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Museu das Culturas Indígenas exibe manto sagrado Tupinambá

O manto que está no Museu Nacional da Dinamarca há mais de três séculos será devolvido em janeiro de 2024

Published 15/09/2023
manto sagrado Tupinambá

Fotos: Perola Dutra

O MCI – Museu das Culturas Indígenas, localizado na capital paulista, está exibindo um manto sagrado confeccionado por Glicéria Tupinambá na comunidade da Terra Indígena de Olivença, na Bahia. A indumentária integra o Projeto Manto em Movimento, ação de ativação para recepção do manto que será devolvido pelo Museu Nacional da Dinamarca para o Brasil em janeiro de 2024.

O MCI é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.

No MCI, o manto de Glicéria Tupinambá foi recepcionado por representantes do Conselho Indígena Aty Mirim — composto por indígenas de diversas etnias e territórios do estado de São Paulo. Seus integrantes acolheram o ente sagrado para seu fortalecimento, já que a indumentária tem grande valor espiritual e ritual, considerada um parente divino vinculado ao mundo dos Encantados e à cosmologia Tupinambá, responsável pela conexão com as plantas, os animais, o passado e o presente.

Museu das Culturas Indígenas. Foto: Maurício Burim/MCI

A técnica ancestral para confecção se dá pela conexão Tupinambá entre o mundo material e imaterial — da feitura da agulha, do ponto do jereré à comunicação com os pássaros e à reconexão com as matas. O objeto é confeccionado com fibra de algodão, tucum, embebidas no mel, revestidas de penas de pássaro, como o guará e a arara.

Inspiração

A confecção dos mantos de Glicéria Tupinambá — artista, ativista, professora e intelectual, natural da aldeia da Serra do Padeiro — tem início em 2001, quando dois anciãos do seu povo, Aloísio e Nivalda, reencontraram um dos mantos presente na coleção do Museu da Dinamarca.

Inspirada pela reconexão entre os artefatos, Glicéria confeccionou três mantos com o apoio da comunidade e a orientação dos mais velhos, com o intuito de reencontrar aqueles levados para a Europa.

O reencontro proposto pelos mantos de Glicéria não trata de uma retomada material. Seu trabalho está conectado ao direito à memória e à ancestralidade, que permite exercer o direito de reaprender e reviver uma tradição, relembrando seu modo de feitura e dos rituais que a indumentária representa.

Mantos na Europa

O manto Tupinambá que está no Museu Nacional da Dinamarca há mais de três séculos será devolvido para o Museu Nacional do Rio de Janeiro em janeiro de 2024. A indumentária é feita de penas vermelhas de guará costuradas em uma malha e mede cerca de 1,80 metros. O retorno do manto para o Brasil contou com a articulação do embaixador brasileiro na Dinamarca, Rodrigo de Azeredo Santos, do Museu Nacional e da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, localizada na ainda não demarcada Terra Indígena Tupinambá Olivença, na Bahia.

Há registros de 11 mantos Tupinambás em museus europeus. Os artefatos produzidos nos séculos 16 e 17 foram trocados em negociações diplomáticas ou simplesmente saqueados durante a colonização. No Brasil, fisicamente, não restou nenhum.

Projeto Manto em Movimento: exposição

Período: de 12 a 17 de setembro de 2023

Horários: de terça a domingo, das 9h às 18h, e às quintas até às 20h

Ingressos: disponíveis no site

Museu das Culturas Indígenas

Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca – São Paulo/SP

Funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 18h; às quintas-feiras até às 20h; fechado às segundas-feiras (exceto feriados)

Telefone: (11) 3873-1541

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