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Produtores brasileiros apresentam baixos padrões de bem-estar animal

Empresas brasileiras estão mal classificadas no ranking global que avalia as maiores marcas de alimentação e restaurantes do mundo

bem-estar animal

A edição de 2019 do ranking global Business Benchmark on Farm Animal Welfare (BBFAW), líder na avaliação dos padrões de bem-estar animal adotados por algumas das maiores marcas de alimentos e restaurantes do mundo, não traz boas notícias para os produtores de alimentos do Brasil.

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Realizado com o apoio da Proteção Animal Mundial e da Compassion in World Farming desde 2012, o BBFAW 2019 analisou a gestão do bem-estar animal de 150 das maiores empresas de alimentos do mundo, em 23 países, por meio de 37 critérios objetivos, classificados em seis níveis. O nível 1 está no topo, demonstrando liderança em bem-estar dos animais de produção, e o nível 6 está na base, indicando empresas que ainda não reconheceram o bem-estar animal dentro do seu modelo de negócios.

O ranking analisa as informações públicas disponíveis sobre as empresas, como os relatórios anuais de sustentabilidade e outros conteúdos, como entrevistas publicadas em veículos de comunicação. A partir disso, o BBFAW desenvolveu uma metodologia complexa, com cruzamento de todos os dados, avaliados e categorizados segundo quatro pilares: compromisso e política de gerenciamento, governança e gerenciamento, liderança e inovação, e relatórios e impacto de desempenho.

Posição das empresas brasileiras

Classificadas nas posições mais baixas do ranking estão as empresas Aurora Alimentos e a Minerva Foods, esta última apesar de ter subido uma posição. As gigantes BRF e JBS seguem estagnadas em um nível intermediário, a Marfrig, em relação a avaliação de 2018, caiu para o nível 4.

“A classificação das empresas brasileiras, que não traz mudanças significativas em termos de pontuação, mostra que muito ainda deve ser feito em relação ao bem-estar animal”, afirma o gerente de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial, José Rodolfo Ciocca.  

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Para ele, a situação das gigantes brasileiras se agrava quando comparadas com seus concorrentes globais, como as americanas Cargill e Perdue Farms, ambas classificadas no nível 2. “No geral, as empresas brasileiras não deixam claro seus compromissos em questões como mutilações, enriquecimento ambiental, abate humanitário, uso de substâncias promotoras de crescimento e antibióticos, entre outras”, explica Ciocca.

Sustentabilidade e bem-estar animal

José Rodolfo Ciocca
Foto: Divulgação | Proteção Animal Mundial

Ciocca explica ainda que o movimento global por um consumo sustentável chegou definitivamente à cadeia da proteína animal. “Os consumidores, cada vez mais bem informados, estão dizendo ‘não’ para as práticas de manejo que levem sofrimento aos bovinos, suínos e aves. Essas cadeias processam globalmente milhões de toneladas por ano e podem enfrentar daqui para frente uma forte barreira comercial, caso descuidem do tema”. 

Por isso, no futuro, a Proteção Animal Mundial entende que o conceito de bem-estar animal será decisivo na decisão de compra para grande parte dos consumidores, bem como o de sustentabilidade. “Embora o movimento de bem-estar animal esteja começando a acelerar, mais trabalho precisa ser feito. A exploração de bilhões de animais em fazendas industriais intensivas não apenas causa sofrimento aos animais, como também nos expõe a doenças e coloca todos em risco. Os animais de fazenda sofrem em condições cruéis há tempos, e é hora de mudar isso. Essa ferramenta deixa claro quais empresas estão liderando e quais estão atrasadas”, salienta Ciocca. 

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Ele acrescenta que em 2019 o aumento do interesse do consumidor e do investidor, associado à crescente pressão sobre os fornecedores de empresas de alimentos, sinalizam uma “tempestade perfeita” para mudar o controle do bem-estar dos animais de produção. “As empresas que não assumirem a responsabilidade de garantir o bem-estar dos animais criados para alimentação podem esperar uma maior exigência de seus clientes e parceiros comerciais, investidores e consumidores”, finaliza Ciocca. 

Para acessar o relatório completo: www.protecaoanimalmundial.org.br