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Luxemburgo é 1° país a liberar transporte público gratuito

Transporte coletivo gratuito já é realidade em algumas cidades brasileiras, mas é a primeira vez que é adotado em um país.

transporte público gratuito
Foto: djedj | Pixabay

Prometida em 2018, a implementação do transporte público gratuito era prevista para o primeiro trimestre de 2020 e, em tempo, virou realidade. No último sábado (29), Luxemburgo se tornou oficialmente o primeiro país do mundo a adotar o passe livre.

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A gratuidade foi inicialmente liberada aos sábados para quem anda de ônibus, trens e bondes – em Luxemburgo não há metrô -, agora passa a valer em todo território nacional como medida para reduzir o congestionamento.

A exceção será para viagens de primeira classe nos trens (o que é bem comum na Europa), cujos bilhetes poderão ser comprados nas estações.

Trânsito caótico

O pequeno Estado soberano de Luxemburgo possui cerca de 560 mil habitantes. O número de carros, no entanto, não acompanha seu tamanho: 662 para cada mil pessoas, segundo o New York Times. É a maior quantidade de carros em relação à população de toda a União Europeia.

Entre os fatores que contribuem para o caos está o deslocamento dos mais de 200 mil trabalhadores que cruzam a fronteira da Bélgica, França e Alemanha rumo a Luxemburgo. Ao NY Times, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Socioeconômica de Luxemburgo, Olivier Klein, afirmou que “é basicamente como uma cidade que tem subúrbios no exterior”.

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Nos últimos 20 anos, os passageiros que realizam a travessia já são o dobro e isso está afetando comunidades rurais próximas à fronteira de Luxemburgo, cujas ruas, antes tranquilas, viraram rota alternativa para a fuga do trânsito.

Soluções

Mesmo a gratuidade valendo apenas dentro do país, espera-se que a circulação de carros dos estrangeiros também seja reduzida. Isso porque o governo também promete aumentar o número de estacionamentos nas fronteiras, o número de bondes, aumentar a malha ferroviária e instalar 1.600 pontos de carregamento para veículos elétricos. Além disso, pretende criar uma “rede coesa” de ciclovias.

Outro ponto que indica que a medida terá impacto é que o carro particular é o transporte mais usado mesmo entre os residentes. Um estudo de 2018 do instituto de pesquisa local TNS Ilres revelou que 47% dos deslocamentos são para negócios e 71% para viagens de lazer. Se os modais públicos forem de qualidade, a população certamente irá preferir poupar o bolso e, consequentemente, o meio ambiente.

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“A introdução do transporte público gratuito é uma importante medida social. Você poderia descrevê-lo como a cereja no topo da estratégia global para uma revolução multimodal. Além disso, queremos reconhecer todos aqueles que já fizeram a escolha em favor do transporte público”, diz o ministro da Mobilidade, François Bausch.

Custo

Sempre que a discussão é transporte público gratuito o debate que se levanta é: quem paga a conta? O governo de Luxemburgo divulgou que arrecada 41 milhões de euros por ano (o que equivale a mais de 200 milhões de reais) com a venda de bilhetes. Pode parecer muito, mas para o país representa cerca de 8% dos custos anuais. “Considerando o dinheiro investido em outras áreas, como infraestrutura, esse valor é bastante mínimo e torna mais fácil para Luxemburgo aplicar a medida do que outras países. A perda de receita foi levada em consideração no orçamento nacional e, como todos os outros serviços, será financiado por impostos”, divulgou o governo em nota.

Transporte coletivo gratuito já é realidade em algumas cidades brasileiras, além de ser uma possibilidade testada em capitais mundo afora. Apesar de todos os entraves que enfrenta, é uma luta constante de organizações que buscam tornar o transporte coletivo acessível a todos e também daquelas que veem na alternativa uma solução para a mobilidade urbana das grandes cidades.

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