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Emergência climática: calor extremo em 2023 é fruto da ação humana

Análise de cientistas reforça que o aquecimento global é causado pela humanidade e que tende a piorar sem cortes drásticos nas emissões

Published 27/07/2023
ondas de calor incêndios

Bombeiro é atendido por equipe da Cruz Vermelha no trabalho de combate aos incêndios na Grécia. Foto: Cruz Vermelha | Grécia

Ondas de calor vêm afetando o hemisfério norte, com incêndios se espalhando em uma velocidade assustadora. Julho de 2023 já é considerado o mês mais quente registrado pela ciência. Em outras partes, eventos extremos como ciclones, tempestades e enchentes vêm tirando a vida de milhares de vidas humanas e não humanas. E cientistas são categóricos ao afirmar que a raiz deste cenário catastrófico é a crise climática causada pelo homem.

O aquecimento global, na atual proporção, teria sido praticamente impossível sem o aquecimento global impulsionado pela queima de combustíveis fósseis, segundo a análise. Os dados vem do consórcio científico World Weather Attribution (WWA). De acordo com os pesquisadores o pico de calor em julho – com termômetros acima de 45°C no México e no oeste dos EUA, sul da Europa e nas terras baixas da China – tornou-se mais provável e mais severo pela crise no clima induzida pela humanidade.

Segundo a pesquisa, as ondas de calor teriam sido quase impossíveis na Europa e na América do Norte sem a mudança climática, e as altas temperaturas na China se tornaram 50 vezes mais prováveis por causa dela. “O calor extremo é mortal e está aumentando rapidamente”, atesta Julie Arrighi, diretora do Centro Climático da Cruz Vermelha.

Os resultados deixam claro que o aquecimento global causado pelo homem já está destruindo vidas e meios de subsistência em todo o mundo, tornando a necessidade de reduzir as emissões cada vez mais urgente. Essas ondas de calor brutais não são mais raras, disseram os cientistas, e vão piorar à medida que as emissões continuarem a aumentar. Se o mundo esquentar 2°C, eles acontecerão a cada dois a cinco anos.

Média das temperaturas máximas de julho ao longo da duração dos eventos de calor definidos para este estudo (lado esquerdo) e as mesmas, mas expressas em anomalias em relação a 1950-2023 (lado direito). A primeira linha mostra o oeste dos EUA e o México, a segunda, o sul da Europa e a terceira, a China. Fonte: World Weather Attribution (WWA)

Os pesquisadores afirmam ainda que as emissões de gases de efeito estufa tornaram as ondas de calor 2,5°C mais quentes na Europa, 2°C mais quentes na América do Norte e 1°C mais quentes na China do que se a humanidade não tivesse mudado a atmosfera global.

Ação urgente

“Pode ser que este seja visto como um verão frio no futuro, a menos que paremos rapidamente de queimar combustíveis fósseis. Este não é o ‘novo normal’. Enquanto continuarmos queimando combustíveis fósseis, veremos cada vez mais desses extremos”, explica Friederike Otto, cientista do Imperial College London, um dos autores do estudo.

Em março, uma relatório dos principais cientistas do clima, endossado por diversos governantes do mundo, já alertava para a situação. “Há uma janela de oportunidade se fechando rapidamente para garantir um futuro habitável e sustentável para todos”. A análise mais recente demonstrou a rapidez com que essa janela está se fechando.

No início de julho, recordes de temperatura foram quebrados em muitos lugares no sul da Europa, no oeste dos EUA, no México e na China, causando mortes e incêndios florestais relacionados ao calor. A primeira semana de julho registrou as temperaturas globais mais altas da história .

Pessoas recebem atendimento da Cruz Vermelha na Grécia, atingida por incêndios e ondas de calor. Foto: Cruz Vermelha | Grécia

“Os políticos costumam afirmar que se preocupam com as pessoas normais e com os pobres. Se valorizamos as pessoas, é bastante óbvio o que precisamos fazer. Eu não acho que evidências mais fortes já foram apresentadas para uma questão científica”, reforça Friederike.

COP28

Otto disse que é “absolutamente crítico” que os governos concordem em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis na cúpula do clima da ONU COP28, que começa em 30 de novembro. Importante lembrar que presidente da cúpula, Sultan Al Jaber, também é CEO da estatal de petróleo e gás do país anfitrião, os Emirados Árabes Unidos .

“Ainda temos tempo para garantir um futuro seguro e saudável”, disse Otto. “Se não o fizermos, dezenas de milhares de pessoas continuarão morrendo de causas relacionadas ao calor a cada ano.”

Foto: Qaus Ahmad | Unsplash

Quer saber mais?

Clique AQUI para acessar o estudo completo da World Weather Attribution (WWA). Abaixo, seguem as principais descobertas dos cientistas:

Com informações de Climainfo, The Guardian e World Weather Attribution (WWA)

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