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Amazônia
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Foto: Tamara Saré | Agência Pará

Em janeiro, primeiro ano de 2023, a Amazônia teve 167 km² desmatados. Os dados foram divulgados pelo Sistema DETER, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), na sexta-feira, dia 10 de fevereiro. Apesar de alto, o número representa uma queda de 61% em relação a janeiro de 2022, quando a área desmatada do bioma chegou a 430 km² no bioma.

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É a primeira vez nos últimos cinco meses que a área mensal registrada é menor que a do ano anterior. Esse é o primeiro dado mensal do DETER após a posse do presidente Lula. “É positiva a observação de uma queda relevante nos dados de desmatamento de janeiro de 2023, especialmente na Amazônia, em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, ainda é cedo para falar sobre uma reversão de tendência, já que parte desta queda pode estar relacionada com uma maior cobertura de nuvens no período”, explica Daniel E Silva, especialista em Conservação do WWF-Brasil.

O papel da Amazônia no clima do planeta
Foto: Neil Palmer / CIAT | Flickr

Daneil explica ainda que o sistema DETER usa imagens de satélites com sensores ópticos que podem ser afetados pela ocorrência de nuvens e que é necessário manter a atenção e cuidado com os dados dos próximos meses.

Os dados são divulgados em momento de retomada da pauta de proteção ambiental em nível federal, como o anúncio recente da criação do plano nacional para controle do desmatamento nos biomas brasileiros e discussões sobre provável contribuições da França, da União Europeia, do Reino-Unido e dos EUA para o Fundo Amazônia, paralisado desde 2019 pelo governo Bolsonaro.

“Embora haja indicação de possível queda do desmatamento no mês de janeiro, é preciso reestruturar com máxima urgência os Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas. Importante que o Brasil retome o seu papel de liderança ambiental no cenário internacional”, afirma Frederico Machado, especialista em conservação e líder da Estratégia de Conversão Zero do WWF-Brasil.

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Segundo o DETER, os estados que mais tiveram registros de desmatamento no bioma foram o Mato Grosso (69 km²), Pará (32 km²) e Roraima (31 km²), somando 79% do total de destruição em janeiro de 2023 na Amazônia Legal. Os três municípios que mais desmataram são do estado do Mato Grosso (Porto dos Gaúchos, Querência e Tabaporã), com uma área de 33 km².

desmatamento na Amazônia
Registro feito em Cujubim (RO), na região da Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia), em uma área com cerca de 8.000 hectares de desmatamento. Foto: Nilmar Lage | Greenpeace

“Há oportunidade para nos tornarmos referência em produtividade sustentável, agricultura regenerativa, captarmos recursos no mercado de carbono e termos condições comerciais e financeiras diferenciadas por compromissos socioambientais que sejam encampados pelo governo e o setor privado. Chegou também a hora de abrirmos os olhos para os riscos de exclusão de mercados mais exigentes, como o europeu, que fechou as portas aos produtos agropecuários associados ao desmatamento”, completa Machado.

Desmatamento no Cerrado continua alto

No Cerrado, foram desmatados 442 km² em janeiro de 2023, mantendo um patamar alto de destruição no bioma, mais de duas vezes superior ao desmatamento na Amazônia. “Os ecossistemas brasileiros foram vítimas de uma política anti-ambiental criminosa, que visou prioritariamente a ‘passada da boiada’ em detrimento da proteção do precioso patrimônio natural pertencente a todos os brasileiros”, afirma o especialista em conservação.

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Os dois estados que mais desmataram no primeiro mês de 2023 são do Matopiba (área que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) – região que é considerada a principal fronteira de expansão agrícola no Brasil e uma das grandes frentes de destruição de ecossistemas do mundo. Em janeiro, a Bahia (156 km²) e o Piauí  (124 km²) contribuíram para 63% da área desmatada no bioma.

desmatamento cerrado
Desmatamento no Cerrado. Foto: Moisés Muálem | WWF-Brasil

Entre os municípios, 40% do desmatamento de janeiro se concentrou em quatro municípios do Matopiba, sendo Sebastião Leal/PI (79 km²), São Desidério/BA (49 km²), Jaborandi/BA (25 km²) e Formosa do Rio Preto/BA (21 km²).

“O Cerrado já perdeu quase 50% da sua cobertura original, e as taxas de desmatamento anual, proporcionalmente, são ainda maiores que os graves números que temos observado para a Amazônia. Isso significa que, por ora, ainda não temos o que comemorar, mas sim muito trabalho a ser feito pela frente”, analisa Frederico Machado.