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Em 30 anos, Pantanal perdeu 29% de superfície de água

Em 2020, área coberta por água no bioma foi de 1,5 milhões de hectares, a menor nos últimos 36 anos

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Foto: Luciano Candisani

A maior planície úmida do planeta está mais seca. A diferença entre o total da área coberta por água e campos alagados registrada na cheia de 1988/1989 e na de 2018 é de 29%. Na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares.

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Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos. Mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, a vegetação seca vira combustível para o fogo.

De todos os biomas brasileiros, o Pantanal foi o que mais queimou nos últimos 36 anos: 57% de seu território foi queimado pelo menos uma vez no período, ou 86.403 km². Áreas de vegetação campestre e savanas foram as mais afetadas, respondendo por mais de 75% das áreas queimadas.

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Foto: Rogério Florentino | Greenpeace

Ao todo, 93% do fogo no período ocorreu em vegetação nativa; apenas 7% ocorreu em área antrópica. Em 2020 foram mais de 2,3 milhões de hectares queimados, desde 1985 esse valor só é menor do que a área queimada de 1999, com 2,5 milhões de hectares.

Enquanto 83,8% da planície estava coberta por vegetação nativa em 2020, no planalto, isso ocorreu em apenas 43,4% do território. Pastagens degradadas, a falta de florestas que protegem nascentes e rios, a construção de hidrelétricas, afetam o fluxo dos rios, que também sofrem com a deposição de sedimentos que reduzem a vazão da água, no planalto e na planície.

O uso antrópico no Pantanal cresceu 261% entre 1985 e 2020, ganhando 1,8 milhão de hectares. Nesse período, a área de pastagens na Bacia do Alto Paraguai dobrou, de 15,9% em 1985 para 30,9% em 2020. A agricultura, por sua vez, quadruplicou, passando de 1,2% em 1985 para 4,9% em 2020. Já a formação savânica, caiu de 24,4% em 1985, para 18% em 2020. Em 2020, 40% da Bacia do Alto Paraguai possui uso agropecuário.

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“A conservação do Pantanal, sua cultura e seu uso tradicional dependem dos ciclos de inundações e dos rios que nascem na região do Planalto, onde ficam as cabeceiras da Bacia do Alto Paraguai.”

Eduardo Rosa, MapBiomas
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Foto: Luciano Candisani

Livro e exposição revelam imagens das águas do Pantanal 

O fotógrafo Luciano Candisani realizou expedições pelo Pantanal e suas nascentes nos últimos dez anos e reúne seus registros sobre a imensidão aquática do Pantanal no projeto TERRA DÁGUA PANATANAL, composto por um livro fotográfico e exposição com lançamento no Estúdio 41 no dia 28 de setembro.

“De longe ou de perto, as fotografias desse ensaio jamais prescindem do fio condutor líquido: a água está presente em todas as imagens, assim como em tudo o que tem vida”, explica Candisani.

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Arte e documento se misturam nas 75 fotografias do livro, sendo a maioria delas elaboradas em incursões no período da cheia, quando os rios transbordam e o Pantanal vira um mar interior.

O Estúdio 41 promove conversas presenciais e gratuitas entre Luciano Candisani e personalidades distintas. No dia 29 de setembro, quarta-feira, às 18h, o fotógrafo conversa com a jornalista especializada em sustentabilidade Paulina Chamorro. O segundo encontro acontece entre Candisani e Araquém Alcântara para conversar sobre Fotografia Documental e o bioma Pantanal, no dia 14 de outubro, quinta-feira, às 18h. É necessário fazer inscrição prévia pelo site do Estúdio.

O livro possui uma Edição de Colecionador, aos moldes de MAGNA, de Cristiano Xavier, patrocinada pela Vento Leste e que será doada para o Documenta Pantanal. Toda a renda será revertida para entidades engajadas no combate aos incêndios na região.

Artistas arrecadam mais de R$ 2 milhões para combate ao fogo

Realizada pela iniciativa Documenta Pantanal, a campanha Artistas pelo Pantanal superou a meta e alcançou R﹩ 2.113.950,00, que serão totalmente destinados para equipar e treinar brigadas de combate ao fogo que atuam na região. A ação contou com doações de obras de 42 artistas e o valor das vendas será usado pelo SOS Pantanal para a manutenção de 14 brigadas de incêndio que atuam no Pantanal pelo período de três anos.

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Foto de Araquém Alcântara, uma das obras da campanha Artistas pelo Pantanal.

Os recursos vão financiar a aquisição de equipamentos e a realização de treinamento dos brigadistas. “Organizamos treinamentos, que já estão em curso, em parceria com os bombeiros militares da reserva, que são cadastrados como instrutores, e com o IBAMA/Prevfogo, que são especialistas em combates de incêndios florestais”, conta Leonardo Gomes, diretor de relações institucionais da SOS Pantanal.

Em 2020, o Pantanal enfrentou uma onda de incêndios que consumiu mais de 4 milhões de hectares, o que corresponde a 26% da área do bioma. A maior seca registrada nos últimos 47 anos, aliada ao manejo do fogo feito de forma incorreta por produtores para a limpeza de pastos, culminou na tragédia que gerou a morte de animais e destruição da vegetação. Nesse cenário, a campanha Artistas pelo Pantanal visa colaborar para a estruturação das brigadas, e a ideia é que as comunidades estejam melhor preparadas para o enfrentamento inicial de focos de incêndio, antes da chegada de bombeiros e outros profissionais.