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A umidade natural preservada nas rochas pode ser a chave da sobrevivência das árvores durante a seca. É esta a conclusão de um novo estudo realizado por cientistas da Universida da Califórnia em Berkeley e da Universidade do Texas em Austin, nos EUA.

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Uma camada de rocha no solo ganha e perde quantidades significativas de umidade de água. Divulgada na última terça-feira (27), a pesquisa mostra que esta camada é sobretudo um grande reservatório de água -, podendo armazenar até 27% de toda a chuva que cai ao longo de um ano. Ao menos, foi esse número que eles identificaram em uma região da Califórnia.

“Sob o solo, as intempéries podem gerar rachaduras e poros através dos quais a água viaja facilmente à medida que abre caminho”, afirmam os pesquisadores, que analisaram florestas montanhosas.

Umidade da rocha

“Pesquisas desse tipo podem ajudar muito no gerenciamento de recursos naturais em tempos de estresse ambiental”

A água armazenada é chamada de “umidade da rocha” pelos pesquisadores. Eles descobriram que, mesmo em anos de seca, quando o solo secou, ​​a umidade da rocha estava disponível e foi diminuindo lentamente. Para William Dietrich, professor de ciência terrestre e planetária na UC Berkeley, e também um dos autores do estudo, isso explica a razão pela qual as árvores da área de estudo não sofreram tanto com a severa seca de 2010-2015, que matou mais de 100 milhões de árvores em toda a Califórnia.

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“Como as árvores podem sobreviver a períodos prolongados de seca severa tem sido um mistério”, disse Richard Yuretich, diretor do programa de Observatório de Zona Crítica da Fundação Nacional de Ciência, que financiou a pesquisa. “Este estudo revelou um reservatório significativo de água presa que passou despercebida no passado. Pesquisas desse tipo podem ajudar muito no gerenciamento de recursos naturais em tempos de estresse ambiental”.

Outro ponto interessante, segundo outra autora do estudo, Daniele Rempe, professora auxiliar de ciências geológicas na UT Austin, é que a quantidade de água acumulada independe do volume de chuvas. “Não importa o quanto chova no inverno, a umidade da rocha aumenta até o mesmo valor máximo”, afirma ela. “Isso leva à mesma quantidade de água a cada verão que está disponível para uso das árvores”, completa.

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Importância da descoberta

Para Dietrich, uma grande implicação deste estudo é que os modelos climáticos globais, que não consideram a umidade da rocha, podem subestimar o nível de retorno da transpiração para a atmosfera e as consequências disso. Eles preveem uma menor umidade e temperaturas mais altas do que ocorrerão e não preverão a vegetação dominante corretamente em estados climáticos futuros.

“Os solos são importantes, mas quando se trata de determinar se um lugar vai enfrentar o estresse hídrico, poderia ser a rocha subjacente que mais importa”, salienta a professora Daniele. “Esta é a primeira vez que isso foi demonstrado em um estudo de campo de vários anos”.