- Publicidade -

Tucson é uma cidade dos Estados Unidos localizada no deserto do Arizona. Apesar da cidade receber mais chuva que outros locais de clima desértico no mundo, seu solo tem alta perda líquida, o que faz com que o clima se mantenha seco.

- Publicidade -

A técnica do “jardim de chuva” se espalhou pela cidade de Tucson após uma viagem do permacultor Brad Lancaster para o Zimbábue, onde conheceu Zephaniah Phiri Maseko, conhecido por ser o homem que plantava chuva (conheça a história aqui).

Phiri desenvolveu uma metodologia que faz com que a água da chuva se fixe ao solo, isso por meio de mudanças em inclinações no terreno e plantio de diversas espécies de plantas. Também conhecida como esponja viva, a técnica modifica totalmente o cenário de regiões áridas. (entenda aqui)

De volta a Tucson, Lancaster começou a aplicar o conceito em sua própria residência, a primeira lição que aprendeu com Phiri foi: a observação. Quando começou a chover, ele e seu irmão saíam para a rua para ver para onde a água corria. Então eles começaram a construir algumas valas circulares mais profundas em torno da casa com vegetação para absorver a água da chuva. Durante a estação mais seca, eles direcionavam a água cinza – oriunda do chuveiro, lavanderia e torneiras da residência -, também para estes locais. Apenas aplicando este método, eles modificaram totalmente a paisagem de sua propriedade e nunca mais tiveram problemas com inundações, antes frequentes.

Nos Estados Unidos, uma família padrão usa de 30% a 50% do seu consumo de água para irrigar seus jardins de forma ineficiente. Os irmãos começaram a plantar frutíferas nativas e plantas mais resistentes à seca. Outra coisa que eles implementaram foi manter as folhas no solo, elas ajudam a reduzir a evaporação e perda de água.

- Publicidade -

A ideia pegou e muitos vizinhos começaram a fazer o mesmo. Em apenas oito anos, eles conseguiram transformar uma rua que era conhecida por ser uma das mais feias do país em um local cercado por verde e vegetação. Isso no meio do deserto, apenas usando a água da chuva.

Com o plantio das espécies nativas, dezenas de espécies de pássaros passaram a visitar o local. As sombras das árvores diminuíram a temperatura em até 6oC. Com isso, as pessoas começaram a sair mais às ruas, andar de bicicleta, e, como consequência, aconteceu um fato inesperado: a queda nos índices de criminalidade na região.

Lancaster e seus vizinhos viraram um grande time. Eles perceberam que quando chovia bastante, a rua fluía como um grande rio, mas a água era toda desperdiçada indo para os bueiros. Então eles começaram a cortar o meio fio e fazer entradas nas calçadas, como bolsões de água. Isso era ilegal naquele tempo, mas assim eles descobriram que todas as ruas poderiam se tornar grandes corredores de espécies nativas, com frutíferas e fauna, irrigadas apenas com a chuva, nada mais que isso. A técnica ajudou também a controlar as inundações.

- Publicidade -

Eles foram até a prefeitura da cidade e mostraram os resultados que tiveram. A prefeitura não só liberou o corte do meio fio, como também decidiu transformar a prática como um pré-requisito para novas obras de vias.

O time de Lancaster começou a fazer diversos eventos como palestras, plantios coletivos e workshops para divulgar a prática. Só na vizinhança deles, foram plantadas mais de 1.400 árvores frutíferas, transformando o bairro de Dunbar Springs em um “bairro esponja”.

O permacultor, que é autor de diversos livros sobre o tema, explica que não é preciso ter um jardim para começar a plantar jardins de chuva, pois a maioria dos jardins estão localizados em lugares públicos, como esquinas, rotatórias e calçadas. É possível fazê-los em igrejas, escolas e até mesmo em estacionamentos de carros. Isso em qualquer clima, seco ou chuvoso.

“É sobre usar o que você já tem, e não o que você comprou, ou importou. É sobre se associar ao ambiente natural e não lutar contra ele. É sobre elevar o potencial de vida”, disse o permacultor durante uma palestra no TED Talks.

Confira a palestra na íntegra (em inglês, mas é possível ativar legendas em português):

Mayra Rosa – Redação CicloVivo