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Espécie de rã que “imita” som de cavalo é descoberta no Nordeste

Descoberta no Rio Grande do Norte, espécie foi batizada de “pocotó”.

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) são os responsáveis pela descoberta da 19ª espécie de anfíbio encontrada no bioma da Caatinga no Nordeste brasileiro.

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Caracterizada pelo tamanho pequeno, a nova espécie de rã tem canto de anúncio peculiar, que lembra o som de cavalos trotando. Devido a isso, os pesquisadores a batizaram de Pseudopaludicola pocoto. Pseudopaludicola é um gênero que compreendia, antes dessa descoberta, 18 espécies de pequenas rãs que predominam na América do Sul, ocorrendo desde o norte da Argentina à Venezuela – leste dos Andes.

Em meio a pesquisas que visavam o levantamento de oito unidades de conservação dentro do bioma da Caatinga, Felipe Medeiros, aluno do mestrado em Sistemática da Evolução e principal autor do artigo, encontrou duas espécies de anfíbios na lagoa da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), em Macaíba, na Grande Natal. Na ocasião, foram coletadas larvas de uma espécie e, da outra, gravados cantos diferentes dos já conhecidos pelos especialistas.

Com a suspeita da descoberta de uma nova espécie, os pesquisadores partiram para a pesquisa na literatura e conversas com colegas da área. Assim, descobriu-se que um grupo de estudiosos de outras universidades do país havia chegado às mesmas conclusões.

A partir disso, Medeiros e seu orientador, o professor Adrian Garda, do Departamento de Botânica, Zoologia, e os demais estudantes e bolsistas ligados ao projeto descreveram a nova espécie. O trabalho foi realizado em conjunto com professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

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Ao longo de três anos de pesquisa, foram gravados e analisados os cantos de nove espécimes em três estados da região Nordeste. A pesquisa dá ênfase à análise do canto de anúncio da nova espécie de anfíbios, que são sapos bem pequenos, de hábitos noturnos e ampla distribuição na caatinga.

O vídeo abaixo foi gravado em Serra do Barro Vermelho, município de Jaguaribe, no Ceará:

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O professor Garda explica que o canto é importante, pois, aos olhos dos leigos, não há como distinguir duas espécies, mas a diferença é percebida pelo ouvir do canto, o que tem influência, inclusive, na reprodução dos anfíbios. “Os machos cantam para atrair as fêmeas e elas só reconhecem os da sua espécie. Ou seja, cada uma canta de um jeito diferente”.

Descobertas como a da Pseudopaludicola pocoto mostram que se conhece pouco da fauna de anfíbios presentes no Rio Grande do Norte, segundo o professor Adrian. A primeira lista de catalogação científica, com 32 espécies diferentes, foi publicada para a Escola Agrícola de Jundiaí em 2013. Mas também há relatos sobre a existência desse bicho típico da Caatinga no estado de Minas Gerais.

“A biodiversidade está indo embora muito rápido e não temos tempo suficiente para descrevê-la e nem gente para trabalhar. Por isso, espécies desaparecem e não tomamos conhecimento da existência delas. Por sorte, fizemos esse registro em duas Unidades de Conservação Ambiental, nas estações ecológicas do Seridó, no Rio Grande do Norte, e de Aiuaba, no Ceará”, conta Garda.


Wallacy Medeiros/Divulgação