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Evento debate justiça climática e grandes poluidores na Amazônia

Cinturão cultural vai lançar Glossário Ilustrado da Justiça Climática e promover palestras, cultura, agroecologia e produtos da floresta

Published 23/06/2023
santarém pará

Evento vai acontecer em Santarém, no Pará. Foto: AD Produções | Portal da Cidade de Santarém

Em um discurso bastante aplaudido em Paris, durante o festival “Power Our Planet”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre justiça climática e foi bastante aplaudido. Lula reforçou a necessidade do financiamento por parte dos países ricos para países em desenvolvimento que abrigam florestas e áreas com ecossistemas preservados. Segundo o presidente brasileiro, os países ricos têm uma “dívida histórica” com o planeta e devem contribuir para a proteção de florestas, como a Amazônia, essenciais para combater as mudanças climáticas e garantir o nosso futuro.

“Não foi o povo africano que polui o mundo, não é o povo latino-americano que polui o mundo. Na verdade, quem poluiu o planeta nestes últimos 200 anos foram aqueles que fizeram a revolução industrial e, por isso, têm que pagar a dívida histórica que têm com o planeta Terra”, afirmou Lula.

Presidente Lula discursa no evento “Power Our Planet”, em Paris. Foto: Ricardo Stuckert | PR

E é justamente sobre justiça climática e proteção à Amazônia que vai tratar um outro evento, desta vez no Brasil, em Santarém, a terceira maior cidade do Pará. O IV Cinturão Cultural do Tapajós – Territórios e Resistência vai reunir lideranças indígenas e movimentos amazônicos locais e regionais, juristas de povos atingidos por grandes projetos de exploração mineral na América Latina, pesquisadores, jornalistas, artistas, produtores de alimentos e bioprodutos medicinais da floresta. O evento vai acontecer no dia 29 de junho, no Theatro Victória.

A programação promove reflexão sobre o que está por trás de empreendimentos e projetos de expansão da exploração mineral na Amazônia em plena crise climática. Na ocasião será lançado e distribuído o Glossário Ilustrado da Justiça Climática.

“O Glossário Ilustrado da Justiça Climática possibilita uma compreensão de forma simplificada sobre as falsas soluções propagadas pelo Norte Global ao Combate às Mudanças Climáticas que são discutidas nos encontros internacionais sobre o Clima. Um exemplo dessas falsas soluções é o Crédito de Carbono que nada mais é do que uma forma de compensação, ou seja, uma empresa destrói um território no Peru, mas está preservando uma área florestal na Amazônia, como se a emissão do dióxido de carbono estivesse sendo neutralizada”, explica a liderança indígena Vandria Borari, da Associação Kuximawara de Alter do Chão, reforçando que  efetivamente é o povo indígena que preserva a floresta há milhares de anos sem falsas soluções.

Foto: Greenpeace Brasil from Brasil, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

O encontro vai promover uma série de debates e palestras. A Plataforma Latinoamericana de Justiça Climática traz Nathalie Rengifo, da campanha da América Latina Que Os Grandes Poluidores Paguem, e Jayro Salazar, advogado de Povos Atingidos por Petroleiras no Equador. “O sistema de exploração que se impõe em nossos territórios tenta fazer acreditar que não é possível um mundo em harmonia com a natureza, um mundo onde os povos possam viver com dignidade, mas isso é mentira. As resistências territoriais continuam sendo construídas na solidariedade e união entre nações, povos, coletivos e movimentos. Este encontro é uma amostra disso”, afirma Nathalie Rengifo.

Em dois anos, o Brasil será sede da Conferência Climática, a COP 30. Para Jackson Fernando Rego Matos, pesquisador da UFOPA, “esses eventos são importantes, pois colaboram para articulação e socialização de temas que serão discutidos na COP 30, em 2025, em Belém. Assim, precisamos estar articulados e fortalecidos para que o povo local, suas populações e comunidades tradicionais, estejam suficientes e organizados para serem protagonistas da própria história. Com o tema Território e Resistência, este dia será fundamental para se ouvir e dialogar sobre os problemas e soluções da Amazônia a partir da própria sociedade civil de base”.

Divisa entre o Território Indígena do Xingu e o entorno mostra o contraste entre a floresta e a plantação. Foto: Manoela Meyer | ISA

Cultura e resistência

A cultura também vai estar presente com show das Karuana, Seresta da Calçada (Gongaza Blantez e convidados) e um animado arraial junino. O objetivo é promover o resgate e uso cultural do centro antigo de Santarém, na praça que guarda até hoje sítio arqueológico tapajônico do período pré-colonial.

Outra atração importante é a feira agroecológica e de produtos da floresta, onde vai ser possível conhecer de perto o trabalho de produtores locais que combinam a preservação da floresta com geração de renda e desenvolvimento sustentável.

O Cinturão Cultural do Tapajós é uma parceria do Instituto Sebastião Tapajós com o Nierac/MPPA (Núcleo da Promoção Étnico Racial do Ministério Público do Estado do Pará), com o Projeto Luz e Ação da Amazônia da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará), com o Instituto Cabana do Tapajós, Plataforma Latino-americana pela Justiça Climática e as Karuana.

IV Cinturão Cultural do Tapajós

Imagem: Divulgação

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Para mais informações, envie um e-mail para reinaldo@envolverde.com.br ou uma mensagem para +55 11 99976-1610.

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