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Junho encerra com recordes de queimada e desmatamento na Amazônia

A temporada de fogo está só começando e a situação tende a piorar.

desmatamento amazônia
Alta Floresta – MT em 2020

Novos recordes de queimadas e desmatamento na Amazônia foram divulgados na última semana. A sensação é de “déjà-vu”, mas trata-se do rastro deixado pela política ambiental que conduziu o ex-ministro Ricardo Salles ao centro de um escândalo por suposto favorecimento ao contrabando de madeira. 

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O mês de junho registrou o maior número de focos de calor na Amazônia desde 2007, na comparação com o mesmo mês dos anos anteriores. Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) revelam que foram 2.308 focos de calor. O número representa um aumento de 2,6% em relação a junho de 2020, quando já havia sido batido o recorde histórico.

“Infelizmente, esse recorde no mês de junho não é uma surpresa, considerando a continuidade da política antiambiental e a insistência na utilização de uma ferramenta cara como o envio de tropas militares, que se mostrou ineficiente nos últimos dois anos. Na verdade é mais uma estratégia para inglês ver, pois, além de ser por um período mais curto do que nos anos anteriores, o próprio decreto já avisa os desmatadores e grileiros onde irão fiscalizar nesse período”, comenta Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.

Batista refere-se ao decreto, publicado em 28 de junho, que autoriza o envio das Forças Armadas para tentar controlar o desmatamento na Amazônia. Serão dois meses de operação e, como o Observatório do Clima destaca, o texto do decreto não define o que os militares irão fazer de fato: quantos envolvidos, custo da operação, quem pagará e como será a articulação com os órgãos ambientais.

Além das queimadas, o desmatamento segue em alta. Dados preliminares do sistema de alertas Deter mostram que os seis primeiros meses de 2021 computaram a maior área desmatada na Amazônia desde 2016. Já foram derrubados 3.325 km2 de floresta, 8% a mais do que o mesmo período de 2020.

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O monitoramento de junho ainda não foi fechado, logo tal número pode ser ainda maior. Aliás, é importante lembrar que o Deter, geralmente, apresenta dados subestimados em relação ao sistema oficial de monitoramento do desmatamento da Amazônia, o Prodes, que é divulgado anualmente. 

Situação tende a piorar

A temporada de fogo está só começando. Segundo o Observatório do Clima, o período crítico no bioma ocorre de julho a outubro. Além disso, uma análise feita por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e do Woodwell Climate Research Center mostra que a soma de áreas desmatadas e ainda não queimadas desde 2019 mais uma seca intensa provocada pelo fenômeno La Niña exigem atenção especial, sobretudo, na porção sul da região amazônica. 

Os pesquisadores apontam que há quase 5 mil quilômetros quadrados de área com vegetação derrubada e seca. Para se ter dimensão, a área é quase quatro vezes o município de São Paulo. A queimada seria então “a última etapa do desmatamento, a forma mais barata e rápida de limpar o terreno para seu uso posterior”, diz o IPAM. 

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Desmatamento e seca se somam, aumentando risco de grandes queimadas | Análise IPAM

Mais de um terço dessa área está concentrado em dez municípios no Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia. 

“Na Amazônia, fogo e desmatamento andam de mãos dadas. Para combatê-los, é necessário muito empenho, ações estratégicas e repressão ao crime. Infelizmente, sabemos que o atual governo não fará nada disso”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.