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Extinction Rebellion: movimento sai às ruas para salvar o planeta do colapso

O planeta não aguenta mais esperar e ativistas ambientais também não.

Na última semana eles bloquearam a entrada da Bolsa de Valores de Londres, eles protestaram em frente à embaixada brasileira e, na última quarta-feira (1), conseguiram fazer com que o parlamento britânico declarasse emergência climática. Eles são os ativistas do Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção, em português), um movimento que começou na capital da Inglaterra e está ganhando força internacional com milhares de vozes que gritam em uníssono pela urgência em agirmos em prol da redução de emissões poluentes, evitando o colapso climático.

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A criação da organização ocorreu após a “Declaração de Rebelião” contra o governo do Reino Unido ocorrida em outubro de 2018. “A ciência é clara: estamos vivendo a sexta extinção em massa e enfrentaremos a catástrofe se não agirmos rapidamente e com vigor”, diz um dos trechos da declaração. Na ocasião, mais de mil pessoas se uniram na Praça do Parlamento, do Palácio de Westminster, o que motivou uma série de pequenos protestos em torno da cidade. As ações foram noticiadas em veículos nacionais e internacionais, contribuindo para que as ideias reverberassem pelo mundo e ganhasse mais adeptos.

Apesar das iniciativas virem desde o ano passado, o grupo ganhou ainda mais notoriedade com o apoio de Greta Thunberg, a ativista sueca que criou o movimento pelo clima “Fridays For Future”, que levou milhares de estudantes para as ruas nas sextas-feiras para protestar. Em visita à Londres, Greta conversou com políticos do Reino Unido e antes disso já havia dito que o movimento era um dos “mais importantes e esperançosos do nosso tempo”. Ela também falou diretamente com os manifestantes. “Vim da Suécia, e lá o problema é quase o mesmo que aqui, como em todo lugar. Nada está sendo feito para parar uma crise ecológica, apesar de todas a belas palavras e promessas”, disse a jovem.

A visita de Greta ocorreu no mês de abril, quando realizaram uma série de protestos, bloqueios, eventos e festas no centro de Londres por onze dias seguidos. As manifestações do grupo chamam a atenção por serem extremamente pacíficas, já seguem a filosofia da desobediência civil não-violenta. Segundo as regras do movimento, se alguém decidir cometer um ato, como se colar a um trem por exemplo, ele deve permanecer no local, explicar porque ele está fazendo isso e depois esperar a polícia para arcar com as consequências. Com isso, mais de mil ativistas já foram preso (e logo depois soltos) no decorrer das ações.

Protestos e conquistas

Durante os protestos, eles interromperam a circulação da estação ferroviária de Canary Wharf e subiram em um comboio com mensagens de ordem. No mesmo dia, bloquearam a entrada do edifício da Bolsa de Londres com mensagens como “Diga a verdade”, “Emergência climática” e “O dinheiro não pode ser comido”. Ali, os ativistas lembraram que grandes empresas poluidoras têm cotação na Bolsa.

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Outro fato intrigante foi um grafite que apareceu próximo a um local onde ativistas haviam acampado. No desenho, uma criança sentada em frente a uma planta que brota do solo segura o símbolo da Extinction Rebellion. Ao lado, uma mensagem “A partir deste momento, acaba o desespero e começa a tática”. A obra foi atribuída, por especialistas em arte, ao famoso artista britânico Banksy, cuja identidade ainda é conhecida por poucos.

Ainda na última quarta-feira (1), o grupo realizou o “Carnaval do caos”: um protesto em frente à embaixada do Brasil denunciando as consequências da exploração desenfreada das florestas, além dos projetos do governo atual para explorar a Amazônia. “A comunidade brasileira e outros cidadãos, reúnem força, criatividade e ação e se juntam em Londres para exigir uma ação imediata contra a destruição da floresta amazônica e seus povos”, afirmou Gleu Yew, do Extinction Rebellion.

Entre as conquistas de tanto empenho à causa ambiental, o grupo conseguiu que a primeira-ministro escocesa, Nicola Sturgeon, declarasse “emergência climática”, assim como o País de Gales -, ambos pertencentes ao Reino Unido. A declaração do parlamento britânico veio por meio de uma moção apresentada pelo Partido Trabalhista, de oposição ao governo, e que mesmo assim foi aprovada por unanimidade. Agora as medidas para reduzir as emissões de gases poluentes e a perda da biodiversidade devem ser aceleradas.

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O caso mostra um dupla conquista dos “rebeldes”: conseguiram o reconhecimento da importância da luta e ainda mostrar que o tema é de interesse público, portanto não deve ser confundido com ideologia política de um partido.

Mudanças radicais

Autonomia e descentralização são algumas das palavras usadas pelo grupo para definir a base do movimento. No site oficial do Extinction Rebellion, vários textos deixam claro que a busca é por mudanças radicais para “minimizar o risco de extinção humana e colapso ecológico”.

As principais demandas são três: o governo deve explicitar o tamanho, a urgência e a importância da crise climática; No Reino Unido, o governo deve zerar as emissões até 2025 (o documento aprovado ontem coloca 2050 como meta) e, por fim, precisa criar uma assembleia popular para ouvir as evidências e discutir políticas para enfrentar a crise do clima.

Apesar de ressaltar a responsabilidade coletiva em sua lista de valores e princípios, a pressão é sobretudo voltada aos governantes e líderes econômicos: os que têm poder para instaurar políticas efetivas de longo prazo. “Nenhum governo está dizendo a verdade e essa mudança de atitude é decisiva para enfrentar a crise”, diz o manifesto com as principais reivindicações. A ideia é persuadir os governos para que entendam, reconheçam e principalmente ajam com urgência.