Plantas usadas por indígenas podem substituir remédios para tratar malária
18 plantas haviam sido estudadas, mas outras 26 eram desconhecidas pelos cientistas.
18 plantas haviam sido estudadas, mas outras 26 eram desconhecidas pelos cientistas.
A pesquisadora brasileira Carolina Weber Kffuri, pós-doutoranda no departamento de Horticultura da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), passou um ano em meio junto a comunidades indígenas do alto do Rio Negro estudando plantas medicinais. O resultado foi uma coleta enorme de espécies usadas para o tratamento da malária.
Sob a supervisão do professor Lin Chau Ming, Carolina pôde conhecer de perde a realidade da malária que atinge o norte do país e documentar 46 espécies. O grande valor desta experiência está no fato de que apenas 18 delas haviam sido estudadas como opções para o tratamento da malária e 26 eram, inclusive, desconhecidas pelos cientistas.
Conforme noticiado pela Agência Fapesp, entre as 46 plantas utilizadas pelos índios contra a malária, “a maioria era composta por árvores grandes e raízes, principalmente de herbáceas”, diz Carolina Kffuri. Das árvores geralmente se retira a casca, mas também são usados raízes, folhas, frutos, a planta inteira, caules e sementes. O preparo dos remédios envolve cozimento de cascas, fervura de chás, maceramento de folhas e sementes e queima de plantas até obter cinzas utilizadas in natura em banhos de vapor.
O conhecimento indígena é muito vasto. Mesmo sem estudos acadêmicos, eles sabem como as plantas devem ser ministradas, quais são tóxicas e quais pessoas não podem fazer uso delas. Segundo a pesquisadora, durante as entrevistas com os índios, eles disseram que os remédios não servem para todos e que isso depende do sangue. A informação levantou um questionamento, sobre a aplicação de determinadas espécies serem exclusivas para tipos sanguíneos específicos.
O próximo passo é encaminhar as espécies descobertas para pesquisas com bioquímicos e farmacologistas, para estudos mais aprofundados sobre seu uso na fabricação de medicamentos em laboratórios.
Redação CicloVivo