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Indústria brasileira de pescado não atua para combater a pesca fantasma

Empresas responsáveis pelas marcas O Pescador, Coqueiro e Gomes da Costa não contam com ações para enfrentar o problema.

No Dia Mundial da Água, a Proteção Animal Mundial divulga a segunda edição do relatório “Fantasma sob as Ondas”. O estudo aponta que as duas maiores empresas de pescado em operação no Brasil – Camil, responsável pelas marcas Coqueiro e O Pescador, e Grupo Calvo, detentora da marca Gomes da Costa – não contam com projetos sólidos para enfrentar o problema de petrechos de pesca perdidos ou descartados nos oceanos. Conhecida como pesca fantasma, estima-se que essa prática impacta 69 mil animais marinhos por dia no Brasil.

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“De maneira geral, a indústria de frutos do mar se esforçou para implementar ações que reduzissem o número de equipamentos de pesca perdidos ou abandonados nos oceanos. O tema tem ganhado cada vez mais força nas agendas empresariais. Por outro lado, o trabalho realizado no Brasil ainda é muito incipiente. As três marcas líderes do mercado de atum do país ainda não estão engajadas com o tema”, declara João Almeida, gerente de vida silvestre da Proteção Animal Mundial.

O relatório classifica 25 empresas de frutos do mar entre os níveis 1 (estabelecendo as melhores práticas) e 5 (não engajadas) em sua capacidade de resolver o problema da pesca fantasma. Assim como no último levantamento publicado em 2018, nenhuma empresa alcançou o nível 1, mas, pela primeira vez, três das principais companhias do setor (Thai Union, TriMarine, Bolton Group) entraram no nível 2.

No Brasil, o Grupo Calvo (Gomes da Costa) foi classificado no nível 4. Apesar do tema estar previsto nas ações da empresa, as evidências de implementação são limitadas. Já a Camil (O Pescador e Coqueiro) foi colocada no nível 5 por não prever soluções para o problema em sua agenda de negócios.

A pontuação média das 15 empresas analisadas em 2018 e 2019 aumentou de 23% para 30%, com sete empresas subindo um ou mais níveis. Apesar dos progressos em relação ao último ano, o relatório mostra que há muito trabalho a ser feito para lidar com a ameaça da pesca fantasma:

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  • Atualmente, apenas nove das 25 empresas reconhecem os equipamentos de pesca perdidos ou descartados nos oceanos como um problema para elas.
  • Apenas duas companhias relatam publicamente o progresso em relação às metas sobre como agir em relação a esses petrechos. 
     

Segundo o levantamento “Maré Fantasma – Situação atual, desafios e soluções para a pesca fantasma no Brasil”, também liderado pela Proteção Animal Mundial, mais de 6 mil toneladas de redes de pesca são produzidas ou importadas por ano no Brasil. Com base nisso, e utilizando estimativas de perda de equipamentos publicadas, estima-se que mais de meia tonelada (580 kg) desses materiais podem ser abandonados ou perdidos nos mares brasileiros diariamente. De acordo com dados científicos, relatos de agências de mergulho e ações de limpeza de praia, esses equipamentos são encontrados em 70% da costa brasileira (em 12 dos 17 estados), incluindo áreas de proteção ambiental, como unidades de conservação. 

Estima-se ainda que 5 a 30% do declínio de algumas espécies pode ser atribuído a pesca fantasma. Além disso, os petrechos se decompõem em microplástico e podem entrar no corpo humano por meio dos peixes consumidos na alimentação. 

Iniciativa Global de Combate à Pesca Fantasma (GGGI)

Aliança criada em 2015 pela Proteção Animal Mundial que se dedica a enfrentar o problema dos equipamentos de pesca fantasma em escala global. A força da GGGI está na diversidade de seus participantes, incluindo a indústria pesqueira, setor privado, academia, governos – já são 13 países ativamente envolvidos -, organizações intergovernamentais – ONU Meio Ambiente (UNEP) – e não-governamentais. Cada participante tem um papel crítico a desempenhar para mitigar o equipamento fantasma local, regional e globalmente. 

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A GGGI desenvolveu o Roteiro de Boas Práticas (BPF, na sigla em inglês) para a gestão de petrechos de pesca. A estrutura é a primeira no mundo a recomendar soluções práticas e abordagens para combater a pesca fantasma em toda a cadeia de suprimento de frutos do mar, desde fabricantes de engrenagens a operadores portuários e empresas de frutos do mar. Entre os membros da GGGI estão a Thai Union e o Bolton Group.

Saiba mais em: 69 mil animais são impactados pela pesca fantasma no Brasil.