impactar

Atitudes consideradas inocentes como nadar, tocar, ou até mesmo, tirar selfies podem causar grande estresse aos animais

Published 06/09/2023
baleia jubarte

Foto: Instituto Baleia Jubarte

Entretenimento e mamíferos aquáticos. Esta combinação muitas vezes é a causa de um turismo de exploração animal, com atrações cruéis cujo único objetivo é o lucro. Apesar das proibições quanto às atrações com espécies em cativeiro no Brasil, os animais selvagens ainda são vítimas de práticas comerciais abusivas. Mas é possível ser diferente? É para tratar desta questão que a Proteção Animal Mundial divulga o novo relatório “Turismo Responsável com Animais Aquáticos no Brasil”.

“Todo e qualquer animal silvestre deve ter direito a uma vida livre, isenta de qualquer forma de exploração, em seu ambiente natural protegido. Tudo isso se aplica para as atividades turísticas de interação com os mamíferos aquáticos que apontamos no relatório”, explica David Maziteli, Gerente de Vida Silvestre da ONG Proteção Animal Mundial.

Maziteli alerta ainda que os animais são seres sencientes. “Ou seja, podem experimentar emoções complexas que eram antes consideradas únicas dos seres humanos, como o luto, angústia, alegria e medo. Por isso, devemos avaliar se as nossas atitudes, por exemplo, durante a atividade turística, para manter o bem-estar dos animais, não estão prejudicando a sua saúde e a integridade física, causando doenças, lesões, dor, medo ou outros sentimentos negativos”, detalha.

O Boto Cinza está na categoria vulnerável. | Foto: Instituto Boto Cinza

Ainda de acordo com Maziteli, também é importante que “as atividades não impactem a capacidade do animal de expressar comportamentos naturais típicos da sua espécie, o que não ocorreria se a intervenção não estivesse acontecendo”.

O Brasil, com sua extensa costa de mais de 8.500 km, abriga uma riqueza de ambientes naturais propícios para o turismo de observação de animais aquáticos. Uma variedade de ambientes marinhos e de água doce sustenta uma biodiversidade impressionante, incluindo diversas espécies de cetáceos, como baleias, golfinhos e botos. A depender da região, os turistas podem avistar estes animais em terra ou embarcados.

Para a organização, o país tem o potencial de liderar a transformação da indústria do turismo, incentivando práticas conscientes que beneficiam a natureza e a sociedade em geral. Confira aqui o relatório na íntegra e abaixo dicas práticas de como se comportar para promover o “turismo amigo” dos animais marinhos.

Dicas para observação de aquáticos selvagens

A Proteção Animal Mundial mapeou uma série de locais onde é possível encontrar experiências de observação:

Imagem: Divulgação

A ONG atua para engajar a população e o poder público sobre a importância do equilíbrio entre a oferta de experiências turísticas emocionantes e a proteção dos animais selvagens. Inclusive, a organização lançou recentemente um levantamento que avaliou as atuações de 8 grandes nomes do turismo (sendo 2 de atuação específica no Brasil/América Latina).

O material “De Olho na Indústria do Turismo – Responsabilidade com a Vida Silvestre: Brasil” (veja aqui) aponta que muitas empresas seguem negligenciando ou continuam lucrando com produtos que submetem animais selvagens a uma vida de sofrimento, no Brasil ou no exterior. Isso inclui shows com baleias e golfinhos, nado com botos e montarias em elefantes.

Quando o turismo é um problema

Na Amazônia, flutuantes e plataformas turísticas nas proximidades de Manaus oferecem opções que permitem aos turistas nadar, tocar e tirar selfies com botos, agravando o estresse dos animais.

No Sul, Sudeste ou Nordeste do Brasil, baleias em rota de migração e reprodução estão sujeitas a atividades que desrespeitam os protocolos de observação, ocorrendo aproximação exagerada, com motor ligado, interferência no curso de deslocamento do animal, perseguição, oferta de alimento etc.

Problemas semelhantes em outras localidades podem acontecer em atividades turísticas que envolvem peixes-bois e golfinhos, que acabam tendo seus comportamentos naturais e o bem-estar geral afetados.

O relatório destaca a necessidade de conscientização tanto dos turistas quanto dos líderes empresariais e funcionários do setor de turismo. A adoção de práticas responsáveis ​​é essencial para garantir que o turismo de observação de animais aquáticos contribua para a manutenção da saúde única.

Contatos inadequados implicam em riscos de transmissão de doenças entre animais e humanos, por isso é necessário manter a preservação do meio ambiente, a proteção animal e a preservação da biodiversidade. A Proteção Animal Mundial propõe que as más práticas sejam substituídas por alternativas ambientalmente responsáveis, colaborando para um impacto positivo no ecossistema e na qualidade de vida dos animais.

“A atividade de contemplação em vida livre é uma experiência única e emocionante. Como os animais estão em seu habitat natural, existe a possibilidade de não ocorrer o encontro, seja por questões climáticas, seja porque o animal tem liberdade para decidir não aparecer. É justamente isso que torna a experiência única e emocionante, não é previsível como um passeio que aprisiona o animal em um aquário, mas que acaba sendo cruel da perspectiva destes indivíduos”, destaca Maziteli. “Se possível, reserve mais de um dia para realizar o passeio”, sugere o especialista.

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