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Estudo mostra caminho de nanoplásticos do solo, às plantas e animais

Cientistas revelam como partículas de plástico percorrem a cadeia alimentar a partir do solo contaminado até os órgãos de animais

Published 14/09/2022
alface

Um novo estudo traça a jornada dos nanoplásticos na cadeia alimentar, começando com a absorção do solo pela alface. Foto: Pixabay

Além da poluição plástica que todos podem ver, com milhões de garrafas, sacolas e outros itens espalhados por terra e mar, uma grande ameaça ao meio ambiente e à nossa saúde são os microplásticos e nanoplásticos, minúsculos pedaços de plástico que medem de 0,1 a 5000 μm e de 1 a 100 μm, respectivamente.

Estudos já detectaram microplásticos na nossa corrente sanguínea, em diferentes órgãos do corpo humano. Estes minúsculos, mas perigosos, poluentes também foram localizados na água da chuva e nos pólos norte e sul da Terra. Ou seja, estão em toda a parte, literalmente.

Foto: Pixabay

A maneira como os micro e nanoplásticos se movimentam foi estudada por pesquisadores da University of Eastern Finland que compartilharam um novo estudo que revela como os nanoplásticos percorrem a cadeia alimentar, desde serem absorvidos do solo pela alface, passando para insetos e, eventualmente, terminando em peixes.

Os pesquisadores desenvolveram uma técnica baseada em impressão digital metálica que mede nanoplásticos no solo. No estudo, os pesquisadores testaram essa técnica com um modelo de cadeia alimentar que consiste em três níveis: alface, larvas de mosca soldado negra e peixes que se alimentam de insetos.

Com a pesquisa, os autores mostram o risco que este material representa para a nossa saúde. Outro ponto a ser estudado é se este mesmo processo se repete com outras culturas e organismos.

Os microplásticos são fragmentos muito pequeninos de plástico que, infelizmente, já estão presentes em quase tudo. | Foto: iStock

Como foi feito o estudo

Durante a pesquisa, os cientistas cultivaram alface em solo contaminado com resíduos plásticos comuns, incluindo nanoplásticos de poliestireno e cloreto de polivinila, por duas semanas.

Em seguida, a alface foi colhida e alimentou larvas de mosca soldado preta (Hermetia illucens) por 5 dias. Em seguida, os peixes comeram os insetos por cinco dias, reproduzindo uma cadeia alimentar que pode acontecer em ambientes naturais.

Mosca Soldado Negra, espécie usada na pesquisa. Foto: Diego Delso | CC B SA 4.0

Resultados

Como resultado, depois de usar técnicas que envolvem microscopia eletrônica para analisar as plantas, os insetos e os peixes dissecados, os cientistas descobriram que os nanoplásticos do solo foram absorvidos pelas raízes da alface e pelas folhas das plantas.

Foto: Pixabay

Quando os insetos comeram a alface, eles também consumiram os nanoplásticos, que permaneceram em suas bocas e intestinos após 24 horas.

Quanto aos peixes, os nanoplásticos foram encontrados nas brânquias, intestinos e principalmente no fígado. Os pesquisadores observaram que nenhum nanoplástico foi encontrado nos cérebros dos peixes.

“Nossos resultados mostram que a alface pode absorver nanoplásticos do solo e transferi-los para a cadeia alimentar”, disse o principal autor do estudo, Fazel Monikh, da Universidade do Leste da Finlândia, em comunicado sobre o estudo. “Isso indica que a presença de minúsculas partículas de plástico no solo pode estar associada a um risco potencial à saúde de herbívoros e humanos se esses achados forem generalizáveis ​​para outras plantas e culturas e para ambientes de campo”.

Imagem de Silvia por Pixabay

Os autores observam que são necessárias mais pesquisas para avaliar os riscos à saúde e ao meio ambiente, mas que a técnica e o processo usados ​​no estudo podem ser replicados para mais pesquisas sobre a bioacumulação e a transferência de nanoplásticos em outras cadeias alimentares.

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