Siesta ou sesta é o costume de tirar um cochilo após o almoço. Bastante comum na Espanha, a prática vem sendo cogitada na Alemanha devido ao calor extremo.
O último mês de julho foi o mais quente já registrado, segundo o painel de mudanças climáticas Copernicus, da União Europeia. Tal fato foi sentido especialmente no continente europeu e em cidades dos Estados Unidos, que ultrapassaram, por dias consecutivos, temperaturas acima de 40°C.
Para o chefe da Associação Federal de Médicos dos Departamentos de Saúde Pública Alemães (BVOeGD), Johannes Niessen, que representa as autoridades de saúde pública, a população deveria seguir a tradição do sul da Europa: tirar cochilos ao meio-dia para se manterem produtivos à medida que as temperaturas aumentam.
“Devemos nos guiar pelo modo de trabalho dos países do sul: acordar cedo, trabalhar produtivamente pela manhã e fazer a siesta ao meio-dia. É um conceito que devemos adotar nos meses de verão”, afirmou o médico a um jornal local.
Siesta na Alemanha
Apesar de associada aos espanhóis, a siesta é comum em várias partes do mundo onde predominam temperaturas mais altas ao longo do ano – inclusive em cidades pequenas do Brasil. Faz sentido tirar uma pausa durante o horário mais quente do dia, quando nem mesmo é recomendável expor-se ao sol.
Ainda assim, a atitude do grupo de saúde pública alemão chama a atenção pelo fato de que a siesta quase sempre é associada à preguiça. A Espanha, por exemplo, já foi acusada de baixa produtividade e economia lenta pelo ato de parar as atividades no meio da tarde. Mas, agora, parece “que o jogo virou”. Após a declaração do médico, o ministro da Saúde, Karl Lauterbach, usou o Twitter para dizer que “a siesta no calor certamente não é uma má sugestão”.
Mesmo com o comentário positivo, o ministro também deixou claro que “empregadores e funcionários devem negociar isso sozinhos”, escreveu. “Certamente faz sentido do ponto de vista médico para muitas profissões”.
Calor extremo e trabalho
Os impactos do calor no mundo laboral já são reconhecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o economista do Departamento de Pesquisa da OIT, Nicolas Maître, a produtividade do trabalho já desacelera na temperatura acima de 24°C, e que a partir de 33°C, o desempenho do trabalhador pode cair até pela metade. Diversas situações dependem não só da temperatura, mas também da umidade ou da radiação solar. “Caso não seja prevenido, o estresse térmico aumenta o risco de lesões e doenças relacionadas ao calor”, aponta a agência.
Johannes Niessen recomenda que os locais de trabalho tenham “ventiladores suficientes” e que os funcionários possam adotar “roupas mais leves, mesmo que as regras de vestuário do escritório não o permitam”.
Nas medidas individuais, os trabalhadores devem beber água suficiente e ingerir porções menores ao longo do dia, à medida que as temperaturas aumentam. Por fim, Niessen alerta que uma noite de sono ruim, devido à falta de resfriamento, também leva a problemas de concentração.