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Literatura dos povos indígenas ganha exposição no Sesc

Araetá: A Literatura dos Povos Originários dá visibilidade a mais de 50 povos reunindo obras literárias, fotográficas e artesanias

exposição povos indígenas
O Guajajara. Foto: Divulgação

Um panorama da produção literária de autoria indígena vai ser apresentado ao público a partir do dia 31 de agosto de 2023, na exposição Araetá – A Literatura dos Povos Originários. Escritores e escritoras que representam mais de 50 povos indígenas de diferentes regiões vão ganhar visibilidade em uma mostra que reúne ainda ilustrações, fotografias, artesanias e objetos artísticos. Para todas as idades e gratuita, a exposição contempla um programa educativo que objetiva o atendimento de escolas das redes públicas e privadas, tanto de bairros próximos aos Sesc Ipiranga quanto de outras localidades.

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Realizada pelo Sesc São Paulo, o Instituto Cultural Vale e o Ministério da Cultura, a exposição apresenta mais de 334 títulos publicados por 105 editoras do país, a exposição acontece no Sesc Ipiranga e a visitação segue até 17 de março de 2024.

Araetá – A Literatura dos Povos Originários foi idealizada por Selma Caetano, curadora e produtora executiva do Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa –, que divide o projeto curatorial da mostra com o pedagogo, teatrólogo e poeta Ademario Ribeiro Payayá, o ambientalista e escritor Kaká Werá Jekupé, o fotógrafo Richard Werá Mirim e a documentarista Cristina Flória.

exposição povos indígenas
Foto: Mre Gavião

“O acervo é composto por cantos, contos, mitos, narrativas, poesias, ensaios, romances e títulos relacionados à criação do mundo, à ancestralidade, à vivência dessa ancestralidade no presente, ao bem viver e ao papel dos anciãos nas comunidades indígenas. Há, também, a presença de livros com uma forte carga política vinculados ao ativismo e à militância com os quais os indígenas têm superado e resistido, há séculos, à invisibilidade”, explica Selma.

Fenômeno que experimenta um crescente interesse do público leitor, a edição de livros com autoria indígena tem como uma das pioneiras a escritora Eliane Potiguara, que deu início a sua produção nos anos 1970, quando imprimia textos mimeografados em um formato designado por ela como “poema-poster”.

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exposição povos indígenas
Foto: Kamikia Kisedje

Pedagoga, Eliane é um dos destaques da mostra, que também exalta as importantes colaborações de lideranças como Ailton Krenak, autor de uma série de livros que registram reflexões filosóficas e um ativismo ambiental que se contrapõe ao modo de vida ocidental, e Daniel Munduruku, escritor com mais de 60 livros publicados, que colabora como consultor literário da exposição.

“Ara e etá são termos da língua Tupi. Ara é o dia, o que está no alto, o fruto, o mundo. Etá é o plural dessa língua. Araetá, assim, nos remete aos frutos, aos dias, aos mundos da literatura dos povos originários que, nessa exposição, são percorríveis através das histórias criadas por 114 autores”, explica o curador Ademario Ribeiro Payayá.

Casa dos Saberes

Davi Kopenawa Yanomami
Ao centro: Davi Kopenawa Yanomami no encontro de Lideranças Yanomami e Ye’kuana, onde os indígenas se manifestaram contra o garimpo em suas terras. Foto: Victor Moriyama | ISA

Araetá – A Literatura dos Povos Originários também presta tributo ao escritor e xamã Davi Kopenawa, dedicando ao líder Yanomami o espaço intitulado Casa dos Saberes, que, com curadoria de Kaká Werá Jecupé, foca a experiência sensorial e estética da arte que inspira a literatura produzida por diversos povos indígenas no Brasil.

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A Casa dos Saberes é, também, um lugar onde o elo entre a tradição oral e a arte literária fica evidente por meio dos saberes ancestrais transmitidos por xamãs e pajés. O espaço reúne objetos e peças que dimensionam a inventiva artesania dos povos originários, como as cestarias dos Mehinaku e Kalapalo, do Xingu, e as cestarias e esteiras dos Baniwa, dos Baré e Ticuna, oriundos da Amazônia.

