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Quilombo Kalunga é 1º território no Brasil conservado pela comunidade

Comunidade localizada na Chapada dos Veadeiros ganha reconhecimento inédito da ONU.

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Foto: AQK Associação Quilombo Kalunga

Por Pedro Peduzzi | Agência Brasil

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Em meio aos recorrentes problemas com invasores de terras, as comunidades Kalunga que vivem há mais de 300 anos na Chapada dos Veadeiros (GO) tiveram, em fevereiro, uma importante conquista: seu sítio histórico foi oficialmente registrado como o primeiro TICCA – Territórios e Áreas Conservadas por Comunidades Indígenas e Locais – do Brasil.

Localizadas nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre, no nordeste goiano, as 39 comunidades quilombolas que compõem o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga conseguem com esse reconhecimento, dado pelo Programa Ambiental das Nações Unidas, ampliar a autonomia que é necessária para a gestão de seu território, que compreende 261 mil hectares.

Foto: AQK Associação Quilombo Kalunga

O título recebido da ONU é atribuído a “territórios comunitários e tradicionais conservados, nos quais a comunidade tem profunda conexão com o lugar que habita, processos internos de gestão e governança e resultados positivos na conservação da natureza”.

“É com muito orgulho que recebemos a notícia de que o Território Kalunga, um dos maiores do Brasil, foi reconhecido pela ONU como TICCA, um território preservado. Isso significa que ainda temos muitos frutos, muita natureza e muitas belezas conservadas. Acredito que agora teremos mais parceiros para nos ajudar na luta pela conquista de todo o nosso território, disse à Agência Brasil o presidente da Associação Quilombo Kalunga (AQK), Jorge Moreira de Oliveira.

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Ritmo da natureza

A agricultura é uma atividade tradicional do povo kalunga. O plantio de baixo carbono é praticado com base no conhecimento ancestral, de plantar “no ritmo da natureza”, dispensando o uso de agrotóxicos e de máquinas.

As plantações são feitas em pequenas roças, geralmente menores que 1 hectare. Predomina a agricultura de subsistência, e as áreas cultivadas são usadas por até quatro anos. Após esse período, eles deixam a terra “descansar” por dez anos. Em geral, os kalunga comercializam apenas o excedente da produção.

Invasores

Rico em água e biodiversidade, o território kalunga é muito visado por fazendeiros interessados na extração ilegal de minérios e de madeira, e em usar as terras para pecuária e para especulação imobiliária, na expectativa de, no futuro, vendê-las a altos preços.

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Foto: AQK Associação Quilombo Kalunga

“Infelizmente, as invasões são recorrentes aqui. Em julho, por exemplo, encontramos uma área de cerca de mil hectares devastada com o uso de máquinas. Esperamos agora, com esse reconhecimento da ONU, ter mais força para enfrentar desafios como esse”, acrescenta o presidente da associação kalunga.

A expectativa é de que, com a validação obtida, os kalunga tenham, além de melhores condições de proteger seu território contra essas ameaças externas, a possibilidade de agregar ainda mais valor ao turismo de base comunitária que desenvolve e aos produtos da região.

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