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Ativista do Greenpeace presa na Rússia escreve cartas à mãe

A Justiça russa continua firme na decisão de manter os 30 ativistas atrás das grades.

Desde 19 de setembro, a bióloga gaúcha e ativista do Greenpeace Ana Paula Maciel está presa na Rússia. Detida durante um protesto a favor da preservação do ártico, ela já escreveu duas cartas para a família durante este tempo.

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Os textos foram enviados, por email, pela embaixada brasileira em Moscou. O formato original, escrito à mão, foi retido pela Justiça do país, segundo informou O Globo. “Os guardas, carcereiros, enfermeiros, são todos gentis e, enfim, temos que cumprir rotinas de segurança e tal, mas no fundo eles sabem que não somos criminosos”, escreveu Ana Paula.

A reportagem de O Globo, que teve acesso às cartas, afirma que as palavras demonstram uma pessoa otimista, mas apreensiva. “Tudo indica que vamos ficar (presos) de verdade um mês, mas na real ninguém sabe o que pode acontecer. Talvez dois meses, talvez mais… Na real, não penso muito nisso, vivo um dia de cada vez”, disse a ativista. 


Marcelo Camargo/ABr 

Também conta que assiste a um canal de música na cela, onde fica sozinha o dia inteiro, e reclama que tem apenas uma hora por dia para caminhar. Segundo a bióloga, ela fica animada quando vê a guia, mas se sente como um bicho no zoológico. “É uma caixa de concreto de cinco metros por cinco metros onde não dá para pegar sol”.

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Novas acusações

O Comitê Russo de Investigação afirmou, nesta semana, que foram encontrados narcóticos a bordo do navio Arctico Sunrise do Greenpeace. Em resposta, a organização ambiental afirmou que o navio foi rigorosamente inspecionado pela Guarda Costeira Russa, que buscava provas para incriminá-los.

“Nós podemos somente presumir que as autoridades russas se referem às medicações obrigatórias que carregamos a bordo, o que é estipulado pela própria legislação marítima. Qualquer declaração de que drogas ilegais foram encontradas no navio é pura invenção”, afirma a ONG, que acredita que a alegação serve apenas para desviar o foco da pressão internacional que pesa sobre a Rússia. 

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Marcelo Camargo/ABr

Apoio não falta

A situação ainda está muito complicada para os ativistas. Mesmo após os protestos da população e apoio de autoridades de diversos países, a Justiça russa continua firma na decisão de mantê-los atrás das grades.

Em solidariedade ao ocorrido, cerca de 200 manifestantes se reuniram no vão livre do MASP, em São Paulo, no último domingo (6). Até mesmo a mãe de Ana Paula, Rosangela Maciel, que mora em Porto Alegre (RS), esteve presente. Aliás, ela agradeceu o apoio dado pelo governo, por meio do Itamaraty, mas pediu que a presidente intervenha junto a Vladimir Putin, presidente da Rússia. O pedido foi protocolado ontem (9) na Presidência da República, em Brasília.

Nesta quinta-feira (10), senadores da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa apresentaram um documento à Renan Calheiros, presidente do Senado Federal do Brasil, para que o Senado se manifeste a favor da libertação de Ana Paula. Na última quarta-feira (9), já havia sido realizado um ato na Câmara dos Deputados. No evento foram recolhidas 67 assinaturas em apoio à ativista, e o documento será entregue ao embaixador russo no Brasil, Sergey Pogóssovitch.

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, também se comprometeu com os diretores do Greenpeace a interceder à Dilma Rousseff e acionar a secretaria de Justiça do Estado para entrar oficialmente no caso.

A última ação do Greenpeace foi oferecida pelo diretor-executivo internacional, Kumi Naidoo, que está se propondo a mudar-se para a Rússia para servir como garantia e libertação, sob fiança, dos 30 detidos.


Marcelo Camargo/ABr

Marcia Sousa – Redação CicloVivo