“Nesse momento em que a humanidade enfrenta o desafio de transformar o modo como se relaciona com a natureza, as visões de mundo e modo de ser dos povos originários – transmitidos há séculos por meio da literatura oral e agora acessíveis. em centenas de livros de autoria indígena disponíveis na Casa dos Saberes – oferecem ao público uma possibilidade de reflexão sobre o futuro da humanidade”, defende Kaká Werá Jacupé, ambientalista, escritor e curador do espaço.

Outras artes e espaços

exposição povos indígenas
Foto: Edgar Kanaykõ Xakriabá

O projeto expográfico da mostra também se desdobra por espaços temáticos, apresentados pelo escritor, professor e artista plástico Ariabo Kezo, do povo Balatiponé: Amazonas, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal.

A exposição ainda oferece ao público a Biblioteca Araetá, um trabalho em progresso de pesquisa e catalogação, que disponibiliza para leitura o acervo contemplado nos espaços expositivos.  Araetá destaca, igualmente, a expressividade de artistas indígenas que produzem ilustrações para livros, como Uziel Guainê, professor e escultor Maraguá que apresenta dois painéis especialmente criados para a Casa dos Saberes.

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Foto: Cristian Arapuin

A produção fotográfica, com curadoria de Cristina Flória e Richard Werá Mirim, destaca trabalhos de 14 fotógrafos, de 12 diferentes povos, dedicados a retratar suas culturas e evidenciar as nuances e singularidades de cada grupo, desempenhando um papel importante na valorização da diversidade cultural, conscientização e se constitui em uma ferramenta de autodeterminação e quebra de estereótipos geralmente associados às culturas indígenas

Em conjunto, o intuito é, por das imagens selecionadas, salvaguardar sua herança, assegurando, assim, sua transmissão para as gerações futuras.

exposição povos indígenas
Foto: Mrê Gavião

Toré

A abertura da exposição, em 30 de agosto, às 19h, reserva ao público um cerimonial que contará com a presença de todos os indígenas que participaram ativamente da exposição, como Ademario Ribeiro Payayá, curador; Kaká Werá Jecupé, curador da Casa dos Saberes; Richard Werá Mirim, curador de fotografia; Daniel Munduruku e Ariabo Kezo, consultores. Encerrando a cerimônia, a poeta indígena Marcia Kambeba faz uma performance poética, revelando ao público parte do que estará na exposição.

Depois do cerimonial de abertura haverá uma intervenção da comunidade indígena Pankararu, originários de Pernambuco, que apresentará aos visitantes o Toré, dança ritualística em retribuição aos pedidos de cura de doenças espirituais que são feitos aos encantados, entidades do mundo invisível que protegem o grupo.

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Foto: Edgar Kanaykõ Xakriabá

O Toré é realizado em espaços públicos pelos praiás, dançadores que vestem máscaras rituais feitas de croá e dançam e cantam com o maracá, o instrumento musical mais difundido entre os povos indígenas no Brasil. A apresentação é uma das ações da Associação Indígena SOS Comunidade Indígena Pankararu, um coletivo sem fins lucrativos que atua para a promoção da cultura indígena, além de promover a articulação nas áreas da educação e saúde.

Araetá – A Literatura dos Povos Originários

  • Abertura: 30/8, às 19h, com apresentação do Toré, dança ritualística do povo indígena Pankararu
  • Visitação: De 31 de agosto de 2023 a 17 de março de 2024, terças a sextas, das 9h às 21h30; sábados, das 10h às 21h30; domingos e feriados, das 10h às 18h30
  • Sesc Ipiranga: Rua Bom Pastor, 822, São Paulo (Tel.: 11 3340-2000) – www.sescsp.org.br/unidades/ipiranga
  • Instagram: @sescipiranga
exposição povos indígenas
Foto: Edgar Kanaykõ Xakriabá