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Em 11 dias, comunidades quilombolas tem 6 mortes por Covid-19

CONAQ denuncia a falta de efetividade de ações preventivas do poder público nos quilombos

quilombo coronavírus

Os dados de alastramento da Covid-19 no Brasil são alarmantes. Porém, o alastramento da doença em territórios quilombolas não recebe a mesma atenção do poder público e revela uma situação potencialmente drástica.

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Dados da transmissão da doença em territórios quilombolas são sub-notificados, pois muitas secretarias municipais deixam de informar quando a transmissão da doença e morte ocorre entre pessoas quilombolas. 

De acordo com monitoramento autônomo desenvolvido pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) junto dos territórios, entre os dias 16 e 17 de abril, havia diagnósticos em cinco estados: 29 casos pendentes de diagnóstico, 7 casos confirmados e 2 óbitos, esses últimos nos estados do Amapá e Pernambuco.

No dia 22 de abril, já eram 6 óbitos. Os dados revelam uma alta taxa de letalidade da COVID-19 entre os povos quilombolas e uma grande sub-notificação de casos. Situações de dificuldades no acesso a exames e denegação de exames a pessoas com sintomas têm sido relatadas pelas pessoas das comunidades.

Desigualdade latente

A desigualdade do enfrentamento ao Coronavírus, que já se mostra evidente nas periferias urbanas, terá um impacto arrasador nas comunidades negras rurais, se a doença mantiver este ritmo de alastramento e letalidade. Até o momento, têm ocorrido um óbito a cada dois dias pela COVID-19 entre quilombolas, aproximadamente.

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A CONAQ tem chamado atenção para fatores estruturais alarmantes sobre as consequências do alastramento da pandemia nos territórios quilombolas. 

“Devido à falência estrutural de sucessivos governos e dinâmicas de racismo institucional, as comunidades não contam com um sistema de saúde estruturado, ao contrário, os relatos da maior parte das comunidades é de frágil assistência e da necessidade de peregrinação até centros de saúde melhor estruturados. As condições de acesso à água em muitos territórios é motivo de preocupação, pois também dificulta as condições de higiene necessárias para evitar a propagação do vírus. Essa situação tende a ser agravar exponencialmente com as consequências sociais e econômicas da crise da  Covid-19 na vida das famílias quilombolas”, ressalta a coordenação. 

Acesso a auxilio emergencial

Outra dificuldade relatada neste momento em diferentes comunidades é o acesso à renda básica emergencial, especialmente no que toca à acessibilidade dos procedimentos de cadastramento via aplicativo e falta de ações dos governos estaduais e municipais no sentido de atender demandas emergenciais dos quilombos.

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“É  perceptível a paralisia dos governantes que assistem ao caos nos quilombos e acabam por reforçar discursos vazios do governo federal que até o momento não fez chegar amparos emergenciais e medidas de proteção mais efetivas aos quilombos em todo Brasil”, comunica a CONAQ. “Diante das mortes já registradas e da gravidade do cenário, a CONAQ exige que o governo e a sociedade brasileira se posicionem e tomem medidas em defesa da vida das famílias quilombolas. Não cairemos na invisibilidade e não aceitaremos o esquecimento. Vidas quilombolas importam!”.

Família quilombola no Rio de Janeiro.
Foto: Ana Carolina A. Fernandes

Com informações da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas –  CONAQ