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Hotel em São Roque inaugura complexo aquático ecológico

Projeto tem área total de 4,2 mil metros quadrados com piscinas, toboáguas, cachoeiras e aquecimento por biomassa.

Published 18/07/2022

Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação

O Hotel Villa Rossa fica a 40 minutos de São Paulo, em meio a 350 mil m2 de Mata Atlântica, na cidade de São Roque. O empreendimento comemora 30 anos de existência com o lançamento de um novo Complexo Aquático. O projeto reúne características sustentáveis, fazendo jus ao hotel, que, há anos, adota estratégias ecológicas.

Construído em uma área total de 4,2 mil m2, sendo 800 m2 de piscina, com toboágua, cachoeira, duchas, percurso, iluminação noturna, o complexo é um projeto assinado pelo Atelier O´Reilly, referência no Brasil no desenvolvimento de projetos de urbanismo e arquiteturas sustentáveis.

Um dos grandes destaques é o uso da tecnologia da biomassa para aquecimento do 1,5 milhão de litros de água. Como o gasto energético representa uma das maiores demandas dentro do setor hoteleiro, optou-se pelo uso da madeira para aquecer a água e reduzir o impacto ambiental.

Também chama atenção como o espaço faz mimese da natureza ao criar piscinas com formas orgânicas, que dão ideia de movimento e dos elementos orgânicos encontrados em ambientes naturais. Além disso, há a ideia de proporcionar estímulos sensoriais por meio da água e isso é feito com o uso de texturas, curvas, jatos, temperaturas e quedas d’água.

O paisagismo foi inspirado na Mata Atlântica, utilizando espécies nativas da região. O uso de pedras e cascatas nessa composição foi fundamental para alcançar a ambientação tropical nativa.

Com o intuito de atender todos os públicos, há piscinas pouco profundas para as crianças se divertirem em segurança e uma praça molhada para interações com “gêiseres” saindo do chão. Elementos que também ajudam a criar a sensação de movimento das águas que se assemelha à natureza.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

 

Uma grande piscina com cascata e um patamar para descanso integra o setor adulto, juntamente com uma jacuzzi. O complexo é composto ainda por uma arquibancada composta por três níveis – de onde é possível ter uma visão ampla do parque e um maior entendimento da composição orgânica de suas formas.

Fotos: Hotel Villa Rossa | Divulgação

Arquitetura sustentável

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

À frente dos projetos arquitetônicos do Hotel Villa Rossa e do novo Complexo Aquático está a arquiteta e urbanista Patrícia O´Reilly. Ela, que se considera antes de tudo uma “ativista da sustentabilidade”, coleciona prêmios nacionais e internacionais nesta área. É dela, por exemplo, o premiado Mirante do Gavião Amazon Lodge, na Amazônia. A execução do projeto deste hotel é fruto de pesquisas e soluções encontradas junto à comunidade ribeirinha local.

Projeto do Instituto Favela da Paz Imagem: Atelier O’R

Também leva sua assinatura o projeto da nova sede do Instituto Favela da Paz, no Jardim Ângela, em São Paulo, que já foi exposto, inclusive, na Bienal de Arquitetura de Veneza. O projeto foi reconhecido como um dos oito projetos mais sustentáveis do mundo pela COP 26 e segue em fase de captação de recursos.

Foto: Giuliano Orlando | Divulgação

Busca por natureza e diversão

O novo complexo de piscinas se une às atividades de lazer já disponíveis no Hotel Villa Rossa. Tais como: piscina coberta, campos de futebol, quadras de tênis, academia ao ar livre, parede de escalada, spa, entre tantas outras.

A procura do hotel por eventos corporativos sempre foi muito forte, o que justifica o espaço contar ainda com um centro de convenções com 14 salas e anfiteatro. Marcio Diogo, gestor de serviços, há três anos e meio trabalhando no Villa Rossa, explica que antes da pandemia, durante a semana, quase 90% dos visitantes eram “de negócio”, enquanto os hóspedes “de lazer” chegavam ao local aos fins de semana e feriados. Com a pandemia isso mudou. Foi um longo período em que eventos foram totalmente proibidos, em contrapartida houve aumento da procura de hóspedes em busca de lazer – sobretudo em uma área tão próxima de São Paulo e ao mesmo tempo tão envolta por áreas verdes naturais.

Lago com pedalinho. Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação
Foto: Giuliano Orlando | Divulgação

Localizado a 1.100 metros de altitude, o hotel é cercado pelo Parque Natural Mata da Camara: um remanescente da Mata Atlântica que integra a reserva da biosfera do cinturão verde de São Paulo. Ao caminhar pelas alamedas dentro do hotel é possível apreciar o entorno da vegetação e, se der sorte, encontrar espécies da fauna ou até mesmo colher uma fruta do pé. Um pomar com frutas diversas atrai passarinhos e macaquinhos. Atividades como pedalinho, tirolesa e caiaque também estão entre as opções de lazer para aproveitar a natureza.

Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação

Villa Verde

Implementar iniciativas sustentáveis dentro do ramo hoteleiro é hoje uma premissa de qualquer negócio ciente de seu impacto no planeta. Entretanto, antes que conceitos como “turismo sustentável” e “viajantes conscientes” se tornassem comuns, o Hotel Villa Rossa já dava seus primeiros passos em busca de minimizar sua pegada ambiental. O projeto Villa Verde é exemplo disso – um programa de reflorestamento, de várias frentes.

Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação

O Villa Verde é composto por um viveiro com mudas de espécies, sobretudo, da Mata Atlântica, que são desenvolvidas, etiquetadas e distribuídas aos hóspedes. “Nós que semeamos, cuidamos e depois mandamos para o apartamento”, explica a engenheira agrônoma Ana Paula Fernandes.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

Trabalhando há 13 anos no hotel, Ana Paula explica que o viveiro era da ONG SOS Mata Atlântica, que só produzia mudas nativas do bioma. O hotel assumiu a continuidade do projeto criando o Villa Verde. Hoje, além das mudas, o espaço funciona como um “pronto-socorro das plantas”. A agrônoma e sua equipe são responsáveis por recuperar espécies de plantas, do próprio hotel, que necessitam de cuidados especiais.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

O hóspede, que visita o espaço, pode se deparar com a frase “Me Leva” colada na planta: são espécies disponíveis para adoção. O visitante encontra um explicativo sobre como plantar e, se quiser, pode levar a espécie para casa.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

Há plantas ornamentais não nativas e, no local, também são refeitas mudas de flor, temperos, chás, entre outras espécies comestíveis. “Já tive foto de hóspede que pegou uma mudinha e [a árvore] já está enorme”. O programa de incentivo ao plantio é uma forma de conscientizar os visitantes.

Foto: Giuliano Orlando | Divulgação

Horta e compostagem

Ao lado do viveiro é cultivada uma horta totalmente livre de agrotóxicos. Ali é possível encontrar hortaliças, ervas e PANCs. O que é colhido é destinado aos hóspedes e funcionários. Cada folha que chega na mesa do buffet é apresentada com a orgulhosa identificação: “produto da nossa horta”.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

“Na nossa horta não usamos nada de defensivo agrícola ou adubo químico, conseguimos atingir um resultado bom porque usamos compostagem”, diz Ana Paula. A gestão faz a compra de um caminhão de composto em que 20m3 custa cerca de quatro mil reais, cuja recompensa é ter jardins e horta bem nutridos e sem veneno.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

No momento, a equipe está testando uma máquina compacta capaz de produzir 20kg de composto orgânico, a cada 8 horas, utilizando os resíduos do próprio hotel. Há diversos processos necessários para conseguir produzir o suficiente para o abastecimento, entre eles o treinamento da equipe da cozinha e o próprio volume de resíduos precisa ser maior. Ajustados os empecilhos, a solução pode ser um investimento com ótimo retorno.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo
Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

Quanto aos resíduos secos, todo o material reciclável é separado e vendido a uma empresa de reciclagem. O dinheiro arrecadado é destinado a projetos voltados aos funcionários. É uma iniciativa conduzida pelo RH, que gera renda e ainda mais valor aos resíduos, afinal mostra que o que se considera “lixo” são bens preciosos e aproveitáveis na indústria. É uma iniciativa exemplar em um país que, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), deixa de ganhar R$ 14 bilhões por ano com o descarte incorreto de resíduos sólidos.

Outras práticas sustentáveis

Em qualquer rede hoteleira, o consumo energético e de água estão entre os maiores custos de manutenção. No caso do Hotel Villa Rossa, para amenizar o gasto de água, é captada água da chuva. O sistema consiste basicamente em conduzir a água que cai do telhado para um lago – onde passará por uma estação de tratamento. A água sai pronta para ser utilizada em todo o hotel. A irrigação do jardim, por exemplo, é realizada com água pluvial.

Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação

Lucas Silveira, Engenheiro Civil e responsável pela manutenção no hotel, explica que a Estação de Tratamento de Água (ETA) passará por uma reforma e, em breve, terá a capacidade de produzir até 400m³ de água tratada diariamente, trabalhando durante 20h por dia.

Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

Também todos os efluentes da hospedagem são conduzidos e tratados por uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), cuja possibilidade de tratamento é de até 90m³ por dia de esgoto.

Outro exemplo de como o projeto do hotel busca aproveitar ao máximo a água que circula no empreendimento é que o pavimento das áreas externas foi implantado apenas nos locais necessários, priorizando a grande cobertura de jardins e gramados, que facilitam a infiltração no solo. Isso ajuda a criar um microclima agradável nas dependências da hospedagem.

Pet-friendly. Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação

Além disso, parte do pavimento é de piso intertravado, uma técnica em que um pequeno espaço entre peças de concreto permite que a água escoe e seja absorvida pela terra mais facilmente.

Bancos e lixeiras fabricados com madeira plástica. Foto: Giuliano Orlando | CicloVivo

Há também o uso de biomassa para aquecer todo o empreendimento, ainda que parte da energia ainda seja suprida pelo uso de gás para manter o conforto térmico dentro do apartamento. Usando dois equipamentos, a hospedagem tem a capacidade de gerar 2.400.000kcal por hora para aquecer todas as águas.

O hotel ainda oferece ao hóspede a possibilidade de não trocar toalhas e roupa de cama diariamente, gerando uma economia que não afeta o conforto. O cartão de acesso aos quartos funciona como uma chave geral, de forma que quando o hóspede sai do cômodo e o retira, a lâmpada e os outros aparelhos são desligados automaticamente.

Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação

A gestão eficiente dos gastos e redução de desperdícios traz diversos benefícios, como contribuir com a economia de custos e ainda atrair viajantes cada vez mais atentos às questões ambientais. Uma pesquisa recente da iStock revelou que para 4 em cada 10 viajantes o turismo sustentável é mais importante agora do que antes da pandemia.

Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação

Após um longo período de confinamento, os viajantes têm buscado por experiências em ambientes naturais e com acomodações ecologicamente corretas.

Por fim, outro projeto interessante surgiu justamente por demanda dos hóspedes. É a estação de recarga de carros elétricos, que garante o abastecimento de quem chega ao hotel com um automóvel movido à eletricidade. Segundo Marcio Diogo, tem sido bem comum o uso do espaço.

Foto: Hotel Villa Rossa | Divulgação
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