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Relatório destaca 6 “representantes” dos grandes poluidores que têm acesso à Convenção do Clima

Estudo mostra que o acesso das associações da indústria fossil às negociações enfraquece a ação climática.

A Corporate Accountability International (CAI) acaba de lançar o relatório “Inside Job: Big Polluters’ lobbyists on the inside at the UNFCCC” (leia aqui) no qual expõe a pressão das associações da indústria de combustíveis fósseis nos corredores da Convenção do Clima da ONU para debilitar, enfraquecer e bloquear o progresso das negociações.

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O relatório é lançado uma semana antes dos representantes dos governos do mundo se reunirem em Bonn, na Alemanha, para continuar as negociações da UNFCCC. Nesta reunião, os governos vão, pela primeira vez na história, discutir oficialmente os conflitos de interesse presentes nas negociações. A reunião de Bonn será também o primeiro teste climático internacional da administração Trump, na qual o Departamento de Estado está sob a liderança do ex-CEO da ExxonMobil, Rex Tillerson. A presença de “T-Rex” em um cargo tão importante amplia o espectro dos conflitos de interesse tanto dentro no governo dos EUA quanto nas negociações internacionais.

“Por enquanto, centenas de associações empresariais têm acesso às negociações climáticas, e muitas delas são financiadas pelos maiores poluidores globais e por aqueles que negam a existência “das mudanças climáticas,” disse o diretor de política internacional da CAI, Tamar Lawrence-Samuel. “Com tantos incendiários na brigada de incêndio, não é de admirar que não tenhamos conseguido apagar o incêndio”.

O relatório foca seis das mais de 250 associações da sigla inglesa (BINGOs), que junta negócios, indústrias, institutos empresariais e organizações empresariais não governamentais (Business/Industry NGOs non-governmental organizations – BINGOs) atualmente admitidas nas negociações internacionais do clima: U.S. Chamber of Commerce, National Mining Association, Business Roundtable, FuelsEurope, Business Council of Australia, e International Chamber of Commerce.

Muitos destes grupos têm uma miríade de conexões com a indústria global de combustíveis fósseis segundo a análise feita pela CAI em 2016, logo antes da COP22 de Marrakech. O novo relatório expande o número de provas e evidências, revelando não somente as conexões das BINGOs com a indústria dos combustíveis fósseis, mas também as ações que estes grupos têm feito para enfraquecer, retardar ou bloquear as políticas públicas climáticas, expondo seu comportamento dúbio nas negociações. Atualmente, não existem políticas para a proteção das negociações contra as ações de organizações que buscam descarrilhar o processo.

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As discussões sobre conflitos de interesse serão feitas em Bonn durante um workshop sobre a melhoria da participação de organizações observadoras organizado pelo secretariado da UNFCCC.

As seis BINGOs abordadas no relatório são somente a ponta do iceberg, confira:

Conclusões e recomendações do relatório “Inside Job”:

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A U.S. Chamber of Commerce diz “sim senhor” para as grandes do petróleo

– Foi fundada pela Exxon Mobil, Chevron e Peabody Energy.

– Tem feito lobby contra a redução das emissões de gases de efeito estufa.

– Suas prioridades para 2017 incluem o aumento da produção de combustíveis fósseis e a oposição a qualquer tentativa de regulação das emissões de gases de efeito estuaf dentro do Clean Air Act.

– Usa ataques legais para intimidar legisladores e reguladores.

– Promove produção de “fatos ou pesquisas alternativas” para minar as políticas climáticas.

Negacionista do carvão: National Mining Association

– Representa Peabody Energy, Arch Coal, GE Mining e o American Coal Council.

– Tem falado alto contra o Acordo de Paris.

– Promove processos jurídicos para parar o Clean Power Plan.

– Faz campanhas pela produção de carvão.

Valentão do grande negócio: Business Roundtable

– Representa os CEOs da Shell, Chevron, Exxon Mobil, ConocoPhillips, Duke Energy, Phillips 66, Marathon Oil Company, Marathon Petroleum Company e Peabody Energy.

– Faz lobby para abrir terras federais dos EUA para perfuração, mineração e fracking.

– Se opõe implacavelmente ao Clean Power Plan e a regras contrárias à água e ar limpos.

– Apoia fóssildutos controversos e perigosos.

Apologista europeu dos fósseis: FuelsEurope

– Seus membros inclum BP, Exxon Mobil, Shell, Total, Lukoil e Varo Energy.

– Se opõe ao esquema europeu de comércio de emissões e a metas de redução de emissões de carbono.

– Diz que a União Europeia já está fazendo sua parte justa e que ações adicionais seriam “irrelevantes no balanço global,” ignorando sua responsabilidade histórica.

A infantaria Australiana dos fósseis: Business Council of Australia

– Seus membros incluem BHP Billiton, BP, Chevron, Exxon Mobil, Shell e Rio Tinto.

– Seu presidente é também presidente do Conselho da BHP Billiton.

– Se opõe à taxação de carbono na Austrália.

– Seus membros estão no centro dos planos controversos de mineração da Great Australian Bight.

A porteira corporativa: International Chamber of Commerce

– É a líder corporativa da UNFCCC: garante que todas as portas sejam abertas e todo acesso concedido a corporações e associações comerciais.

– Faz ultimatos velados sobre o acesso dos negócios: “Se o Acordo de Paris não trabalhar com e para o negócio, simplesmente não funcionará”

– Apoia ações fracas e não mandatórias.

O relatório salienta que “um conflito de interesse pode surgir quando atividades, relações ou situações colocam uma instituição pública e/ou um indivíduo que a representa em um conflito real, potencial ou percebido entre suas funções ou responsabilidades públicas e os interesses pessoais, institucionais ou outros”. O documento recomenda implantar um processo rigoroso e transparente para a admissão de observadores da UNFCCC. “Esse processo deve ser rigoroso o suficiente para garantir que aqueles que têm permissão para participar das negociações da UNFCCC sejam motivados pelo único interesse de proteger as pessoas e o planeta, não os interesses privados ou o que é bom para as empresas”.