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Casal de antas ajuda na reintrodução da espécie no Rio de Janeiro

As antas viviam em Ilha Solteira (SP) desde 2011 e são as primeiras do centro de conservação reinseridas na natureza.

casal antas
Foto: Vitor Marigo | Divulgação

Uma operação que envolveu mais de 20 profissionais e uma viagem de mais de mil quilômetros está ajudando na reintrodução de um casal de antas – espécie que tem um papel ecológico fundamental para preservação das florestas e que estava extinta no estado do Rio de Janeiro até 2017.

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Em uma ação conjunta entre a CTG Brasil, Ecologic, Instituto de Ação Socioambiental, Refauna e Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), um casal de antas que viviam no Centro de Conservação da Fauna Silvestre (CCFS) de Ilha Solteira, em São Paulo, será reintroduzido na natureza, mais precisamente na Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), no Rio de Janeiro.

As antas viviam em Ilha Solteira desde 2011 e são as primeiras do centro de conservação reinseridas na natureza. O espaço possui ainda várias parcerias técnicas para a reintrodução de outras espécies ameaçadas de extinção, como os tamanduás-bandeira.

Antes de serem devolvidos à natureza, os animais passam por exames para verificar a presença de doenças específicas, recebem alimentação balanceada e são acompanhados por veterinários, biólogos e outros profissionais. Os tratamentos, quando necessários, incluem até ozonioterapia, técnica mais moderna no tratamento de ferimentos – a anta fêmea transportada de Ilha Solteira até a reserva ecológica no Rio, por exemplo, chegou como vítima de queimada e foi recuperada dentro do centro.

casal de antas
Foto: Vitor Marigo | Divulgação

Todo o processo está autorizado pelos órgãos ambientais – neste caso, pelo Departamento de Fauna da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo (DeFau/SMA) e pelo Instituto Estadual do Ambiente, órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro.

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“Além de tudo isso, todos os animais que são preparados para reintrodução passam pelo estágio de semicativeiro, que auxilia na sua ambientação com o local de soltura”, explica Giulius Cesare, diretor da Ecologic, empresa responsável pela gestão dos animais do CCFS de Ilha Solteira.

As antas ficaram extintas no Rio de Janeiro de 1914 a 2017. Atualmente, existem apenas 12 antas em todo o estado. A espécie ainda é considerada extinta no Sul do Brasil, encontra-se ameaçada no Cerrado e tem as suas maiores populações no Pantanal e na Amazônia. No Rio de Janeiro, esse trabalho de restauração é feito pelo Refauna – ONG com foco na refaunação da Mata Atlântica – com a ajuda de parceiros como o Instituto ASA, que coordena o projeto ANTologia, a REGUA e o IFRJ.

Jardineiras da floresta

As antas vivem em florestas e têm um papel ecológico fundamental para a conservação e a renovação das matas. São conhecidas como “jardineiras da floresta”, por sua capacidade de promover a dispersão de sementes das árvores e por se alimentarem da vegetação, impedindo que uma planta cresça demais e exclua outras espécies, por exemplo.

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“E, por estarem entre os maiores mamíferos da fauna brasileira, as antas conseguem dispersar sementes que outras espécies não conseguem”, completa Maron Galliez, professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Refauna.

O casal de antas transportado para a reserva ecológica passará por um período de aclimatação e depois será acompanhado por 12 meses, por meio de um colar de telemetria, entre outros meios de monitoramento.

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Foto: Vitor Marigo | Divulgação

“O objetivo é verificar a capacidade de sobrevivência desses animais, onde eles estabelecem a área de vida e sua reprodução, ou seja, seu restabelecimento na natureza”, acrescenta Joana Macedo, coordenadora do projeto ANTologia.

Criado em 1979 para abrigar animais que tiveram habitat alagado pela formação do reservatório da Usina Hidrelétrica Ilha Solteira, o Centro de Conservação da Fauna Silvestre (CCFS) possui um plantel com cerca de 350 animais silvestres, pertencentes a mais de 50 espécies entre pássaros, répteis e mamíferos.