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Lixo orgânico vira adubo para hortaliças e frutas em Penitenciária do PR

Em um espaço de 1,2 mil metros quadrados, a unidade está investindo em uma horta e pomar tendo como base a Agricultura Sintrópica.

O lixo orgânico da Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC), no Paraná, tem tido um novo destino. Em um espaço de 1,2 mil metros quadrados, a unidade está investindo em uma horta e um pomar sustentáveis.

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O projeto conta com a parceria da Universidade Estadual do Oeste (Unioeste) e do Conselho da Comunidade do município e prevê o reaproveitamento e a destinação correta de resíduos.

Por conta deste curso de extensão que está em encaminhamento, a Penitenciária já ganhou investimentos. Alunos da Empresa Júnior da Universidade estão investindo em um projeto de irrigação.

“A PIC também já ganhou maquinários, materiais, como enxada, insumos e outros itens importantes para que a agrofloresta se concretize”, disse o diretor da unidade, Henrique Dondoni.

A unidade já conta com uma horta, porém, ela será ampliada. “Hoje a produção semanal é de 200 kits compostos de alface, almeirão e cheiro-verde, mas com o projeto deve chegar a 1.000 kits, os quais serão destinados a entidades de ajuda, como o Provopar Estadual, e repassadas a famílias que precisam. Servidores e familiares de presos também podem levar os produtos para casa”, afirmou a responsável pelos projetos da PIC, Adriana Pereira.

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Tanto a horta quanto o pomar serão cultivados seguindo a técnica de compostagem, isto é, transformação de resíduos (sobras de frutas e legumes, e alimentos em geral, trapos de tecido, serragem, entre outros), em adubo de alta qualidade. Todo o trabalho terá acompanhamento e orientação da coordenadora do projeto, professora Mônica Sarolli Silva de Mendonça Costa.

“Este projeto de extensão objetiva levar o conhecimento sobre o aproveitamento dos resíduos alimentares gerados na PIC por meio da estabilização pela compostagem/vermicompostagem, bem como iniciar um sistema de produção de hortaliças e frutas segundo as premissas da Agricultura Sintrópica”, explicou a professora Mônica.

Esta forma de cultivo se dá por meio de uma agrofloresta, que visa o aproveitamento máximo do terreno, porém, levando em conta a preservação e a reintrodução de espécies nativas.

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Nesse modelo, as plantas são cultivadas em consórcio e dispostas em linhas paralelas, intercalando sempre espécies de portes e características diferentes.

Já a compostagem é uma técnica usada há vários anos e que se mostra eficaz em vários sentidos, desde a destinação correta do lixo, o que envolve o conceito de sustentabilidade, até a produção de um adubo orgânico natural e de alta qualidade.

Aulas

O curso de extensão terá um total de 180 horas-aula e ocorre duas vezes por semana, dentro da unidade, desde novembro. Estão sendo abordados temas como irrigação, cultivo, plantio e produção orgânica.

Aos docentes da Unioeste, cabe o ensinamento, com aulas teóricas e práticas, assim como a implantação da horta no sistema agroflorestal. Os presos serão responsáveis por conduzir as atividades de tratamento dos resíduos e produção de hortaliças e frutas, seguindo o que aprenderam.

Ao fim da formação, os alunos da Unioeste e os 20 presos participantes serão certificados pela Universidade. Aos detentos, cabe ainda o benefício de remição de pena. Um agente penitenciário e cinco professores acompanharão o processo.

Pós-cárcere

O projeto, denominado “O conhecimento como meio de ressocialização, uma segunda chance”, está sendo formulado e desenvolvido desde agosto do ano passado entre as partes envolvidas. De acordo com a gestora de projetos da PIC, novas parcerias estão sendo costuradas com a Unioeste.

“Esse contato com a universidade é extremamente importante. Acho que esse é o caminho, porque não há melhor caminho do que pela educação para conseguirmos ao menos minimizar a situação que o preso encontrará após saírem do sistema prisional”, afirmou Adriana Pereira. A questão da vida pós-cárcere também é levada em conta na elaboração do plano de aulas.

“A nossa região é toda voltada ao mundo do agronegócio e, a partir deste projeto, o preso vai sair pronto para trabalhar na terra, o que é muito importante por aqui”, explicou Dondoni, destacando a importância disso ao retorno dos detentos ao mercado de trabalho. “Ele estará capacitado para trabalhar em uma lavoura, por exemplo”, acrescentou.

Nesse sentido, a coordenadora do projeto também ressaltou que as atividades propostas serão úteis na vida deles ao sair da penitenciária. “Esperamos devolver à sociedade um ser humano mais consciente de seu papel e apto a realizar atividades que possam lhe render sustento em um segmento nobre: a produção de alimentos”, destacou Mônica.

Por Agência de Notícias do Paraná