Pará pode gerar mais de R$ 170 bilhões com Sociobioeconomia
De acordo com estudo inédito, estado pode se tornar referência mundial no setor, valorizando seu imenso ativo florestal
De acordo com estudo inédito, estado pode se tornar referência mundial no setor, valorizando seu imenso ativo florestal
Foi divulgado nesta terça-feira, 19 de outubro, o estudo “Bioeconomia da sociobiodiversidade no estado do Pará” realizado pela The Nature Conservancy (TNC), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Natura. A divulgação aconteceu durante o Fórum Mundial de Bioeconomia e traz análises socioeconômicas inéditas sobre os impactos das cadeias produtivas da sociobiodiversidade no estado.
Coordenada pelo professor Dr. Francisco de Assis Costa, do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (NAEA/UFPA), a pesquisa analisou 30 produtos da sociobiodiversidade paraense desde a produção até a comercialização.
Em 2019, o PIB gerado por essas cadeias foi de R$ 5,4 bilhões, valor três vezes maior do que o registrado pelas estatísticas oficiais do IBGE, que indicavam um valor bruto de produção de R$ 1,9 bilhão no mesmo ano, considerando apenas a produção rural, primeiro elo da cadeia produtiva. Além disso, estima-se que tenham sido gerados cerca de 224 mil empregos.
“Há um grande potencial de desenvolvimento dessas cadeias no estado, ajudando a dar escala à comercialização destes produtos, que podem ser cultivados sob a premissa do desenvolvimento sustentável.”
DR. FRANCISCO DE ASSIS COSTA, DO NÚCLEO DE ALTOS ESTUDOS DA AMAZÔNIA
Para a vice gerente da Estratégia Povos e Comunidades Indígenas e Tradicionais da TNC Brasil, Juliana Simões, essa análise é de extrema importância pois lança um olhar sobre toda a cadeia fechando o ciclo produtivo, desde o elo inicial, produção rural da sociobiodiversidade, até o final, vendas dos produtos nos mais diversos mercados.
“Este estudo inovador demostra que a bioeconomia – baseada em princípios bioecológicos – não é somente um investimento extremamente rentável para a economia local, mas também é um elemento importante para a conservação da floresta amazônica”, explica a Especialista Líder do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Juliana Salles Almeida.
“Manter a floresta em pé é a principal força motriz para fazer a região amazônica gerar receita e diminuir as desigualdades sociais, e é um dos pilares da Visão 2025 do Banco, nossa guia para a recuperação sustentável da região.”
JULIANA SALLES ALMEIDA, ESPECIALISTA LÍDER DO BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO
Os produtos que mais se destacaram foram açaí, cacau-amêndoa, castanha-do-pará, palmito, borracha, tucumã, cupuaçu-amêndoa, cumaru, murumuru e óleo de castanha-do-pará. Eles foram responsáveis por mais de 96% da renda gerada, o que equivale a R$ 5,2 bilhões. Esses produtos são aqueles cuja demanda é majoritariamente advinda do mercado consumidor de fora do estado do Pará.
Ao projetar os ganhos econômicos potenciais futuros nas próximas duas décadas, com políticas públicas adequadas, o estudo mostra que com as cadeias produtivas do açaí, cacau-amêndoa, castanha, copaíba, cumaru, andiroba, mel, buriti, cupuaçu e palmito, a renda total gerada pode chegar a R$ 170 bilhões em 2040, ou seja, aumentar em mais de 30 vezes o seu valor.
Trabalhando há mais de 20 anos com comunidades amazônicas com auxílio técnico, transferência de tecnologia, conhecimento para gestão e investimentos e instalação de agroindústrias na floresta, a Natura entende que a valoração dos serviços ambientais também são importantes fontes de renda para proporcionar negócios de impacto positivo para todos.
“Podemos ser protagonistas na agenda global de sustentabilidade e da economia de baixo carbono, se escolhermos modelos compatíveis com conservação e regeneração dos biomas.”
DENISE HILLS, DIRETORA DE SUSTENTABILIDADE DE NATURA &CO PARA AMÉRICA LATINA
“Precisamos seguir inovando com investimentos na sociobioeconomia de floresta em pé, apostando em ciência e tecnologia, aliando desenvolvimento humano e valorização das comunidades e do conhecimento tradicional”, explica a diretora de sustentabilidade de Natura &Co para América Latina, Denise Hills.
A vice gerente da TNC Brasil destaca, ainda, que além de mapear o tamanho e as potencialidades bioeconômicas, o estudo veio para contribuir com a construção de políticas inclusivas que distribuam melhor a renda dentro das cadeias produtivas, de forma a remunerar adequadamente os produtores familiares, os povos e comunidades indígenas e tradicionais.
“A extensão de floresta Amazônica e a diversidade sociocultural dos povos tradicionais do Pará fazem deste um dos maiores exportadores de produtos da sociobioeconomia brasileira”, explica Juliana Simões
Neste estudo jogamos luz sobre esta economia, destacando a necessidade de envolvimento das comunidades tradicionais para que de fato tenhamos um desenvolvimento ambiental, social e econômico inclusivo.”
JULIANA SIMÕES, VICE GERENTE DA TNC BRASIL
A ausência de políticas públicas e o avanço do desmatamento e da degradação florestal podem prejudicar o desenvolvimento da sociobioeconomia no Pará, que desde 2006 ocupa o primeiro lugar no ranking dos estados amazônicos que mais desmatam florestas, sendo responsável por 47% do desmatamento total no bioma em 2020.
Por esta razão, o estudo também traz os desafios e as recomendações para que o desenvolvimento da sociobioeconomia no Pará se dê de forma exitosa e justa, beneficiando todos os elos das cadeias produtivas e sem prejuízos ao meio ambiente ou aos povos tradicionais.
A íntegra do estudo pode ser conferida aqui .