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Geração de lixo no RJ aumenta 363 toneladas por dia

O volume adicional preenche 2,6 estádios do Maracanã; levantamento inédito alerta para impactos principalmente em cidades que ainda possuem “lixões” ativos

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Antigo lixão Jardim Gramacho. Foto: Tânia Rego | Agência Brasil

A geração de resíduos sólidos urbanos no estado do Rio de Janeiro teve um incremento de 363 toneladas por dia em um intervalo de 12 anos. É o que revela um levantamento inédito feito por pesquisadores da Universidade Veiga de Almeida (UVA). O volume adicional produzido representa mais 2,6 estádios do Maracanã preenchidos de lixo do chão ao topo anualmente.

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Entre 2010 e 2022, a geração diária de lixo no estado passou de cerca de 16.970 toneladas para 17.333 toneladas, um crescimento de 2,14%. O estudo comparou os dados mais recentes do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com as estatísticas do Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado do Rio de Janeiro (PERS), lançado em 2013, feito com base no Censo de 2010.

Apesar de ser um percentual pequeno, esse crescimento representa, em números absolutos, um incremento anual de 130.680 toneladas de resíduos a serem gerenciadas pelos municípios do Rio. Para o pesquisador Carlos Eduardo Canejo, professor do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e um dos autores do estudo, trata-se de um valor expressivo que precisa ser encarado em três frentes.

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Os lixões são uma grave ameaça à saúde pública e ao meio ambiente. Foto: Pixabay

“Há impactos do ponto de vista ambiental, em função dos potenciais impactos do descarte inadequado; econômico, devido aos custos com coleta, transporte, destinação final e disposição final dos resíduos; e social, quando percebemos que, apesar dos esforços para redução, reutilização e reciclagem dos resíduos, a sociedade fluminense ainda não conseguiu frear a geração”, explica o especialista.

Destaques na geração de lixo no RJ

Os dados revelam que a Região Metropolitana agora é responsável por 81,20% de todos os resíduos sólidos urbanos gerados no estado, uma ligeira diminuição em relação à década anterior, quando representava 84,14%. O decréscimo percentual representou uma redução de 203,94 toneladas diárias na geração desse tipo de lixo.

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Foram identificadas variações significativas de população dentro da Região Metropolitana. Cidades como Duque de Caxias, Nilópolis, Niterói, São Gonçalo, São João de Meriti e Rio de Janeiro tiveram uma redução populacional superior a 1% e, consequentemente, uma diminuição na geração diária de resíduos. Em contrapartida, cidades com taxas de crescimento populacional acima de 1%, como Belford Roxo, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Magé, Maricá, Queimados e Rio Bonito, apresentaram tendências opostas.

Enquanto a capital registrou uma queda de 145 toneladas na geração diária de resíduos sólidos urbanos, a cidade de Maricá teve o maior aumento populacional do estado durante o período (54,79%), representando um salto de 106,67 para 167,71 toneladas na produção diária desses.

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Antigo aterro se transformou em um lixão em Teresópolis. | Foto: Inea

Os pesquisadores alertam para a necessidade de atenção redobrada na gestão dos rejeitos frente à nova configuração demográfica do estado. “A redução na capital reduz custos de coleta e de disposição final, além de aumentar um pouco a vida útil do aterro sanitário de Seropédica, único local de destinação dos resíduos da capital. No entanto, pequenas cidades como Maricá enfrentam desafios maiores em função do incremento nos custos em toda a cadeia de gerenciamento e na disposição final ambientalmente adequada dos resíduos”, ressalta Ricardo Soares, coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e coautor da pesquisa.

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Os riscos são potencialmente maiores para cidades do estado que ainda possuem lixões ativos, todas com um aumento populacional e, consequentemente, uma elevação na geração diária de detritos. O crescimento na geração de resíduos sólidos urbanos por dia nesses municípios com lixões foi de 37,4% em Italva, 31,2% em São Fidélis, 29,4% em Cambuci, 25,1% em Natividade, 24,5% em Porciúncula, 17,4% em Bom Jesus do Itabapoana, 15,4% em Resende, 14,3% em Itaperuna, 12,9% em Teresópolis e 4,6% em Cordeiro.

“É preciso incorporar os dados do Censo 2022 na necessária atualização do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, documento fundamental para a formulação de políticas públicas ambientais voltadas para a gestão de resíduos em atendimento às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esse levantamento pode apoiar a atualização das políticas e orientar tomadas de decisão eficazes pelo poder público”, finaliza Soares.