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gasodutos
Foto: Divulgação Petrobras (2005)

A expansão maciça da rede global de gasodutos cria um risco de ativos irrecuperáveis de US$485,8 bilhões, de acordo com uma nova pesquisa da Global Energy Monitor (GEM). Após uma queda relacionada à Covid-19 no comissionamento de gasodutos em 2021, a indústria do gás avança com planos para contratar dezenas de milhares de quilômetros de gasodutos em 2022. Os maiores investimentos estão previstos para China, Índia, Rússia, Austrália, Estados Unidos e Brasil.

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A contratação de novos gasodutos está ocorrendo apesar da Agência Internacional de Energia (AIE) advertir que a demanda por gás deve atingir o pico já nos próximos anos. A agência adverte que o mundo deve fazer uma rápida transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, para evitar a frustração de investimento e para o cumprimento de metas climáticas.

Para 2021, a pesquisa da GEM constatou que os cancelamentos e atrasos em algumas partes do mundo foram compensados por rápidas expansões em outros lugares, particularmente em países asiáticos. Este ritmo de investimento é incompatível com o cenário de “1,5C net-zero” projetado pela AIE.

No Brasil, o desenvolvimento de gasodutos deverá acelerar rapidamente sob a Nova Lei do Gás do país. O Brasil tem US$22,2 bilhões de gasodutos em desenvolvimento, com 7.700 km propostos e 400 km em construção.

“Para o Brasil, um enorme investimento em gasodutos não será apenas ruim para a crise climática, é uma má política econômica, pois muitos desses gasodutos se tornarão ativos irrecuperáveis”, disse Gregor Clark, Gerente de Projetos do Portal Energético da GEM. Outro aspecto econômico é que as termelétricas têm encarecido o preço da energia no país. “A boa notícia é que a maioria desses novos gasodutos ainda não está em construção, portanto não é tarde demais para os brasileiros irem em uma direção diferente e escolherem as energias renováveis em vez do gás”.

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Onda de gasodutos

Globalmente, há 70.900 km de gasodutos em construção, com 122.500 km adicionais em desenvolvimento pré-construtivo. Juntos, estes custam cerca de US $485,8 bilhões em despesas de capital.

Em 2021, as encomendas globais de gasodutos caíram para 6.500 km, seu nível mais baixo desde 1996, mas grande parte desse declínio foi devido ao caos econômico e logístico causado pela pandemia de Covid-19. Com 36.800 km em construção e programados para serem comissionados em 2022, e 59.500 km adicionais programados para serem comissionados entre 2023-2030, a rede global de gás está pronta para uma grande e rápida expansão.

A China lidera o mundo no desenvolvimento de gasodutos, com 26.300 km em construção e 29.800 km adicionais em desenvolvimento e pré-construção, o que representa um risco total de ativos irrecuperáveis de US$89,1 bilhões. O boom dos gasodutos chineses está acontecendo sob a direção do recém-criado conglomerado PipeChina, o segundo maior desenvolvedor mundial de gasodutos atrás da Gazprom da Rússia.

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Nos Estados Unidos, a crescente oposição de ONGs e ativistas e uma mudança no cenário legal e regulatório contribuíram para a derrota de vários gasodutos de alto perfil em 2020-21; no entanto, ainda há gasodutos com um custo estimado em US$47,6 bilhões sendo desenvolvidos, e que pode levar os Estados Unidos a se tornem o principal exportador mundial de gás este ano.