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Marca transforma sobras de tecido em bolsas e acessórios

Marca já evitou o envio para o aterro de Joinville (SC) de duas toneladas de resíduos de fábricas de uniformes da cidade.

Retalhos e sobras de tecidos remanescentes de peças confeccionadas por fábricas de uniformes de Joinville, em Santa Catarina, sempre foram descartadas como lixo. Mas, tão logo começou a imaginar a criação de uma confecção de bolsas e acessórios, a artesã Ana Carolina de Liz, 36 anos, viu que esse resíduo poderia ter melhor destino. Desde 2016, ela usa as sobras na sua confecção e, sozinha, já evitou o descarte de duas toneladas de resíduos para o aterro industrial da cidade.

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Junto com a mãe, Rosana de Sequeira, que a ajudou na concepção das peças, Ana Carolina fundou a marca Funcionárias, que produz bolsas e acessórios juntando pequenos retalhos, em um trabalho minucioso que foi destaque, por três anos consecutivos, na maior Feira de Artesanato da América Latina, realizada anualmente em Recife (PE), e também já foi exposto, além de vários locais de Santa Catarina, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Além da preocupação em reutilizar matéria-prima que teria como destino certo o lixo, Ana Carolina decidiu que as peças contariam um pouco da história do lugar onde nasceu, cresceu e formou sua família. Maior cidade industrial de Santa Catarina, e terceira do Sul do país, a tecelagem está na raiz do crescimento econômico de Joinville.

Para lembrar o cotidiano das fábricas de tecidos da cidade no início do século 20, as peças são identificadas por tags (etiquetas), feitas em papel reciclado, que lembram os antigos cartões de ponto dos trabalhadores. Naquela época – e ainda hoje -, esses trabalhadores utilizavam a bicicleta para se locomoverem e esse detalhe não ficou de fora da concepção da marca. As bicicletas – que também tornaram Joinville famosa – aparecem delicadamente impressas nos produtos feitos pelas Funcionárias. Até o nome da marca não foi escolhido por acaso.

“O nome é ligado a uma memória afetiva, vem da infância. É o nome de uma planta, de onde brota uma delicada flor bastante comum em Joinville. E na nossa casa, onde sempre foi plantada pela minha mãe. Além de dar nome à empresa, elas nos acompanham, sempre que possível, em feiras e exposições dos quais participamos e onde explicamos mais um título de Joinville, o de Cidade das Flores”, revela Ana Carolina.

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Sustentabilidade é uma escolha de vida

Além de utilizar tecidos de reuso para a confecção de bolsas, carteiras, almofadas, toalhas de piquenique, cachepôs e outros acessórios, as Funcionárias também têm uma preocupação especial com as embalagens das peças. Quando adquire algo da marca, o cliente ganha uma sacola de tecido, que posteriormente pode ser usada como ecobag. Outra atitude sustentável da empresa é não deixar nenhum pedaço de tecido para trás. Mesmo os menores cortes são reaproveitados.

“Os pequenos retalhos que sobram do processo de produção são usados para enchimento de almofadas que doamos para protetores de animais em Joinville e são usadas como caminhas por cães e gatos resgatados por eles”, explica a artesã.

Atualmente, as Funcionárias recebem resíduos de duas fábricas de uniformes de Joinville e de uma outra, que confecciona parapentes, de Jaraguá do Sul, cidade próxima. Sem o trabalho da empresa, essas fábricas teriam que pagar para enviar o material para o aterro industrial.

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“Há pouco tempo, a Valentina, minha filha de 8 anos, perguntou porque eu reaproveito tecidos em vez de comprar novos para fazer a peças. Expliquei a ela que a produção de tecidos demanda a utilização de recursos naturais, como água e energia elétrica. Também expliquei que essas sobras ocupariam um espaço no aterro que não é infinito. São lições de sustentabilidade que aprendi com meus pais e que agora procuro repassar para ela e para a irmã mais nova”, explica.

Mesmo colocando em prática lições aprendidas na infância e que ainda hoje não são tão comuns, Ana Carolina conta que o trabalho a ajudou a ampliar suas atitudes em defesa um futuro melhor. Um exemplo, entre vários outros, foi a opção, apoiada pelo marido, de usar fraldas de pano, no lugar de descartáveis, com a filha mais nova Olívia, 3 anos, que praticamente nasceu junto com as Funcionárias.

“Além de economizarmos com a compra das descartáveis, evitamos que mais lixo fosse destinado ao aterro de Joinville. Foi assim durante um ano e oito meses. E esse olhar atento para evitar desperdícios foi ampliado a partir das pesquisas para a criação das Funcionárias e tem nos guiado em cada escolha que fazemos em casa e na empresa”, finaliza.