Via ICMBio

No último dia 19 foi lançado no Horto Botânico do Museu Nacional (RJ), o Programa RETER-Trindade. O objetivo é restaurar as condições naturais da Ilha de Trindade, e, com isso, propiciar um ambiente propício para espécies ameaçadas da região, sobretudo aves que utilizam o local para reprodução. Dentre as espécies a serem beneficiadas estão as criticamente ameaçadas fragata-de-trindade (Fregata trinitatis), a fragata-grande (Fregatta minor nicolli) e até o atobá-de-pés-vermelhos (Sula sula), considerado extinto localmente.

Fragata-grande

Uma das principais ações a serem desenvolvidas pelo projeto é acelerar a expansão da vegetação nativa. “Com isso, podemos ajudar a recuperação do solo e contenção da erosão pois o restabelecimento dessas condições beneficia diretamente as colônias de aves marinhas”, afirma a analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio), uma das instâncias do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) envolvidas neste Programa. Ainda dentro deste contexto, será feita translocação de mudas de espécies vegetais nativas de áreas da Ilha ainda preservadas para replantio em solo já recuperado. Como ações de conservação para as espécies endêmicas, os pesquisadores irão estimular a reprodução dessas aves. “A instalação de estruturas artificiais semelhantes aos ninhos e poleiros naturais funcionarão para atrair as aves e estimular a reprodução, que hoje não mais ocorre na ilha da Trindade ”, explica Patrícia.

As espécies invasoras foram e continuam sendo grande problema na Ilha de Trindade. A vegetação sofreu impacto negativo com a introdução de plantas, porcos e cabras. Outra espécie que pode estar comprometendo a recuperação da vegetação e, potencialmente, a reprodução das aves marinhas é a catita (Mus musculus). Acredita-se que este pequeno roedor chegou à Ilha de Trindade pelos porões das embarcações vindas do continente e se alastrou rapidamente.

As ações a serem desenvolvidas neste Programa contam com o apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. O programa conta com fundamental apoio da Marinha do Brasil e da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, assim como conta uma equipe bastante experiente em relação às questões botânicas da ilha da Trindade e com demandas relacionadas às aves marinha e suas principais ameaças, formada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande(FURG), Museu Nacional do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além de pesquisadores do próprio ICMBio/CEMAVE. O programa RETER-Trindade pretende, portanto, além de restaurar condições naturais da ilha da Trindade contribuindo efetivamente para a recuperação de espécies endêmicas ameaçadas, obter informações científicas importantes para a gestão e implementação de Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral (MONA) recém criada na ilha da Trindade.