- Publicidade -

Arquipélago de Alcatrazes, no litoral de SP, é aberto à visitação

Conjunto de ilhas foi aberto oficialmente ao turismo náutico, contemplação de aves e mergulho.

ecoturismo
Foto: Kelen Leite

O arquipélago de Alcatrazes, localizado a 45km do porto de São Sebastião (SP), foi aberto oficialmente ao turismo náutico, contemplação de aves e mergulho. Foram quase 30 anos de espera e muita expectativa de mergulhadores, operadores de turismo, moradores da região e turistas. A iniciativa liderada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Marinha vai fomentar o turismo ecológico no Litoral Norte de São Paulo. 

- Publicidade -

A abertura para visitação de Alcatrazes é a realização de um desejo da comunidade. “Nosso objetivo é estimular a conscientização e a sensibilização dos turistas através do contato direto com a natureza. As pessoas precisam visitar e conhecer as Unidades de Conservação para entender a relevância de se preservar a biodiversidade. A sensação de alegria e energia das pessoas podendo acessar o local de forma sustentável é incrível”, afirma Kelen Luciana Leite, Chefe da Estação Ecológica Tupinambás e Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes.

O Refúgio de Alcatrazes abriga mais de 1300 espécies, sendo que 100 delas sofrem ameaça de serem extintas. No refúgio encontra-se o maior ninhal de fragatas (Fregata magnificens) do Atlântico Sul e é área de alimentação, reprodução e descanso para mais de 10 mil aves marinhas. O arquipélago também está na rota de migração das baleias Jubarte (Megaptera novaengliae), que podem ser avistadas próximas às ilhas entre os meses de junho e setembro.

“O momento é único não só pela oportunidade de visitação. A própria criação do refúgio ocorreu por meio de um amplo apoio popular, pelo fato das pessoas quererem conhecer o arquipélago. Isso mostra o impacto positivo direto que o estímulo para a visitação em Unidades de Conservação traz para conservação da natureza, proporcionando uma conexão direta entre a natureza e o bem-estar humano, aumentando o conhecimento e a sensibilidade sobre os ecossistemas em que vivemos e até mesmo a nossa própria história. Alcatrazes é um exemplo para todo mundo sobre a importância de promover essas conexões”, diz Anna Carolina Lobo, gerente dos programas Mata Atlântica e Marinho do WWF-Brasil.

Cuidados e preservação

No primeiro dia de visitação 13 embarcações, 50 mergulhadores mais as equipes de apoio zarparam cedo para celebrar essa importante data. No caminho, uma surpresa, um grupo de golfinhos-pintado (Stenella frontalis), espécie ameaçada de extinção acompanhou o barco do ICMBio por alguns metros. 

- Publicidade -

O trabalho para regularizar o turismo no arquipélago começou há mais de dez anos com conversas com a Marinha Brasileira para a mudança de local para os exercícios de tiro. Entre a década de 1980 até o fim de 2013 a área era utilizada exclusivamente pela Marinha, portanto a área era fechada para a população. Em 2016, foi criado o Refúgio da Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, que reconheceu a área como Unidade de Conservação Federal.

Alcatrazes é um local único, por ser de difícil acesso e ter ficado fechado por muitos anos, o local está muito bem preservado. “Como o arquipélago nunca foi explorado por agências de turismo, pudemos desenvolver e aplicar as melhores experiências nacionais e internacionais sobre visitação em Unidades de Conservação marinhas, visando uma melhor experiência para os turistas e para o ecossistema local”, diz Kelen.

Entre as práticas de preservação adotadas está a instalação de 14 poitas (pontos de amarração de barcos) ao redor da ilha. Assim, as embarcações não precisam lançar âncoras no fundo do mar, preservando ainda mais a vida e a integridade de corais, como o coral cérebro (Mussismilia hispida), que são de um tipo raro.

- Publicidade -

Leandro Faria, 45, é empreendedor e pratica mergulho há 20 anos. “O que torna Alcatrazes especial é o nível de preservação do fundo do mar. Os corais estão intactos e a vida marinha é impressionante. É uma excelente opção de mergulho de qualidade em local especial muito perto de São Paulo. Já precisei viajar para muito mais longe para encontrar cenários semelhantes”. O mergulhador relatou ter avistado tartarugas marinhas, moreias, raias e diversas espécies de peixes.

Diego Igawa Martinz, 31, é biólogo do SOS Mata Atlântica, e ajudou a implementar o sistema de monitoramento de qualidade de Alcatrazes. “Entre os indicadores de qualidade do arquipélago estão a taxa de quebra, branqueamento e morte de corais, comportamento e quantidade de peixes e presença de tartarugas marinhas. Assim vamos conseguir oferecer um turismo diferenciado e sustentável e estimular a presença cada vez maior de pessoas em unidades de conservação, elemento fundamental para a sensibilização para a preservação do meio ambiente”.

Durante um ano e meio, Sérgio Dias, 45, empresário e mergulhador, participou dos cursos de capacitação promovidos pelo ICMBio para se formar condutor de mergulho na unidade. “É diferente dos outros pontos de mergulho em São Paulo. Não encontramos sinais de ancoragem na região, o que mostra a natureza intocada da área. Me sinto muito orgulhoso e feliz por fazer parte da história desse local”.

Visitação

A visita até o local só poderá ser realizada com empresas cadastradas e autorizadas pelo ICMBio, que junto com a Marinha, são responsáveis pela gestão do arquipélago. Por enquanto, embarcações particulares continuam proibidas.

A visitação é operada de quarta a domingo, das 8h às 16h, pelas empresas:

* Colonial Diver

[email protected] – telefone – 12 3894-9459 / 12 97407-6663

*Oceano Sub Atividades Subaquáticas

[email protected]  telefone – 11 4256-1617 / 11 94909-3335

*Universo Marinho
[email protected] 12 3862-2212 / 12 97404-5039

E quando for para Alcatrazes, não se esqueça de levar seu copo. Plásticos descartáveis são proibidos, caso eles caiam no mar podem ser confundidos pelas tartarugas marinhas e outras espécies como se fossem alimentos. A poluição por plásticos é uma grande ameaça à biodiversidade marinha.

As informações são da WWF e do ICMBio