WWF instala gota gigante na Avenida Paulista
No Dia Mundial do Meio Ambiente, organização ambiental fez alerta sobre crise de abastecimento em São Paulo.
No Dia Mundial do Meio Ambiente, organização ambiental fez alerta sobre crise de abastecimento em São Paulo.
Para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado na última quinta-feira (5), a organização ambientalista WWF-Brasil fez um alerta para a população brasileira sobre a questão da gestão adequada dos recursos naturais, com foco na crise de abastecimento de água vivida atualmente na região metropolitana de São Paulo.
Com a mensagem “É a gota d’água!”, a organização instalou uma gota de água inflável, com 10 metros de altura, na Avenida Paulista, em frente ao Parque Trianon. O objetivo é transformar a crise em oportunidade para repensar o modo como os recursos hídricos são geridos, não só em São Paulo, mas em todas as grandes e médias cidades brasileiras.
Crédito da imagem: WWF-Brasil/Dino Almeida
“Soluções de curto prazo para problemas ambientais são geralmente desastrosas. A crise de água em São Paulo é a prova que a gestão dos recursos hídricos requer investimentos e planejamento de longo prazo. É um compromisso de todos: governos, empresas e sociedade civil”, afirma a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecilia Wey de Brito, citando que aos governos cabe implementar políticas e instrumentos, com orçamentos compatíveis; às empresas seguir a legislação ambiental, buscar inovações para a redução do uso de água em processos produtivos e interagir com a comunidade. Já o cidadão deve economizar água em casa, participar dos comitês de bacias da sua região e fiscalizar e cobrar ações responsáveis do setor público e privado.
Com a sua pior crise nos últimos 70 anos, o colapso de abastecimento de água no Sistema Cantareira se deve a uma série de fatores integrados, entre os quais a questão da seca e das mudanças climáticas é apenas um dos fatores que contribui para a crise. A falta de investimentos em planejamento aliada a falta de governança do sistema de gerenciamento de recursos hídricos e ao desrespeito à legislação ambiental, como a ocupação irregular e o desmatamento de áreas como nascentes e matas ciliares, são as principais razões do problema.
Crédito da imagem: WWF-Brasil/Dino Almeida
Outro agravante é o aumento da demanda devido ao uso irracional do recurso e ao crescimento populacional. “Entre 2004 e 2013, o consumo de água nos 33 municípios abastecidos pela Sabesp aumentou em 26%, enquanto a produção cresceu apenas 9%. Ou seja, há um claro descompasso entre demanda e oferta de água”, afirma Maria Cecilia.
O WWF-Brasil também aponta o risco para a biodiversidade aquática com a decisão do Governo do Estado de São Paulo em utilizar o volume morto do Sistema Cantareira, com impacto direto na economia pesqueira e turística da região. “O volume morto é o último refúgio dos peixes e da fauna aquática, mas nessas condições a temperatura da água fica mais quente, diminui o oxigênio dissolvido e aumenta a mortandade de muitos peixes”, explica Maria Cecilia, estimando que até o momento foram perdidas 20 toneladas de peixes.
A utilização do volume morto também traz riscos à saúde humana e aumenta o custo de tratamento da água, já que a parte funda do reservatório acumula sedimentos, matéria orgânica e metais pesados que se decantam ali. “O governo irá gastar 40% a mais para desintoxicar e tratar a água do volume morto. Ainda assim, não há tecnologias disponíveis para a eliminação completa de metais pesados. A população de São Paulo deve ficar de olho na saúde e também no bolso, pois já é certo que esse custo extra será repassado ao consumidor a partir de 2015”, diz a secretária-geral.
Crédito da imagem: WWF-Brasil/Dino Almeida
Para o WWF-Brasil, a crise deve criar oportunidades de investimento na gestão, no mínimo 0,5% do PIB por ano em planejamento e gestão de recursos hídricos no país. Reformar os sistemas de captação, tratamento e distribuição da água, que desperdiça uma média de 40% no país, são ações relativamente simples que podem trazer grandes benefícios.
Com a ação “É a Gota D’Água”, o WWF-Brasil espera que a crise seja transformada em oportunidade para repensar a gestão dos recursos hídricos. “A gestão não deve ser somente para atender a demanda, mas também para garantir a oferta”, finaliza Maria Cecília.
Crédito da imagem: WWF-Brasil/Dino Almeida