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Bancos investem 9 vezes mais em combustíveis fósseis do que em renováveis

Estudo prova que o setor financeiro aposta pouco em fontes alternativas de energia.

Os números contrastam com as afirmações destes bancos quanto às suas intenções de combater as mudanças climáticas. | Foto: Pixabay by CC0.

Nos últimos cinco anos (2009-2014), os 25 maiores bancos privados do mundo destinaram pelo menos US$ 931 bilhões (90,5% do total) a companhias ou negócios em combustíveis fósseis, de acordo com o novo relatório lançado pelo Fair Finance Guide e pelo BankTrack. O estudo, intitulado Minando Nosso Futuro, mostra que no mesmo período o financiamento voltado a energias renováveis totalizou US$ 98 milhões, ou seja, 9,5% do total.

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Publicado simultaneamente em sete países, o relatório foi realizado a partir da investigação de 75 instituições financeiras e as operações dessas com cerca 178 empresas. Além disso, foram pesquisados mais de 540 projetos de energia renovável.

O primeiro estudo internacional a comparar financiamentos de bancos a combustíveis fósseis e energia renovável identifica a prioridade que vem sendo dada a fontes de energia “sujas” em detrimento de fontes limpas desde 2009, ano da Conferência do Clima em Copenhague. Até o final de 2014, a cada US$ 1 destinado a energia renovável pelos bancos, foram fornecidos mais de US$ 9 a combustíveis fósseis.

O relatório também aponta que três bancos americanos – Citi, JPMorgan Chase e Bank of America são os maiores financiadores de combustíveis fósseis. Entre 2009 e 2014, Citi e JPMorgan forneceram US$ 76 bilhões cada a empresas ativas em combustíveis fósseis e apenas US$ 6,5 bilhões e US$ 4,4 bilhões, respectivamente, à energia renovável. O Bank of America forneceu mais de US$ 62,7 bilhões a companhias de combustíveis fósseis e apenas US$ 5,4 bilhões à energia renovável.

Nenhum dos demais bancos entre os dez maiores financiadores de combustíveis fósseis – instituições francesas, alemães, inglesas e japonesas – destinaram mais de US$ 7,5 bilhões no período 2009-2014. Tais números, ofuscados diante do total destinado a combustíveis fósseis, contrastam com as frequentes afirmações destes bancos quanto às suas intenções de combater as mudanças climáticas.

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Dentre as 25 maiores instituições em volume de investimentos, apenas duas operam no Brasil: HSBC e Santander. O primeiro ocupa a 10ª posição no ranking e, nos últimos cinco anos, diminuiu em 6% seus investimentos em energia fóssil, ainda que esses representem 89% do total investido; já o banco de origem espanhola está na 22ª posição, tendo aumentado em 3% seus investimentos em energia fóssil, apesar desses já representarem 64% do total da instituição.

Para Carlos Thadeu C. de Oliveira, gerente técnico do Idec, “os bancos têm um papel crucial na economia e a responsabilidade de promover uma economia menos intensiva em carbono. O estudo mostra em números que as intenções ou declarações dos bancos não se traduzem em compromissos claros”. O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) também integra a coalizão internacional por meio do projeto Guia dos Bancos Responsáveis.

A Fair Finance Guide International é uma iniciativa composta por coalizões de diversas organizações que trabalham com finanças responsáveis na Bélgica, Brasil, Dinamarca, França, Indonésia, Japão, Holanda e Suécia. A FFGI é apoiada financeiramente pela Sida, a Agência Sueca pelo Desenvolvimento Internacional.

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“Os governos precisam agir. Precisamos que eles adaptem as legislações para mobilizar o setor financeiro na direção de uma economia de baixo carbono e que encoragem bancos e outras instituições financeiras a eliminar o financiamento a combustíveis fósseis, começando pelo carvão”, Alexandre Naulot, porta-voz do FFGI.

Já o BankTrack é uma organização global que monitora, realiza campanhas e apoia ONGs nos investimentos e operações de bancos comerciais internacionais.

A versão em português do resumo executivo do estudo Minando Nosso Futuro pode ser encontrada aqui.