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Pesquisadores fazem registro raro de tatus-canastra em reserva do MS

Desde 2010, o projeto realiza pesquisas científicas para a proteção da espécie no Pantanal e Cerrado.

Os pesquisadores do projeto Tatu-Canastra (realizado pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e The Royal Zoological Society of Scotland) registraram com armadilhas fotográficas  pela primeira vez o aparecimento de tatu-canastra na Reserva Cisalpina, no Mato Grosso do Sul.

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O registro foi considerado raro, já que existiam somente relatos orais e não imagens da espécie na reserva ambiental, a maior do leste do estado e que faz parte de uma importante área do corredor de biodiversidade tri-nacional do Rio Paraná, de extrema importância para a conservação da fauna.

A Reserva Cisalpina é um remanescente das várzeas do rio Paraná, a maior amostra deste tipo de ecossistema que restou após o enchimento da hidrelétrica Sérgio Motta, em 1995. A paisagem é um mosaico com lagoas, córregos e canais interligados ao canal do rio Paraná, áreas abertas inundáveis e manchas florestais naturais.

A área sofreu grande impactos devido a ações de desmatamento e inundações mas, hoje, é considerada o maior remanescente de floresta protegida e se tornou um grande refúgio para a biodiversidade ao longo do rio Paraná. Ali, o tatu-canastra não era conhecido até recentemente, e não constava no Plano de Manejo para a área, elaborado pela CESP em 2006.

“Esta é a única área em território brasileiro desse corredor tri-nacional onde a espécie é agora conhecida. A aparição é importante porque mostra que se houver um novo enchimento da hidrelétrica, isso poderá afetar a reserva Cisalpina e a fauna ali existente, até bichos que ainda não foram registrados na região, como era o caso do tatu-canastra. A proteção dessa reserva se mostra agora ainda mais fundamental para a conservação da espécie, considerada vulnerável na lista vermelha das espécies ameaçadas”, comenta o biólogo Gabriel Fávero Massocato, que conduziu a pesquisa e faz parte da equipe do projeto.

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Foto:  Tatu-Canastra/Arquivo IPÊ
Foto: Tatu-Canastra/Arquivo IPÊ

Os pesquisadores contabilizaram três tatus-canastra fêmeas na reserva, por meio de registros de armadilhas fotográficas. Além disso, também encontraram 30 tocas atribuídas a escavações de tatus-canastra, que é considerado “engenheiro do ecossistema”, pois suas tocas são usadas por diversas outras espécies como abrigo e conforto térmico.

“Trinta e cinco espécies de vertebrados foram registradas na Reserva Cisalpina usando as tocas de tatu-canastra, indicando sua importância na manutenção da qualidade de habitat para um grande número de espécies ao longo do Corredor de Biodiversidade tri-nacional do Rio Paraná”, comenta o coordenador do projeto Arnaud Desbiez. Outra conclusão importante é que uma das fêmeas chegou a atravessar a rodovia BR-158. “A equipe do projeto já registrou cinco tatus-canastra atropelados no Estado esse ano. Atropelamentos apresentam um grande risco para a fauna do Mato Grosso do Sul. Isso é um ponto importante para pensar a proteção da espécie”, comenta.

O trabalho foi publicado recentemente em um artigo científico na revista Edentata, o periódico de divulgação do Grupo de Especialistas em Tamanduás, Preguiças e Tatus da IUCN/SSC.

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Desde 2010, o projeto Tatu-Canastra realiza pesquisas científicas para a proteção da espécie no Pantanal e Cerrado do MS. No Brasil, o tatu-canastra está presente na Floresta Amazônica, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. Nos pampas, é considerado extinto e não há registros da espécie na Caatinga.

“Precisamos identificar onde estão esses tatus. Conhecer os ambientes de ocorrência de tatus-canastra especialmente em unidades de conservação, é fundamental para monitorar a espécie e avaliar a viabilidade das populações a longo prazo, assim como conduzir programas de conservação para ela”, conclui Desbiez.

Foto: Tatu-Canastra/Arquivo IPÊ
Foto: Tatu-Canastra/Arquivo IPÊ