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Alunas do Ensino Fundamental desenvolvem composto orgânico que substitui agrotóxico

Produto foi premiado em feira científica da USP e pode ser a solução viável para plantações sustentáveis e produtivas

agrotóxicos

Em 2018, as estudantes paranaenses Sarah Bernard Guttman e Luiza Fontes Bonardi começaram a pesquisar um produto orgânico que fosse capaz de substituir os agrotóxicos. Ambas estavam no 9º ano do Ensino Fundamental do colégio Positivo, em Curitiba.

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“Nossa motivação veio de um cartaz alertando para o fato do Brasil ser o país que mais consome agrotóxicos no mundo – como forma de combater insetos, pragas e doenças e garantir a produtividade na plantação. Na hora, veio a ideia de fazer algo para mudar isso”, recorda Sarah, hoje estudante do 2º ano do Ensino Médio.

Este ano, as duas foram premiadas na 18ª Febrace – Feira Brasileira de Ciências e Engenharia 2020, realizada de forma remota. As alunas, apresentaram o resultado da pesquisa de 2 anos: o projeto AgroAtóxico, que prevê a substituição de agrotóxicos por um composto orgânico. O trabalho premiado será publicado na revista científica InCiência.

A orientadora da pesquisa, a professora Suellyn Homan conta que houve uma série de estudos com plantas medicinais que desempenhassem o mesmo papel de proteção da plantação de um agrotóxico. “Para nossa surpresa, nos testes iniciais, o produto foi tão bom que estimulou o crescimento das plantas. Mas decidimos mudar a formulação, pois utilizamos própolis, um ingrediente que acabava encarecendo o produto”, revela.

Agricultura sustentável

O uso de defensivos agrícolas pode causar sérios danos ao meio ambiente, como contaminação do solo e dos recursos hídricos; e à saúde, como alterações cromossômicas, câncer de diversos tipos, doenças respiratórias, entre outras. Segundo Suellyn, o bem estar dos agricultores que têm contato direto com agrotóxicos também motivou as estudantes a seguirem com sua pesquisa.

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Segundo Sarah, o AgroAtóxico consegue suprir o uso dos defensivos agrícolas em pequenas e médias propriedades, mas ainda falta testar em larga escala. “Com os resultados que temos hoje, indicamos para pequenas plantações e hortas caseiras”, detalha.

As estudantes Sarah Bernard Guttman e Luiza Fontes Bonardi. Foto: divulgação

Produção em larga escala

Com a premiação, o objetivo da equipe é testar em larga escala e patentear a fórmula para entregar a solução para cooperativas e agricultores familiares.

“Estudos já mostraram que, se não fizermos uma mudança na produção de orgânicos, é provável que todos os biomas, em especial o Cerrado, o mais explorado por conta da soja e do pasto, serão extintos em seis anos”, revela Sarah.

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De acordo com a estudante, é importante pensar em soluções para a produção de orgânicos. “Ainda é um tabu, mas a produção de orgânicos em grandes propriedades não só é possível como é o futuro do abastecimento sustentável”. 

“Foi muito esforço colocado na pesquisa e até para chegar na Febrace, que é uma premiação nacional e envolve inúmeros projetos. E também ajudou a provar nossa capacidade como cientistas”, conclui Sarah.

Plantação de morango com o AgroAtóxico. Foto: divulgação

Valorizando a pesquisa científica

A Febrace é considerada um “vestibular das feiras científicas pré-universitárias”, segundo explica a coordenadora de Pesquisa Científica e Empreendedorismo do Colégio Positivo, Irinéia Inês Scota. Para a 18ª edição da feira, 66 mil estudantes desenvolveram trabalhos de pesquisa científica e tecnológica, que foram submetidos diretamente ou se destacaram em uma das 123 feiras regionais promovidas pelas instituições afiliadas.

Toda a crescente agenda de eventos valorizando a produção científica pré-universitária demonstra o impacto positivo de oportunizar o contato com a pesquisa aos estudantes desde os primeiros anos do ensino, a fim de criar um ambiente favorável à inovação.

“Quem participa e toma gosto pela pesquisa no Ensino Básico rompe os limites da sala de aula para interferir no mundo. Aprende muito cedo a lidar com dados, a trabalhar com metodologia, a analisar resultados e a persistir com o estudo quando algo dá errado até chegar a uma conclusão. Isso muda a mentalidade e faz toda diferença na vida”, defende a coordenadora.