Botos da Guanabara estão entre os animais mais contaminados do mundo
Muitos dos poluentes encontrados são compostos de origem industrial já banidos no país.
Muitos dos poluentes encontrados são compostos de origem industrial já banidos no país.
A afirmação é de José Lailson Brito, coordenador das atividades de mamíferos aquáticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Há mais de 20 anos, o profissional monitora os poluentes nos organismos desses animais e os principais produtos encontrados, segundo ele, são compostos de origem industrial, muitos já banidos no país.
Presente no brasão da cidade do Rio e ícone da fauna marítima da baía, o boto-cinza é hoje um animal em extinção. De uma população de mais de 800 animais na década de 1970, com essa última morte registrada restam apenas 36. “Os botos são o retrato do que é a Baía de Guanabara, que virou um estacionamento de navios, são mais de 80 navios fundeados” disse. O oceanógrafo alertou que a poluição acústica produzida por essas embarcações também é preocupante. “O ruído debaixo d’água nas áreas de fundeio é um absurdo e espanta a fauna”.
O pesquisador também criticou a exploração sem freios do petróleo no estado. “O pré-sal elegeu a Baía de Guanabara como o centro de operações. Há vários terminais, estaleiros, em virtude da indústria do petróleo, e uma pressão para aumentar as áreas de fundeio, algo completamente absurdo, como em áreas próximas às de proteção ambiental”, denunciou.
Para o presidente da Comissão Especial da Bahia de Guanabara, Flávio Serafini, o aumento da presença frequente de barcos da indústria do petróleo tem sido pouco discutido. “Hoje, sabemos que o perfil do uso da baía está em um processo acelerado de mudança e precisamos aprofundar as questões a respeito dos licenciamentos ambientais e estudos ambientais sobre a presença industrial ali”.
Agência Brasil