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Estudo traz técnicas de restauração de baixo custo para produtores rurais

A regeneração natural assistida pode recuperar a vegetação nativa nos biomas brasileiros

regeneração natural assistida
Foto: HD Mídia e WRI Brasil

A Regeneração Natural Assistida (RNA) é uma técnica que combina a recuperação natural e o plantio ativo de árvores. Com um custo relativamente baixo, este pode ser um caminho para recuperar florestas nos diferentes biomas brasileiros, mitigar as mudanças climáticas e ajudar o produtor rural a se adequar ao Código Florestal.

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Estas são as conclusões de um estudo desenvolvido pelo WRI Brasil, em parceria com Instituto Centro de Vida (ICV), Imazon e a empresa Suzano. Publicado no dia 29 de março de 2022, o estudo apresenta casos de produtores rurais, empresas e organizações que utilizaram a estratégia, contribuindo com a recuperação de milhares de hectares no Brasil e no mundo.

“Analisamos o uso da terra, causas da degradação, perfil fundiário, fontes de financiamento e atores envolvidos para identificar os fatores-chave para o sucesso da regeneração natural assistida em cada caso particular”, explica Mariana Oliveira, coordenadora de projetos do WRI Brasil e uma das autoras do estudo.

“A pesquisa revela que arranjos institucionais robustos e que contam com envolvimento de comunidades são uma condição importante para garantir a permanência da vegetação nativa em áreas regeneradas”, completa Mariana.

regeneração natural assistida
Foto: HD Mídia e WRI Brasil

O estudo

O estudo “O papel da regeneração natural assistida para acelerar a restauração de florestas e paisagens” levantou e sistematizou 24 experiências práticas de projetos, organizações e empresas que adotaram a regeneração natural assistida como parte da sua abordagem, sendo 15 no Brasil, distribuídas em oito estados (BA, ES, MT, PB, PA, PR, SC e SP).

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Além disso, o trabalho reúne e apresenta algumas das técnicas para promover a condução da regeneração natural. São intervenções em geral de baixo custo, que têm como objetivo remover barreiras para que a natureza cresça novamente. Entre as intervenções há, por exemplo, o manejo do gado, para evitar o pisoteio da vegetação que está rebrotando; a instalação de cercas; o controle de espécies invasoras e, assim como em qualquer jardim ou lavoura, também o controle das formigas e insetos.

Segundo Andréia Pinto, pesquisadora do Imazon e uma das autoras do estudo, já há na Amazônia uma grande quantidade de áreas em regeneração. Aplicar técnicas de regeneração natural assistida pode garantir que essas áreas se tornem florestas novamente.

“Há na Amazônia 7,2 milhões de hectares de áreas com vegetação em regeneração há mais de cinco anos. Conduzir essa regeneração com intervenções para que a floresta permaneça e se desenvolva pode ser uma grande oportunidade para proteger a biodiversidade e gerar renda a partir do uso econômico de produtos florestais não-madeireiros ou por meio de mercados de carbono”, diz a pesquisadora.

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Oportunidades para produtores e empresas

regeneração natural assistida
Foto: Equilíbrio Florestal e Suzano

O estudo aponta que a regeneração natural assistida é uma técnica de grande potencial para produtores que precisam recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal, para se adequarem ao Código Florestal.

“Para a agricultura familiar, é uma estratégia muito eficiente. Um dos entraves para recuperar o passivo ambiental é o limite econômico. Por ser de baixo custo de implantação, a regeneração natural assistida se torna uma técnica importante para o pequeno produtor se adequar ao Código Florestal e acessar recursos e mercados”, diz Eduardo Darvin, coordenador do Programa de Negócios Sociais do ICV, que atua com produtores rurais no norte do Mato Grosso.

A técnica também se mostra uma oportunidade promissora para a restauração em escala, com a participação de grandes atores do setor privado. A Suzano, fabricante de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, usou a condução da regeneração natural para recuperar 7 mil hectares no Parque das Neblinas, em Bertioga-SP.

“A participação do setor privado na recuperação do meio ambiente é crucial para aumentar a escala do processo de restauração, auxiliar na conexão de remanescentes naturais, formar redes de parceiros, envolver comunidades e apoiar uma economia mais sustentável”, diz Marcelo Gomes, gerente de Sustentabilidade da Suzano.

Para acessar o estudo completo, clique AQUI.

Década da Restauração

As Nações Unidas declararam a Década da Restauração de Ecossistemas até 2030, e o Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas no âmbito do compromisso do Acordo de Paris. O estudo mostra que a regeneração natural assistida é uma técnica eficiente para acelerar e dar escala à restauração, cumprindo os compromissos internacionais e reduzindo as emissões de gases que contribuem com o aquecimento global.

Casos brasileiros de Regeneração Natural Assistida

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Foto: Equilíbrio Florestal e Suzano

Bahia

  • O projeto Restauração e Monitoramento em Larga Escala, uma parceria entre a Suzano e a TNC, regenerou 1.500 hectares no Espírito Santo e na Bahia. Na Bahia, os municípios de atuação foram Caravelas, Nova Viçosa, Alcobaça, Teixeira de Freitas e Vereda.

Espírito Santo

  • O projeto Restauração e Monitoramento em Larga Escala, uma parceria entre a Suzano e a TNC, regenerou 1.500 hectares no Espírito Santo e na Bahia. No ES, os municípios de atuação foram Aracruz, Linhares, Conceição da Barra, Rio Bananal, Jaguaré, São Mateus, Vila Valério, Montanha e Mucurici.
  • O Programa Reflorestar, do governo do estado do Espírito Santo, incentivou a regeneração natural em áreas privadas a partir de um mecanismo de Pagamento por Serviços Ambientais, contribuindo para a regeneração de cerca de 4 mil hectares.

Mato Grosso

  • O projeto Poço de Carbono Florestal, liderado pela ONF Brasil, regenerou 2.103 hectares em Cotriguaçu, com o objetivo de estudar a captura de carbono, mitigação climática e gerar créditos no mercado de carbono.
  • O Parque Sesc Serra Azul regenerou 5 mil hectares de florestas em Rosário Oeste, estudando técnicas de manejo de gado e controle de exóticas.
  • O projeto Redes Socioprodutivas, do ICV, trabalha com produtores rurais de seis cadeias produtivas na restauração e regeneração de APPs em Alta Floresta, Paranaíta, Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes, Cotriguaçu e Colniza.

Paraíba

  • O projeto Conectividade para a Conservação, do Cepan, regenerou 25 hectares que interligam Reservas Particulares de Patrimônio Natural de usinas de cana-de-açúcar em Santa Rita.

Pará

  • O Imazon trabalhou com as fazendas Rio Preto e Açucena, em Paragominas, para a recuperação de 1.685 hectares para a adequação ao Código Florestal.

Paraná

  • O projeto Cultivando Esperança, liderado pela Mater Natura, trabalhou com comunidades locais para regenerar 265 hectares em Guarapuava e Inácio Martins.

Santa Catarina

  • O programa Produtor de Água do Rio Camboriú, uma parceria entre TNC e Emasa, apoiou a regeneração natural de 15 hectares em nascentes no município de Camboriú.

São Paulo

  • Em Bertioga, a Suzano e o Instituto Ecofuturo usaram a regeneração natural assistida na restauração de 7 mil hectares do Parque das Neblinas.
  • A Copaíba trabalhou com produtores rurais na Serra da Mantiqueira para recuperar nascentes e APPs em 7 hectares.
  • Uma parceria entre a TNC e a Sabesp contribuiu para a regeneração de 31 hectares em Piracaia.
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Foto: HD Mídia e WRI Brasil

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