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O Ministério Público Federal lançou no último sábado (14) o documentário “Marãiwatsédé: O Resgate da Terra”, que conta a história da remoção forçada dos Xavante de sua terra tradicional durante a ditadura militar e a luta pela retomada do território. O lançamento ocorreu em frente à Escola Estadual da Terra Indígena Marãiwatsédé, localizada no nordeste do Mato Grosso.

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Com 30 minutos de duração, o documentário foi produzido pela empresa Chá com Nozes. O filme conta a história da luta de mais de 40 anos dos Xavante para recuperar a posse do território de onde foram removidos à força em 1966. A desocupação forçada foi resultado da associação entre órgãos do governo federal e fazendeiros durante a ditadura. Cerca de 1/3 da população de mais de 263 índios morreu como resultado da remoção.

Personagens

O documentário ouviu indígenas que estavam entre os removidos, membros do MPF, especialistas e antropólogos. “Foi um tentativa de genocídio”, explica Wilson Rocha. “A gente percebe pela narrativa do grupo e pelo contexto histórico que o objetivo do estado brasileiro e dos empreendedores particulares a ele associados era que o grupo de índios desaparecesse, física e culturalmente, porque esse desaparecimento permitiria que as terras fossem apropriadas pelo empreendimento agropecuário”.

Na remoção, os índios foram levados para uma área que passava por uma epidemia de sarampo e ficaram sem qualquer assistência, o que resultou na morte de mais de 80 pessoas. O filme registra depoimentos emocionantes de quem presenciou as mortes, a violência e o desrespeito à cultura e às tradições do povo Xavante. “Eu vi minha família, minha mulher, meus irmãos, todos doentes. Morreram. A família toda morreu, acabou. O único sobrevivente sou eu”, lembra com emoção Dutra Tserepalhipti, um dos indígenas ouvidos pelo documentário.  

Batalha judicial continua…

Os Xavante só conseguiram a posse definitiva de sua terra tradicional em 2014, depois de muita disputa com fazendeiros e posseiros e uma longa batalha judicial. Em 2016, o MPF instaurou ação civil pública pedindo a reparação dos danos de natureza material e moral coletivos sofridos pela comunidade indígena Xavante de Marãiwatsédé. São réus na ação a União, o Estado do Mato Grosso, a Funai e 13 herdeiros da fazenda  Suiá-Missu.

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Na ação, o MPF pede reparação no valor de R$ 129 milhões aos índios, para compensar os danos morais e materiais verificados nos cerca de 48 anos nos quais a comunidade esteve privada de seu território; a restauração ambiental da terra indígena; o pedido público e formal de desculpas aos Xavante, formulado pelas autoridades brasileiras; o direito à verdade, para que os fatos sejam narrados como de fato aconteceram em todos os registros oficiais, com a declaração expressa de que, neste caso, o Estado brasileiro participou de um genocídio.

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