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América Latina e Caribe respondem por 20% da comida desperdiçada no mundo

Em todo o mundo, as causas de perda e desperdício diferem amplamente ao longo de toda a cadeia de abastecimento.

Região perde 12% de seus alimentos desde a pós-colheita. Foto: Tony Winston/Agência Brasília.

Por FAO

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A região da América Latina e do Caribe responde por 20% da quantidade total de alimentos perdidos da pós-colheita até o varejo, segundo o relatório “O estado mundial da alimentação e da agricultura 2019” (SOFA, sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Apesar de a região abrigar apenas 9% da população mundial, um quinto de todos os alimentos perdidos em todo o mundo desde a pós-colheita até o varejo é produzido na América Latina e no Caribe.

O relatório observa que, em todo o mundo, as causas de perda e desperdício de alimentos diferem amplamente ao longo de toda a cadeia de abastecimento de alimentos. As principais causas de perdas nas propriedades rurais incluem a colheita no momento errado, as más condições climáticas, as práticas incorretas de colheita e de manejo e os desafios na comercialização de produtos.

As condições inadequadas de armazenamento, bem como decisões inadequadas tomadas nos estágios iniciais da cadeia de abastecimento, geram perdas significativas e um prazo de validade mais curto para alguns produtos. Por outro lado, o armazenamento a frio adequado pode ser crucial para evitar perdas quantitativas e qualitativas de alimentos.

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Durante o transporte, uma boa infraestrutura física e logística comercial eficiente são essenciais para evitar a perda de alimentos. O processamento e a embalagem podem desempenhar um papel importante na preservação de alimentos, enquanto que as perdas podem ser causadas por instalações inadequadas, falhas no funcionamento técnico ou até mesmo erro humano.

Perda de calorias na América Latina e no Caribe

Concentrando-se apenas nas perdas que ocorrem na América Latina e no Caribe, de acordo com a FAO, a região perde 12% de seus alimentos desde a pós-colheita até, mas excluindo, o varejo, percentual ligeiramente abaixo da média global, que chega a 14%.

Quando essa mesma perda é considerada em termos de calorias, os países da América Latina e do Caribe perdem 14% das calorias que produzem.

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Pegada de carbono, água, terra

Segundo o SOFA, as perdas e desperdícios de alimentos têm três tipos de pegadas ambientais quantificáveis: de carbono, de terra e de água.

A pegada de carbono dos alimentos é a quantidade total de gases de efeito estufa emitida ao longo do ciclo de vida dos alimentos, expressada em dióxido de carbono (CO2) equivalente.

A América Latina e o Caribe são responsáveis por 16% da pegada de carbono global ocasionada pelas perdas e desperdícios de alimentos. A pegada da terra é a superfície de terra necessária para produzir os alimentos. A região é responsável por 9% da pegada terrestre do mundo devido à perda e desperdício de alimentos.

Em termos de pegada hídrica — a medida de toda a água doce usada para produzir e fornecer alimentos ao consumidor final — a região responde por 5% em nível mundial.

Todos esses impactos consideram os efeitos ambientais da perda e desperdício de alimentos da pós-colheita ao varejo, incluindo esta última etapa, diferentemente dos números apresentados anteriormente.

Iniciativas nacionais

A publicação destaca que vários países da região adotaram políticas para conter esse problema: em 2017, por exemplo, o Chile estabeleceu o Comitê Nacional de Prevenção e Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos, visando facilitar e coordenar estratégias para prevenir e reduzir a perda e desperdício de alimentos.

No Brasil, a rede nacional de bancos de alimentos, Mesa Brasil SESC, entregou, em 2017, alimentos a mais de 1,4 milhão de brasileiros por meio de parcerias público-privadas em mais de 500 municípios, com alimentos que acabariam no lixo .

A Argentina criou um Programa Nacional para a Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos em 2015. Desde então, mais de 80 instituições públicas e privadas se uniram para formar a Rede Nacional para a Redução de Perdas e Desperdícios de Alimentos. Como parte do programa, foi lançada uma campanha nacional chamada “Valorizemos os Alimentos”, que fornece informações e vídeos sobre como evitar a perda e desperdício de alimentos.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) criou o #SemDesperdicio, uma plataforma destinada a promover a inovação e a melhorar a qualidade das intervenções públicas sobre perda e desperdício de alimentos na região, na qual participam como atores a FAO, o Fórum de Bens de Consumo, a Rede Mundial de Bancos de Alimentos, a IBM e outras empresas.